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Questões que afligem mulheres ganham espaço na Bienal de São Paulo

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Com a obra Útero, a artista boliviana María Galindo discute a liberdade feminina em relação ao aborto. Foto: Rodrigo Tucci

A 31ª Bienal de São Paulo, que fica em cartaz no Parque Ibirapuera, região da Vila Mariana, até o dia 07 de dezembro, vem trazendo diversidade à capital paulista. Uma delas é a exposição do projeto do grupo anarcofeminista Mujeres Creando, que nasceu na Bolívia.

A obra Útero traz a ideia de que as mulheres possuem poder sobre seu corpo, ou seja, têm liberdade para usá-lo. O aborto é o principal tema da exposição. A boliviana María Galindo, criadora do projeto, vem tentando incentivar as mulheres a posicionarem-se criticamente em relação a essa proposta.

Para o Portal de Jornalismo, a artista falou sobre sua vinda ao Brasil, sobre suas expectativas em relação à Bienal e como se sente expondo seu trabalho em um evento como este. “Questiono o lugar dos artistas e creio que a sua linguagem é ligada com uma luta política de muitos anos”, diz. Na entrevista a seguir, entenda mais sobre o assunto.

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Obra que discute possibilidade de aborto vem de La Paz. Foto: Rodrigo Tucci

Portal de Jornalismo: No que vocês se basearam para criar Útero?

María Galindo: Em uma luta! E na necessidade de uma luta que está silenciada, que está tampada; na necessidade de interpelar o poder. Porque, hoje em dia, na América Latina, nós mulheres sabemos o que queremos. Esse poder que está negado. Com essa consciência que existe, nós não estamos despertando a consciência das mulheres sobre sua soberania. Estamos interpelando o poder sobre sua idiotice.

PJ: Qual a expectativa para o evento, ou seja, expor na Bienal?

MG: Para abrir uma grande discussão, para ser uma discussão maior, mais forte, para ser uma interpelação mais inquietante. Estamos utilizando a plataforma que tem na Bienal, uma plataforma internacional, para que isso seja dito para todos os governos na América Latina que mandam penalizar o aborto.

PJ: Como vocês, do grupo Mujeres Creando, sentem-se estando aqui?

MG: Eu sempre tenho um sentimento muito contraditório. Por um lado, estamos aqui com uma proposta bem clara, bem definida: não queremos buscar reputação, não me reconheço como artista, me reconheço como agitadora guerreira. Questiono o lugar dos artistas e creio que a sua linguagem é ligada com uma luta política de muitos anos. Eu parto de um lugar diferente, creio que o artista não é um sujeito político da criatividade, creio que o sujeito político da criatividade são os movimentos sociais, o que é muito diferente. Às vezes, tenho uma sensação de que a Bienal dá um renascimento do nosso trabalho por fora do mundo da arte. Ao mesmo tempo, sinto uma sensação crítica, sou muito crítica dos hospícios, da forma de como se usa a generalização de um público.

Entenda mais sobre o assunto no site oficial do projeto.

Thayane Matos e Marina Bianchi (2° semestre)

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