Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental discute os rumos da COP

Abertura do 6º Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental (Foto: Agência de Jornalismo)

Pela 21ª vez, o mundo voltará a sua atenção à COP que debaterá, entre os principais temas, mecanismos de compensação pela poluição e propostas de redução da emissão de carbono.  Mas “cada país promete coisas diferentes, com datas diferentes e metodologias diferentes”, segundo o jornalista Ricardo García, do diário português Público, em debate do 6º Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental, que ocorreu esta semana, do dia 20 ao 22 de outubro no SESC Vila Mariana, em São Paulo.

A grama do vizinho costuma ser mais verde, mas não por muito tempo. De acordo com Ricardo Garcia, cada nação monta a sua proposta com diferentes bases metodológicas. Nessa diversidade de posições mas com a intenção de aliar os interesses do avanço econômico ao desenvolvimento sustentável, mais de 190 países se reunirão na 21ª Conferência do Clima (COP) em Paris entre os dias 30 de novembro e 11 de dezembro, junto à ONU.

Poluidor pagador

Algumas posições a serem levadas à COP 21 defendem a ampliação da prática do “poluidor pagador”. Como forma de compensação à alta contaminação atmosférica, países desenvolvidos defendem o REED+ (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação). A proposta é manter um mercado de carbono, no qual um país que polui além dos acordos globais pode “comprar” a baixa emissão de outro Uma espécie de transferência de responsabilidade comprada.

Esse compromisso é estipulado pelo mecanismo INDC (Contribuições Intencionais Nacionalmente Determinadas – sigla em inglês). Ou seja, propostas feitas pelos próprios países que estipulam o quanto, como e quando pretendem reduzir as suas emissões de carbono.

Proposta Brasileira

Em sua proposta de contribuições, o Brasil prometeu reduzir em 37% a sua emissão de carbono até 2025 e 43% até 2030 em relação a 2005. Já a China, segundo estimativas ocidentais, aumentará sua produção de poluentes atmosféricos mais até 2030, quando só então se propõe a diminuir entre 60 e 65% a sua emissão de carbono também em relação 2005.

Para Raquel Rosenberg, co-fundadora do Engajamundo, que estimula a participação da juventude em processos de tomada de decisão a nível internacional, é preciso analisar as promessas brasileiras com cautela. “Prometer reduzir 37% até 2025 na verdade não significa nada”, afirmou durante o VI Congresso de Jornalismo Ambiental.

Mesmo afirmando que a proposta de redução do Brasil poderia ter sido maior, Raquel parabeniza algumas metas do País, como as propostas a longo prazo. A “descarbonização em 2100” é uma das propostas citadas e que, segundo ela, poucos países a têm. “A gente viu como positiva a meta do Brasil, porque comparado a outros países a meta do Brasil é ambiciosa”, diz a ativista.

Até o momento, 154 dos mais de 190 países participantes da COP já apresentaram as suas propostas de mudança à Conferência do Clima. Eles são responsáveis por 90% de toda emissão de carbono mundial e, mesmo com as propostas apresentadas, para Garcia, ainda não é suficiente.

“A saída do vermelho é o verde”

Engana-se quem pensa que sustentabilidade e desenvolvimento econômico não podem andar juntos. “A saída do vermelho é o verde”, afirma Carlos Rittl, secretário-executivo do Observatório do Clima, durante o Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental.

Atento à questão energética, Rittl cita que há 15 anos a Alemanha tinha a mesma infraestrutura de energia solar que o Brasil tem hoje, mas que, com o investimento certo, atualmente são mais de dois milhões de prédios equipados e gerando energia limpa.

Essa também é a opinião de Raquel, do Engajamundo. “A gente vê a agenda climática como uma oportunidade econômica e não como uma coisa antagônica ao crescimento”, explica.

Agenda da restauração

Para o mundo da comunicação, a agenda da restauração é uma prática que incentiva boas ações e encara de forma positiva desafios ambientais. Rachel Biderman, diretora do World Resources Institute no Brasil, afirma que uma disseminação desenfreada de más notícias das questões climáticas, ao invés de mobilizar as pessoas pela causa, as imobiliza.

Para Biderman, o mais importante é que, encarando a questão ambiental de forma positiva, é possível unir o meio ambiente ao desenvolvimento econômico. “Gera emprego e esperança”, conclui.

(Fernando Turri, 4^o semestre)