Outubro Rosa: a luta por dar visibilidade ao enfrentamento do câncer de mama

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O Projeto SobreAvida, fundado por Miriam Rafael Ferreira, intensifica ações durante o mês dedicado à campanha internacional – Foto: Instagram Projeto SobreAvida

Alice Centi (2º semestre)

Outubro Rosa é uma campanha internacional de conscientização sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama e do câncer de colo do útero – este último incorporado mais recentemente à mobilização.

No Brasil, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima que, até o fim de 2022, serão registrados 66.280 casos novos da doença, o que representa uma taxa ajustada de incidência de 43,74 casos por 100 mil mulheres.

Além do INCA, outros institutos, empresas e projetos aproveitam o mês de outubro para dar mais visibilidade ao tema. O Projeto SobreAvida, criado em São Lourenço (MG), é uma dessas instituições. Idealizado por Miriam Rafael Ferreira, paciente curada de câncer de mama há 11 anos, tem como proposta ajudar mulheres a enfrentar o tratamento. “Sim, nós tivemos câncer de mama. E agora somos 56 mulheres que hoje se sentem mais fortes e mais vivas!”, diz a descrição do projeto no Instagram.

Ferreira está à frente do SobreAvida há três anos. Em entrevista ao Portal de Jornalismo ESPM, ela contou que o apoio oferecido a mulheres com câncer ultrapassa a cidade onde o projeto está sediado e já atinge várias partes do país.

Portal de Jornalismo ESPM – Qual o objetivo do Projeto SobreAvida?
Miriam Rafael Ferreira – O objetivo era mostrar para as pessoas literalmente a nossa cara, através da mostra fotográfica que a gente faz, para que elas nos reconhecessem na rua, no dia a dia, e vissem: “Ah, poxa, aquela ali teve câncer de mama e ela está vivendo”. Que as pessoas entendessem de uma maneira muito simples que o câncer não é uma sentença de morte. Porque quando se tem um diagnóstico de câncer, automaticamente se lembra das pessoas que morreram, da tia que morreu, da amiga, da conhecida e da vizinha, mas você não sabe quem está vivo, porque quem está vivo não anda com uma legenda na testa.

PJE – Qual a diferença entre prevenção e diagnóstico precoce?
MRF – O exame de toque, os exames de ultrassonografia e a mamografia são diagnóstico precoce, que salva vidas. 95% dos cânceres de mama pegos no início têm cura. A prevenção é diferente: é o que você faz do seu estilo de vida, da sua alimentação, atividade física, diminuição de carga de estresse, não fumar e não beber em excesso. São coisas diferentes que as pessoas ainda têm muita confusão em relação a isso.

PJE – Como é a atuação do projeto durante o Outubro Rosa?
MRF – A gente usa o Outubro Rosa para chamar a atenção de todas as maneiras para a nossa causa, mas a gente trabalha incansavelmente o ano todo. No Outubro Rosa, a gente faz movimentos, caminhadas e outras coisas, como pedal e muitos eventos. A gente vai chamando a atenção e vai tentando colocar mais leveza na situação para que as pessoas consigam vencer os medos que elas têm, muitas vezes, de ir a um ginecologista, de fazer um exame, de se tocar.

O câncer de mama é um dos tipos mais comuns entre as mulheres, ficando atrás apenas do câncer de pele não melanoma; projetos coletivos ajudam no enfrentamento – Foto: Instagram Projeto SobreAvida

PJE – E como é a atuação do projeto fora do Outubro Rosa?
MRF – Durante o ano todo, o projeto atua doando lenços, turbantes e a almofada do coração, que é uma almofada ergonômica projetada por fisioterapeutas e que ajuda demais no pós-cirúrgico do câncer de mama, drenando o braço, tirando o peso do ombro e dando uma sensação de preenchimento para quem tirou um pedaço da mama. A gente envia almofadas, turbantes e lenços para o Brasil todo hoje em dia. Estados do Nordeste, do Centro-Oeste e do Sul têm entrado em contato conosco através do nosso Instagram, e aí a gente vai mandando via correio. Fora isso, a gente faz uma campanha grande, que é a Campanha da Caixa Rosa, em que a gente arrecada lenços, bijuterias, esmaltes, maquiagens. Passando outubro, a gente monta os kits da autoestima e manda junto com essas doações. Além disso, a gente também tem um outro trabalho, que para mim é o mais bonito de todos, que é o trabalho que ninguém vê, que é quando uma mulher tem um diagnóstico de câncer, ela entra em contato conosco e a gente se oferece para ouvir, conversar e abraçar nesse momento tão difícil. E hoje, graças a Deus, a gente consegue fazer também a doação de perucas na nossa região, graças à população que ajuda demais a gente.

#ParaTodosVerem: A primeira fotografia, colorida, mostra Miriam Rafael Ferreira sentada e sorrindo. Ela é uma mulher branca, com cabelos castanhos e olhos verdes. Veste uma blusa branca com a logomarca do Projeto SobreAvida e um blazer rosa. No fundo, desfocado, há uma mesa posta para o café, com xícaras rosas, bule branco e flores rosas. A segunda fotografia, também colorida, mostra 42 mulheres com as mãos pintadas de rosa, uma ao lado da outra, formando um coração com a união das mãos.