Pelo Mundo ESPM – Glauber Rocha
Gabi Schiavo – 1º semestre
Gabriella Figueiredo – 1º semestre
Antônio Molina – 3º semestre
Glauber Pedro de Andrade Rocha nasceu dia 14 de março de 1939 em Vitória da Conquista, Bahia. Filho de Adamastor Bráulio Silva Rocha e de Lúcia Mendes de Andrade Rocha. Foi criado na religião da mãe, protestante, membro da Igreja Presbiteriana, por ação de missionários norte-americanos da Missão Brasil Central.
Iniciou seus estudos em sua terra natal no colégio do padre Palmeira. Em 1947 se mudou com a família para Salvador, ingressando no Colégio 02 de Julho, instituição presbiteriana. Nessa época, participou de um grupo de teatro, no qual escrevia roteiros e atuava.
Em 1952, perdeu uma irmã, Ana Marcelina, morta com apenas 11 anos em decorrência de uma leucemia, o que causou grande impacto em toda a família. Mas logo ganhou uma outra irmã, Ana Lúcia Mendes Rocha, a irmã mais nova de Glauber, que viria a ser sua confidente pelo resto de sua vida. Ana Lúcia era filha de seu pai com uma cigana, que morreu durante o parto.
No ano de 1959, ingressou na Faculdade de Direito da Bahia, onde participou do movimento estudantil e de um grupo de cineastas amadores.
Nessa mesma época, se inicia a carreira de Glauber, que conhece o cineasta Luiz Paulino dos Santos, e tem seu primeiro contato com o curta-metragem, Um dia na Rampa. Ainda em 1959, dirigiu seu primeiro curta e documentário, O Pátio, e logo depois em 1960, dirigiu Cruz na Praça.
Pouco tempo depois, em 61, Glauber decide abandonar o curso de Direito para se dedicar ao início de sua breve carreira dentro do jornalismo, atuando como crítico de cinema. Paralelamente a isto, se casou com uma ex-colega de faculdade, Helena Ignez. Ainda no mesmo ano, dirigiu seu primeiro longa-metragem, Barravento, produzido por Braga Netto e Rex Schindler, que foi premiado na Tchecoslováquia.
Visto pela ditadura militar, imposta em 64, como um elemento subversivo, Glauber queria e lutava por uma arte engajada ao pensamento, além de pregar uma nova estética, uma revisão que tecia críticas à realidade. Sempre controvertido, escreveu e pensou cinema.
No mesmo ano da tomada dos militares ao poder, Glauber foi reconhecido internacionalmente com o filme Deus e o Diabo na Terra do Sol, considerado um marco do Cinema Novo. O enredo mostra, em uma estética inovadora, as visões e alucinações provocadas pela situação vivida pelo povo no sertão brasileiro.
O filme recebeu o prêmio do Festival de Cinema Livre, da cidade de Porretta, na Itália. Foi indicado também à Palma de Ouro, do Festival de Cannes de 1964. Além disso, foi escolhido para representar o Brasil no Oscar de Melhor Filme Internacional de 1965, porém não foi selecionado.
Deus e o Diabo na Terra do Sol (1963), Terra em Transe (1967) e O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro (1969] são três filmes paradigmáticos, nos quais uma crítica social feroz se alia a uma forma de filmar, que pretendia cortar radicalmente com o estilo importado dos Estados Unidos. Essa pretensão era compartilhada pelos outros cineastas do Cinema Novo, corrente artística nacional liderada, principalmente, por Rocha e grandemente influenciada pelo movimento francês Nouvelle Vague e pelo Neorrealismo italiano.
Em 1971, com a radicalização do regime, Glauber partiu para o exílio, de onde nunca retornou totalmente. Em 1977, viveu seu maior trauma: a morte da irmã, a atriz Anecy Rocha, que, aos 34 anos, caiu em um fosso de elevador.
Em 2014, documentos revelados pela Comissão da Verdade indicaram que o governo militar pretendia matar Glauber Rocha, que se encontrava exilado em Portugal. O relatório foi produzido pela Aeronáutica, e descreve Glauber como um dos líderes da esquerda brasileira. A monitoração de Glauber era feita através de entrevistas que ele concedia a publicações europeias, criticando o governo militar e a repressão promovida por ele, considerando seus depoimentos um “violento ataque ao país”.
Glauber faleceu vítima de septicemia, ou como foi declarado no atestado de óbito, de choque bacteriano, provocado por broncopneumonia que o atacava havia mais de um mês, na Clínica Bambina, no Rio de Janeiro, depois de ter sido transferido de um hospital de Lisboa, capital de Portugal, onde permaneceu 18 dias internado. Residia havia meses em Sintra, cidade de veraneio portuguesa, e se preparava para rodar Império de Napoleão, a partir do argumento escrito, em colaboração, com Manuel Carvalheiro, quando começou a passar mal.