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Edição 04 - Manifestações Plural

Sem liderança clara e com pauta difusa, manifestantes tomam as ruas

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Manifestante black bloc pendura máscara de Guy Fawkes, associada ao Anonymous, na nuca | foto catharina obeid

Manifestante black bloc pendura máscara de Guy Fawkes, associada ao Anonymous, na nuca
| foto catharina obeid

»»»No dia 6 de junho de 2013, uma quinta-feira nada convencional em São Paulo, começou a onda de protestos que viria a tomar conta do país. O chamado Primeiro Ato originou-se a partir da iniciativa do Movimento Passe Livre (MPL), que se levantou contra o aumento do preço das passagens dos transportes públicos na capital paulista. Ao contrário do que a maioria esperava, jovens da cidade inteira  deslogaram seus Facebooks, largaram seus computadores e se reuniram na região central da cidade, onde tomaram conta de vias como a 23 de Maio, a Nove de Julho e a Paulista, em pleno horário de pico.
“Nem o maior dos otimistas aguardaria que um dia mais de 100 mil pessoas saíssem às ruas. Mas saíram”, diz Fábio Dias, sóciologo e doutorando pela USP.
Até mesmo o grupo de hackers Anonymous, famoso por agir pela internet, derrubando sites de grandes organizações (privadas e governamentais), marcou presença, com seus integrantes utilizando a máscara de Guy Fawkes, símbolo adotado pelo grupo (leia mais sobre Fawkes à pág. 10).
A partir daí, os protestos tomaram proporção nacional. Agências bancárias destruídas. Pichações. Cabines policiais derrubadas. Cartazes com frases de efeito. Como reação, a polícia passou a agir de forma mais violenta. Para Dias, a mistura de grupos com diferentes ideais pode ter sido uma das causas . “As manifestações ganharam uma proporção que a esquerda não esperava.”
Com a escalada da violência, a tática Black Bloc começou a ganhar adeptos. Criada na Alemanha, nos anos 1980, ela reunia ativistas encapuzados e vestidos de preto para bater de frente com a polícia para que os manifestantes pudessem protestar livremente. Atualmente, eles se autointitulam anarquistas; entretanto, com uma característica peculiar: usam a tecnologia a seu favor e mobilizam-se em questão de segundos.
Durante esses acontecimentos, integrantes do coletivo Fora do Eixo (FdE), que há anos já iam às ruas gravar manifestos e organizar encontros para discussões políticas, resolveram focar nos protestos de junho e começaram a transmitir os conflitos entre manifestantes e policiais ao vivo, usando celulares conectados à internet. Era a estreia oficial da Mídia Ninja (Narrativas Independentes, Jornalismo e Ação).
Segundo os ativistas, qualquer um pode ser um ninja, basta ter um celular com câmera e internet e disposição de transmitir em tempo real o que está ocorrendo na sua frente. Mostrar o que a mídia convencional não mostra é o principal objetivo dos “ninjas”, que se declaram “midiativistas”, ou ativistas de mídia, e propõem uma cobertura parcial e engajada das manifestações – contrariando um dos princípios mais arraigados do jornalismo, a imparcialidade, e gerando discussão entre os profissionais da área.
Anarquistas e militantes de partidos políticos, playboys, patricinhas e jovens: as manifestações de junho levaram variados perfis de pessoas às ruas, com pautas às vezes muito diferentes, mas insatisfações comuns.
A Plural radiografou os principais movimentos envolvidos nos protestos deste ano. (Luiz Fernando Auricchio)
Fora do Eixo: sociedade alternativa

A sede da rede Fora do Eixo em São Paulo | foto catharina obeid

A sede da rede Fora do Eixo em São Paulo | foto catharina obeid

A rua Scuvero, na Liberdade (centro), possui antigas construções: casas, edifícios baixos e pequenos comércios. Em meio à via pouco movimentada, a residência que mais chama a atenção, não só por manter o portão entreaberto mas também pelos grafites em suas paredes, é a atual sede da rede Fora do Eixo-São Paulo.
Fomos atendidos logo ao tocar a campainha. Caminhando pela lateral da casa, salta aos olhos a quantidade de informação dispersa no ambiente. Avisos educativos, como sulfites que indicam a presença de bituqueiras feitas de garrafa pet e pedidos para manter o ambiente limpo, se perdem entre pôsteres que reforçam a ideologia do movimento. Desenhos que defendem o uso de maconha, símbolos ouroboros (a mítica serpente que morde a cauda), que simbolizam o tempo cíclico, e grafites de diferentes artistas povoam a área externa da casa.
O FdE nasceu em 2001 com a perspectiva de descentralizar as atenções dos eixos São Paulo e Rio de Janeiro no campo da cultura. “Focar na circulação e distribuição de produtos ligado à música e realização de festivais”, como explica o autodenominado “ninja” Rafael da Silva Vilela, 24 anos, designer.
A rede é uma espécie de sociedade paralela coletiva, na qual as roupas, assim como o único carro da garagem, são compartilhados por todos os 22 moradores da casa. O trabalho exercido alí não é remunerado, portanto as despesas da casa, como a alimentação, vêm de um caixa central, que tem como função reunir o lucro dos festivais e dos trabalhos realizados e, depois, o distribuir entre as seis casas regionais espalhadas pelo Brasil.
O aspecto financeiro do coletivo é um dos pontos que mais foram destacados pela mídia nos últimos meses. Acusações que giram em torno da moeda criada pelo coletivo, o Fora do Eixo Card, têm gerado questionamentos. Relatos de ex-integrantes e de artistas que já fizeram parte da rede apontam acúmulo de dívidas, sexismo e dificuldades para desligamento do processo.
Ex-participante do FdE, Bruno Kayapy, 27 anos, guitarrista da banda Macaco Bong, diz que a economia do Fora do Eixo é baseada em “atitudes marxistas em que o mérito da obra se torna do Estado, e não do autor”. Em outras palavras, o interesse maior do FdE seria a mobilização, e não a arte.
Gabriel Ruiz, 29 anos, jornalista e produtor musical do Fora do Eixo, reconhece que há problemas no processo. “Já avançamos bastante, mas ainda deixamos muito a desejar. Temos uma demanda muito grande de artistas e uma estrutura mediana”, analisa. “Se você mira o Fora do Eixo como céu, vai encontrar um inferno”, acrescenta Vilela.
Apesar de não receberem salário, os moradores da casa dizem continuar lá por “confiança” e “tesão”. Além disso, a lógica econômica de troca permanente os fascina. É simples de entender: se a sede paulista precisar de um baterista para determinado festival, e a sede de Belém tiver o baterista e precise, por exemplo, de um designer, ambas trocam os serviços. Se, nesse caso, o serviço do baterista custasse mais caro que o do designer, sobrariam Cards em Belém.
Assim, o capital circula na forma de troca de favores. “Isso é a economia solidária, você não precisa de dinheiro para fazer as coisas”, declara Vilela.
A rede diz combater o processo de apropriação da cultura feito por gravadoras e pela grande mídia. “Temos que entender que a gente vive uma crise de representatividade em todos os sistemas. Pode ser entendido que começa no sistema político, mas passa também pelo jornalismo e pela música. Você não quer mais que o jabá da rádio diga qual é a melhor música para você escutar ou, enfim, qualquer outro sistema que intermedeie a relação”, conta Vilela. “Esse é o princípio de tudo o que a gente faz.” (Catharina Obeid)
Mídia Ninja: imparcialidade em xeque

Redação da Mídia Ninja, que fica dentro da casa Fora do Eixo | foto catharina obeid

Redação da Mídia Ninja, que fica dentro da casa Fora do Eixo | foto catharina obeid

Vertente do Fora do Eixo, a Mídia Ninja (Narrativas Independentes, Jornalismo e Ação) é um grupo de mídia formado em 2011 como um tipo de ativismo sociopolítico. Na época, chegaram a cobrir a Marcha da Maconha e a Marcha da Liberdade. Em 2012, fizeram a cobertura da situação das aldeias Guarani-Kaiowá, do Mato Grosso do Sul. Mas os ninjas ficaram conhecidos nacionalmente durante as manifestações de 2013. “Nós já fazíamos a Mídia Ninja há um tempo, só demos o nome [agora]”, diz Rafael Vilela.
As transmissões ninja ocorrem em fluxo de vídeo em tempo real, pela internet, usando câmeras de celulares e uma unidade móvel que capta os sinais e pode estar montada em carrinhos de supermercados ou até em vans, sempre próximos à ação. A estrutura, assim como a do Fora do Eixo, é descentralizada e faz uso das redes sociais, especialmente o Facebook, na divulgação do material.
Apesar do sucesso alcançado, os ataques contra a nova mídia são crescentes. O jornalista Gabriel Tueg, que foi correspondente internacional de diversos veículos nacionais e internacionais em Israel, no período entre 2004 e 2011, avalia que algumas mídias autônomas são mais confiáveis do que grandes empresas, e isso causa medo, já que, com o avanço das novas tecnologias, pode-se alcançar um maior número de pessoas.
Segundo Tueg, a ameaça ficou evidente no programa “Roda Viva”, da TV Cultura, que foi ao ar no dia 5 de agosto deste ano e teve como entrevistados Bruno Torturra, fundador da Mídia Ninja, e Pablo Capilé, líder do Fora do Eixo. No programa, as perguntas feitas aos convidados giraram em torno da credibilidade das coberturas feitas pelos ninjas e da polêmica questão de isso ser ou não uma forma de jornalismo.
O ex-correspondente também opina sobre o ofício dos ninjas: “Se você vê o jornalismo pela formação, a Mídia Ninja não o exerce. Mas se pensar que o jornalismo vem criando vários formatos, com tecnologia e maior autonomia, o que eles fazem é sim jornalismo”. E acrescenta que a Mídia Ninja, apesar de acusar as mídias tradicionais de serem enviesadas, incorre no mesmo erro ao tomar partido e mostrar apenas um ponto de vista.
“Para ser um ninja é preciso ter confiança e tesão”, resume Rafael Vilela. Não é necessário morar na casa do Fora do Eixo. “Essas novas mídias só engrandecem o jornalismo e é importante renovar a maneira de o fazer”, finaliza Gabriel, para quem a Mídia Ninja é um modelo interessante que, se organizado, deve crescer. (Pedro Fonseca)
Movimento Passe Livre: pela tarifa zero
“R$3,20 não!”. Nos últimos meses, esse grito tem representado melhor o movimento autônomo, apartidário, federalista, horizontal e anticapitalista (como se define) que tem como slogan “Por uma vida sem catracas”. O Movimento Passe Livre (MPL), apesar de ter surgido há oito anos com o principal objetivo de implantar a tarifa zero no Brasil, só ganhou maior destaque na imprensa a partir das manifestações ocorridas no país em junho de 2013.
Batizado em 2005 em Porto Alegre, o movimento surgiu a partir da campanha pelo Passe Livre de Florianópolis, que já existia desde 2000. Além disso, em 2003, uma outra ação contribuiu significativamente para o desenvolvimento do MPL. Foi a chamada Revolta do Buzú, que tomou as ruas de Salvador a fim de anular o aumento das passagens de ônibus na capital baiana.
A ideia de uma cidade brasileira com um transporte público sem tarifa, porém, foi concebida antes de o movimento ser criado. “Surgiu o Movimento Passe Livre e depois fomos descobrir que era uma proposta que já tinha acontecido em São Paulo. Na gestão da prefeita da capital Luiza Erundina, na década de 1990, seu secretário de transporte pensou exatamente nisso: ‘Por que não fazemos um transporte público de verdade?’”, conta Marcelo Hotimsky, 19 anos, representante do MPL em São Paulo e estudante de filosofia na USP.
A atuação do movimento em São Paulo originou-se em 2005 e obteve maior repercussão a partir do dia 2 de junho de 2013 com o aumento da tarifa de R$ 3,00 para R$ 3,20. Isso serviu de motivação para os integrantes do MPL da cidade organizarem protestos contra o aumento da tarifa.
O movimento tomou imensas proporções e escapou ao controle da direção. Manifestações em outros 11 Estados, a invasão do Congresso Nacional em Brasília, confrontos violentos entre manifestantes e policiais, o envolvimento da mídia internacional e a ascensão de outros grupos (Black Blocs, Mídia Ninja, Anonymous, entre outros) logo se sucederam.
A relação entre esses outros grupos participantes das manifestações e o Movimento Passe Livre, no entanto, quase não existe. “Há condutas que são próximas às nossas, que a gente apoia”, assegura Hotimsky, ressaltando que não há, contudo, contato direto.
Já com a rede de coletivos Fora do Eixo há conflitos. “O Fora do Eixo é um grupo que a gente repudia. É uma empresa capitalista com trabalho semi escravo”, critica.
O MPL teve sua grande conquista histórica neste ano, quando o prefeito Fernando Haddad (PT) e o governador Geraldo Alckmin (PSDB) anunciaram, no dia 19 de junho, a revogação do aumento da tarifa, totalizando um período de 17 dias dos preços das passagens a R$3,20.
Após essa conquista, houve um grande crescimento do Movimento Passe Livre, tanto interno como externo. “Não só antigos militantes se reaproximaram, mas também houve um espaço midiático e de debate importante. Assim como aconteceu em Salvador em 2003, por conta das revoltas contra a tarifa, a sociedade começa a se questionar sobre a tarifa, sobre o transporte em si”, diz Hotimsky. Além disso, ele explica que muitas pessoas começaram a se integrar ao movimento, possibilitando a fundação de novos coletivos, como o do Rio de Janeiro.
Mas também houve reveses. No dia 29 de outubro de 2013, quase cinco meses após o início das manifestações em junho, a gestão de Haddad conseguiu aprovar o aumento do IPTU em São Paulo. Segundo Raphael Videira, professor doutor de economia das faculdades ESPM, PUC e Mackenzie, esse recente acontecimento é causado, em parte, pela revogação do aumento. “A prefeitura aumentou o IPTU pra gerar um aumento de receita pra financiar esse gasto com os onibus. Se a prefeitura não fizesse isso, ela ia ter um problema de dívida no curto prazo”, afirma o especialista.
Bombardeado de mensagens nas redes sociais culpando-o pela alta do IPTU, o MPL voltou às ruas. A meta é tarifa zero. “Acho muito esquisito quando falam em jornadas de junho como se fosse algo que tivesse passado. Estamos vendo manifestações rolando incessantemente desde lá”, conclui Hotimsky. (Lara de Oliveira Santos e Paula Lerrer)
Black Blocs: a violência como tática

Adeptos da tática Black Bloc desafiam a polícia | foto douglas clementino

Adeptos da tática Black Bloc desafiam a polícia
| foto douglas clementino

Encapuzados, vestidos de preto, todos contra o capitalismo. Conhecidos pelas ações quase sempre combativas ou “violentas”, os Black Blocs chamaram a atenção da mídia ao colocarem a sua estratégia em ação nos protestos que ganharam força em todo o país.
De acordo com uma das páginas do  movimento no Facebook, o Black Bloc não é um grupo organizado. Ele pode ser encarado  como um coletivo temporário de anarquistas  que fazem parte de um todo numa passeata ou em um protesto.
Para muitos, Black Bloc é sinônimo de violência e rebeldia. Para outros, porém, o comportamento agressivo é justificável. “Estão dizendo aí que os Black Blocs quebram tudo, o que é verdade. Quebram uma vidraça aqui e outra ali. Mas quem está quebrando o Brasil são os políticos corruptos’’, conta Piauí, frequentador da av. Paulista e que estava presente no protesto do dia 7 de setembro.
Segundo um integrante do movimento, um dos principais objetivos  é mostrar solidariedade contra a violência do que chamam de  “Estado Policial” e dirigir uma crítica do ponto de vista anarquista. Isso explica os diversos casos de confrontos diretos e violentos contra a polícia em São Paulo. “Se a polícia vem com violência, ela será rebatida da mesma forma”, acrescenta o integrante do movimento Jé Alves.
“Para entender o Black Bloc, é necessário entender os grandes debates que dividiram os anarquistas nos primórdios de sua formação”, afirma o pesquisador e especialista em anarquismo Felipe Corrêa.
O primeiro deles está ligado àqueles que acreditavam que os protestos deveriam ser extremamente organizados e calculados antes de serem colocados em prática. Conhecidos como organizacionistas, eles acreditavam que cada ação realizada pelo grupo trazia consequências positivas e negativas. Por esse motivo, tudo deveria ser pensado antes da ação.
O segundo debate está relacionados aos que tinham em mente algo oposto aos organizacionistas. Para eles, consistia na principal ferramenta de sua atuação, e a organização tornava a manifestação algo burocrático. “Eles achavam que a violência por si só poderia gerar movimentos revolucionários, que poderiam conduzir a massa às ruas”, explica Corrêa.
Tecnologias como internet, celulares, mensagens instantâneas, entre outras, deram novas características aos grupos anárquicos. Hoje, eventos e protestos podem ser organizados em questão de segundos. “Eles se organizam pelas redes, comunicam-se rapidamente pelo Facebook e Twitter . Qualquer pessoa pode tomar conhecimento do que que eles vão fazer”, observa Rosana Schwartz, socióloga, historiadora e professora da Universidade Presbiteriana Mackenzie. “Esse é um problema que eles têm, de uma certa forma. E estão sendo criticados violentamente pela mídia por não serem muito abertos, por não terem uma proposta teórica muito fundamentada. Com isso, vândalos, policiais e pessoas de todos os tipos podem se infiltrar e se intitular Black Blocs”, completa.
A falta de planejamento cuidadoso dos Black Blocs atuais não inviabiliza seu projeto, diz Schwartz. “As pessoas que se organizaram na Revolução Francesa, no movimento nudista e até mesmo nos movimentos dos sem terra, por exemplo, também eram consideradas integrantes de grupos sem uma linha definida”.
De acordo com a socióloga, essa característica faz parte da própria configuração desses movimentos. “Todo esse processo demanda um tempo para que eles amadureçam e se estruturem como movimentos consolidados”. (Giovanna Hueb e Douglas Clementino)
Anonymous: máscaras contra a opressão
Sem se reconhecer como um grupo, mas apenas como “uma ideia de mudança” ou um “desejo de renovação”, o Anonymous ganhou espaço nas últimas manifestações incitando, pela internet, a participação do povo nos protestos.
Sem lideranças claras e sem um perfil específico, a chamada “ legião”, como se denominam seus seguidores, oficialmente não existe – e nem pretende existir. “Nós viemos de todos os lugares da sociedade, somos estudantes, trabalhadores, funcionários, desempregados, somos jovens ou velhos, usamos roupas bonitas ou feias. Nós viemos de todas as raças, países ou etnias. Somos muitos. Podemos ser qualquer um e seremos a voz do povo oprimido que clama por justiça e liberdade. Nós somos os 99% da população que se levantam contra a tirania de 1%”, diz vídeo do canal Anonymous Brasil no YouTube.
O movimento adota a máscara de Guy Fawkes (leia mais à pág. 10) como símbolo. Dizem querer ser ouvidos, mas não reconhecidos. Não têm filiação partidária, orientação religiosa, posição no campo econômico; declaram-se apenas “pessoas informadas e inconformadas” com o que acontece no país.
A utopia dos Anonymous é a de “um mundo sem corrupção, em que a liberdade de expressão seja plena”. Eles agem por meio das redes sociais e de ataques a sites governamentais. Distribuem ainda mensagens por vídeo, via Youtube. Os vídeos são elaborados por mais de uma pessoa, mas por meio da edição da trilha sonora, voz e edição de cortes, o espectador tem a impressão de estar sempre diante do mesmo apresentador – conforme contou à Plural, em entrevista por email, um integrante do grupo que não quis se identificar.
Não existe uma central de conteúdo, o máximo que o Anonymous Brasil tem é uma equipe de vídeo que é acionada quando necessário. Dessa maneira, consegue atingir um número crescente de pessoas.
Para que o grupo atinja seus objetivos, é necessário manter o anonimato. Poucos integrantes se conhecem pessoalmente, pois não há a necessidade de se expor. “Anonymous não tem uma infraestrutura centralizada, nós usamos as instalações existentes da internet, especialmente as redes sociais, e estamos prontos para pular para a próxima se a mesma parecer comprometida”, anunciam, em vídeo próprio. Segundo um integrante do grupo que não quis se identificar, sem o anonimato o Anonymous seria facilmente desarticulado pelas autoridades e perderia a sua força. (Beatriz Ramires e Carolina Carvalho)

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