Bonecas hiper-realistas conhecidas como bebês reborn têm ganhado destaque nas redes sociais nas últimas semanas. Produzidas artesanalmente com materiais como vinil, silicone ou tecido, essas bonecas impressionam pelo nível de detalhamento e realismo, despertando tanto curiosidade quanto estranhamento entre os internautas.
O fenômeno vai além da aparência: muitos donos compartilham nas redes sociais rotinas completas com seus reborns, assumindo o papel de “mães reborn”. A prática, que envolve cuidados semelhantes aos dispensados a bebês reais, tem gerado debates e levado o tema aos holofotes.
Apesar da recente popularidade, a origem dos bebês reborn remonta à década de 1990, nos Estados Unidos. Inicialmente, essas bonecas eram utilizadas em treinamentos médicos e de primeiros socorros. Com o tempo, artistas passaram a modificá-las com técnicas de pintura e escultura para criar peças únicas e realistas — processo conhecido como reborning [1].
A artista plástica e colecionadora Li Mota defende o reconhecimento da arte reborn como forma legítima de expressão artística e geração de renda. “Gostaríamos que a arte reborn fosse vista e reconhecida como o que realmente é: um tipo de artesanato que transforma, que gera renda, que promove bem-estar para quem a pratica — seja por profissão ou por hobby”, afirma.
As bonecas são majoritariamente produzidas por artesãs independentes, com preços que variam entre R$ 550 e R$ 8.500, dependendo do nível de realismo e dos materiais utilizados. “Comecei com o reborn como um hobby, mas logo minhas amigas começaram a pedir bonecas. Foi assim que, de forma natural, iniciei as vendas”, conta Li Mota.
Além do aspecto artístico, os bebês reborn também têm sido utilizados com fins terapêuticos. A psicóloga Edvany Lima, especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental, explica que as bonecas podem auxiliar no estabelecimento de vínculos em crianças e adultos, especialmente em casos de demência ou Alzheimer. “O uso deve ser transicional e não ter como finalidade substituir a presença humana”, alerta.
Segundo Edvany, é comum observar o uso de bonecos e pelúcias em instituições de acolhimento e cuidados com idosos ou pessoas com transtornos psiquiátricos graves. “Eles têm função clara de amparo emocional e aconchego. Os bebês reborn chamam a atenção por suas características realistas”, completa.
Foto: Divulgação Li Mota