Bordões saídos de programas sensacionalistas viram moda
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> Experimente passar uma tarde assistindo a TV aberta e conte quantos programas não exploram a fórmula sangue, sexo e crime. Tirando as poucas emissoras que optam por cultos ou filmes para ocupar sua grade, programas de caráter sensacionalista são as grandes apostas do horário.
A fórmula de vender uma informação sem conteúdo é velha. Desde a Roma Antiga, anúncios informavam a população analfabeta. Se você tentasse ler os primeiros jornais da França e dos EUA, o Gazzete de France e o Publick Occurences, o jeito de abordar catástrofes e crimes chocantes não seria muito distinto do atual.
O Brasil não seguiria um caminho diferente. O estabelecimento da imprensa nacional ganhou informações em tom espalhafatoso. Escândalos e bizarrices repercutiam e estimulavam a leitura. O jornal Notícias Populares se tornou referência ao usar a ambiguidade e o duplo sentido. Ele caiu no gosto das classes mais baixas da sociedade. Com a popularização do televisor, o segredo para atrair cada vez mais audiência estava ali.
Hoje, se levarmos ao pé da letra o significado de sensacionalismo, não há um veículo midiático que não o utilize. A única diferença é a intensidade com que o assunto é abordado.
“A casa caiu”, “põe na tela” e “o sistema é bruto” são alguns exemplos de quanto a linguagem sensacionalista está presente no dia a dia. As frases, retiradas de programas que dizem fazer jornalismo policial, refletem sua popularidade. “Brasil Urgente”, “Balanço Geral” e “Cidade Alerta”, além de lançar bordões, alcançam as maiores audiências nas suas emissoras. Os apresentadores dizem mostrar um “Brasil sem cortes e rodeios”, o que torna a performance em si mais importante do que o próprio conteúdo.
Entre desfiles de lingerie e propagandas de programas de dieta, a apresentadora Luciana Gimenez, do “SuperPop”, da Rede TV, promove discussões polêmicas. Não muito diferente no SBT, o “Casos de Família”, comandado por Cristina Rocha, busca resolver problemas familiares, mas resulta em um grande barraco. O sucesso dos reality shows é a prova que o formato se reinventa, inserindo novos atrativos a esse circo de escândalos e horrores.