“Textão de Facebook não pode ser jornalismo”, diz Mariana Godoy

O jornalismo não é fácil, diz Mariana Godoy

Na tarde de terça-feira, 5 de abril, a jornalista Mariana Godoy, 46 anos, falou desde o início de sua carreira, aos 16 anos, até seu atual cargo como apresentadora da Rede TV, e discutiu sobre as adaptações do jornalismo contemporâneo, em palestra organizada  para a semana do jornalismo pelo Centro Acadêmico 4 de Dezembro da ESPM-SP.

Mariana contou que escolheu jornalismo porque escrevia muito bem e gostava de tudo um pouco, sempre foi determinada e decidida, começou sua carreira muito nova como redatora em uma agência de publicidade no interior paulista, Jundiaí, trabalhou 20 anos na Globo, passando pelo Jornal Hoje, SPTV e GloboNews.

“Jornalismo não é fácil, não deve ser fácil e, se for fácil, está errado”, afirmou a jornalista, ressaltando que todo início de carreira é difícil e que sabe que os alunos estão preocupados com o mercado, mas na verdade o mercado é que está preocupado com eles.

Mariana ressaltou em diversos momentos da palestra que jornalismo para ela é reportagem, é ir as ruas, olhar, apurar, reportar e transmitir, considera o jornalismo investigativo o verdadeiro jornalismo. “Jornalista para mim é ser repórter, e repórter vai, olha, apura e transmite, o contrário de tudo isso não é jornalismo. Jornalista não precisa saber tudo, mas tem que falar com quem sabe, Wikipédia não é fonte, textão de facebook não pode ser jornalismo, apresentar jornal não é função jornalística”, afirmou.

“O mercado de trabalho não tem a proteção que vocês têm em casa, jornalista é órfão, não tem pai nem mãe, como os heróis da Marvel”, disse, afirmando também que dentro dessa profissão os jornalistas devem demostrar imparcialidade, procurar boas referências e pessoas criteriosas.

A jornalista garantiu estar atualmente muito feliz, trabalhando em seu programa Mariana Godoy Entrevista, na Rede TV, pois tem mais autonomia e a vantagem de ser ao vivo. Finalizou falando que acha que o jornalismo nunca vai acabar, interagiu com a plateia, respondeu perguntas, contou gafes e tirou fotos.

Jornalista para mim é ser repórter, afirma Mariana Godoy

Entrevista

Por que você decidiu mudar para o formato talk show depois de trabalhar por tantos anos em jornalismo?

Porque eu estava morando no Rio de Janeiro longe do meu marido, meu filho estava mudando de estado, a família estava dividida, então decidi voltar para São Paulo. Esse não era o projeto da Globo para mim, então eu encontrei na Rede TV uma oportunidade de mudar, e foi muito bacana mudar aos 45 anos, porque eu achei que era importante também ter um novo desafio.

Qual a principal diferença entre o Mariana Godoy Entrevista e o trabalho na Globo News?

Na verdade, tudo! O talk show é outra coisa, não é apenas entretenimento, a gente tem outra pegada (sic) de jornalismo. O talk show é totalmente informal, a gente pode levantar da cadeira, dançar, reagir ao convidado, com surpresa, com risada… Na Globo News era uma apresentação de um jornal muito bacana que é o Jornal das Dez, um dos melhores do país, entre os melhores do país, mas era um formato mais rígido. Na Rede TV tenho total liberdade, inclusive o programa não tem um formato único, eu posso fazer do jeito que eu quiser.

No Talk Show qual foi o convidado que mais te marcou?

Olha, o Eike Batista foi um convidado muito interessante, porque ele me deu uma entrevista exclusiva que repercutiu em todos os portais e em todos os principais jornais… foi um trabalho meu de cultivar a fonte, de ir atrás, de convencer, e isso foi muito bacana. Marcou bastante também o Ciro Gomes, por ser tão claro, objetivo e contundente em suas declarações, e a partir dessas declarações no meu programa que todo mundo foi atrás dele e foi no Mariana Godoy que ele disse: “Temer é o capitão do golpe, Temer é um homem do Cunha e não o contrário”, essas aspas mais fortes levaram todo mundo a ir atrás dele, depois ele repetiu, mas ele disse primeiro no meu programa. Outras pessoas foram marcantes também, como a Bibi Ferreira, Ney Matogrosso, Oscar, Erasmo Carlos, Fernando Henrique Cardoso…. tenho um especial carinho por todos.

Quando você entrevista, existe alguma restrição em relação ao conteúdo das perguntas?

Eu até pergunto para os meus entrevistados: algum assunto que seja mais delicado, que você queira evitar? Nenhum deles fez, até hoje, nenhuma restrição.

E restrições por parte da emissora?

Por parte da emissora?  Imagina! Não, claro que não, total liberdade, olha a minha cara de feliz! (risos)

Com Thales Silveira