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“Sejam apenas jornalistas, o meio ambiente deve estar nas suas vidas”

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Maria Zulmira de Souza, que palestrou no VI Congresso de Jornalismo Ambiental no Sesc Vila Mariana. (Foto: Edson Capoano)

Maria Zulmira de Souza, que palestrou no VI Congresso de Jornalismo Ambiental no Sesc Vila Mariana. (Foto: Edson Capoano)

Maria Zulmira Souza é conhecida como “Zuzu” pelos amigos e para o mundo do jornalismo ambiental, onde é referência nacional e internacional. Idealizadora do Repórter ECO da TV Cultura de São Paulo, primeiro e mais importante programa ambiental da TV brasileira, ela também se aventura na direção e criação de conteúdos para a TV Brasil, Editora Abril e à Bossa Nova Filmes. Atualmente, Zuzu tem uma produtora de soluções soluções sustentáveis, a Planetária, e atua em projetos como conselheira em iniciativas como a Virada Sustentável, Corredor Ecológico do Vale do Paraíba e Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola  (IMAFLORA).

Em entrevista para o Portal de Jornalismo da ESPM-SP, ela refletiu sobre o VI Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental no qual foi convidada a falar no debate “Crise de abastecimento de água e energia – a pauta da urgência”, ontem (22), no Sesc Vila Mariana. Além disso, deu dicas para os futuros jornalistas que querem cobrir a pauta ambiental.

Urgência

“A palestra de manhã começou com a questão da água e energia como pauta de urgência. A discussão foi toda em mostrar que o jornalismo ambiental sempre quis estar nas manchetes. Então, o sonho era esse, conseguimos. Estamos competindo com manchetes de corrupção, mas o que realmente fez a crise da água chegar na manchete?

Esse foi um ponto muito interessante. A questão de você estar na grande mídia não significa que você consiga mudar alguma coisa. No caso da água, pelo contrário, a gente tem tido problemas muito grandes e estruturais. A política, simplesmente, durante esses mais de 20 anos que vem se discutindo a questão da água, teve uma desconsideração total, tanto do que teve publicado pela imprensa, quanto dos estudos. Aqui em São Paulo, mais de uma dezena dos estados brasileiros estão com rios sem água.

Todos os estudos que nós temos e todas as informações disponíveis não foram suficientes para fazer com que os governos, que são responsáveis por esses recursos naturais, pela manutenção dos recursos naturais, pelo abastecimento de água, tomassem as medidas necessárias.

Seguimos com a questão das grandes obras tanto no setor de água quanto no de energia, para resolver os problemas. Isso significa que, tirando as iniciativas localizadas, clima, meio ambiente e água estão todos conectados, mas o assunto não “entrou” realmente nas grandes obras do Brasil.

A cobertura ambiental

Isso significa que em vários casos estamos passando por um período de transição e nesses períodos se têm iniciativas fantásticas, como a geração de energia solar, convivendo com situações completamente catastróficas, como é o caso da Usina de Belo Monte, que é um projeto de 1975 e que está sendo construído hoje, enquanto você tem lugares que já estão com 100% de energia solar.

Em transições como essa da energia, a primeira visão que há é pessimista. Esse é um ponto importante da questão da cobertura. Como você faz para que esses assuntos cheguem nas pessoas? Já está provado que na grande imprensa tem que buscar estratégias para que essas questões apareçam para as pessoas de uma forma essencial para elas, como se fossem estratégias para sobrevivência.

Isso passa pelo entendimento do momento em que a gente vive, por um momento para a gente pensar realmente fora da caixa, para pensar outros caminhos que não sejam tradicionais para chegar nas pessoas, onde necessariamente, você conheça seu público, onde você saiba as pessoas que precisam da informação.

A gente tem 35 milhões de analfabetos no Brasil, isso é maior que muitos países do mundo e essas pessoas se quer sabem o significado de sustentabilidade. Como é que você vai incluir essas pessoas no Brasil para falar desses assuntos? Acho que, temos que pensar muito fora da caixa, considerando que a gente está em uma transição e, se a gente realmente quer transformar, precisamos considerar todos os públicos porque, cada público pode ser atingido de um jeito. Então, não existe uma solução mágica, existe uma solução para cada caso, onde temos que pensar quais são os públicos, o que eles entendem. Não adianta você querer produzir um jornalismo fantástico, se as pessoas não vão conseguir chegar nem no primeiro degrau da informação. Tem espaço para tudo, os veículos estão mudando e a gente vai passar por uma fase de transição conturbada para definir o que é isso, mas a mensagem está ai e tem que ser passada.

 

COP 21

As cidades são agentes de transformação. É no local que as coisas acontecem. Os impasses ambientais são globais, mas onde as coisas acontecem é no local, perto do cidadão, na rua, na casa, no bairro, na bacia hidrográfica.

A questão das cidades é uma tendência cada vez maior. A da produção de alimentos de qualidade é uma questão importantíssima para se pensar, porque se tem a maior parte das notícias vindo de como nos alimentamos. Se você se preocupa com o que você come, o que você coloca para dentro, você se preocupa com as coisas que estão acontecendo ao seu redor. Então pela boca é uma grande forma de educar as pessoas de todas as formas, do que entra e do que sai.

A questão da mobilidade que também se inclui na questão das cidades. Água e clima são os grandes guarda chuvas temáticos. Teremos Paris (a 21ª Conferência do Clima – COP 21 – em dezembro de 2015) no final do ano e a gente não sabe o que vai acontecer depois dessa conferência. Mas o aquecimento global já passou de dois graus em vários lugares. Isso vai ter um impacto muito grande na agricultura, muda a produção de alimentos, porque quando se pensa em um grau ou dois graus, não parece tanto, mas quando você pensa nisso, na escala, de como você esta aquecendo o espaço inteiro, dois graus para a produção de café, dois graus para a produção de verdura, isso influência muito. Além da saúde das pessoas que hoje tem que resistir à um verão de 44º graus.

Outra coisa que vai acontecer é pensar mais na Educação. Para você produzir uma grande manchete é preciso ter pessoas educadas para entender e digerir as informações que você produz. A Educação não é uma tendência muito clara de ser debatida na COP, mas há uma tendência de se construir caminhos para que as pessoas tenham o acesso a informação que se produz e consigam digeri-la.

 

Dicas a jornalistas ambientais

Só sejam jornalistas, que o ambiente esteja dentro de vocês. Em tudo que forem fazer, considerem a questão ambiental como  um norte, sabendo que tudo tem um impacto. Que tudo que você consome todas as ações que se tem, que tudo que se produz, seja das editorias de Economia, de Esporte, tudo passa por uma questão ambiental. Em última análise, considerem que praticamente tudo passa pela questão ambiental. Acho que, quando a gente fala de jornalismo ambiental, segmentamos e geramos preconceito, mas quando se toma o ambiente como sua formação básica, isso muda tudo.

A outra coisa é que por mais que vocês sejam apaixonados pelas redes sociais. Leiam e aprendam a contar histórias. Não existe nada melhor do que contar uma boa história para chamar a atenção das pessoas. Elas ainda continuam gostando de saber da vida das outras pessoas, apesar de usarem um telefone para saber isso. Acho que a leitura é um ponto central, para saber escrever, falar, tomar conhecimento de um mundo. Vão falar com as pessoas. Não fiquem mandando só e-mails ou procurando no Facebook. Encontrem pessoas reais porque as melhores histórias são aquelas que não estão na apresentação de Power Point. Do jeito que as coisas vão, vai ser vintage ter a oportunidade de encontrar alguém presencialmente.

Confira a galeria de fotos do diálogo sobre “Segurança Alimentar” clicando aqui.

(Mariana Yole, 2o semestre, e Edson Capoano, editor do VM)

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