Desde o dia 23 de agosto, a qualidade do ar no estado de São Paulo se agravou significativamente, devido à intensa poluição resultante das queimadas que devastaram diversas regiões do interior. A fumaça desses incêndios impacta a capital paulista, exacerbando problemas de saúde pública e elevando a temperatura do ambiente.
Segundo dados da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), a qualidade do ar atingiu o nível ‘’muito ruim’’ em alguns municípios do estado, como Ribeirão Preto e Americana. Na capital, a qualidade é considerada entre “ruim” e “moderada”. Além disso, a umidade relativa do ar atingiu níveis críticos em diversos pontos do estado. Estas condições mantém o alerta para cuidados com a saúde. Segundo a IQAir, empresa que monitora a qualidade do ar das principais metrópoles mundiais, o ar de São Paulo foi considerado o pior do mundo nos dois últimos dias, até o fechamento desta matéria.
Fumaça e Saúde
As queimadas emanam uma mistura de poluentes tóxicos que podem permanecer no ar por semanas. A fumaça é composta por micropartículas de SO2, CO e O3, que representam um sério risco à saúde pública. Em entrevista para o Portal de Jornalismo, o pneumologista Homero Rodrigues dos Passos explicou: “As queimadas, intencionais ou não, expõem o ambiente a altos níveis de poluentes, como monóxido de carbono, pequenas partículas moleculares, produtos químicos tóxicos que pioram a qualidade do ar. Esses poluentes não ficam somente no ambiente rural. Devido ao transporte aéreo pelo vento, as áreas residenciais e urbanas próximas são afetadas pelos poluentes das queimadas, afetando as pessoas que moram nessas regiões.”
Rodrigues dos Passos alertou ainda sobre os efeitos a curto e longo prazo da exposição à fumaça: “Os produtos dessas queimadas podem causar diversos efeitos negativos às pessoas afetadas: sabemos que quem tem doença respiratória, como asma ou enfisema, pode ter piora aguda do seu quadro; aumenta o risco de infarto e acidente vascular encefálico e descompensação de quadro cardíaco. Essas partículas moleculares pequenas entram nas nossas vias aéreas, causam inflamação local e sistêmica, dando tosse, falta de ar, dificuldade para se concentrar. A longo prazo, cada vez temos mais evidências científicas que a exposição crônica pode causar doença pulmonar, cardíaca, cerebral, renal, afetando outros órgãos além dos respiratórios.”
Dicas e Prevenções
O fogo também causa agravamento da situação climática, ampliando os períodos de seca e de altas temperaturas. O governo de São Paulo emitiu uma série de orientações para a população das áreas afetadas. A recomendação é que as pessoas evitem se expor à fumaça, utilizem máscaras de proteção, como PFF2/N95, e mantenham portas e janelas fechadas para evitar a entrada em ambientes internos.
Homero também recomendou medidas preventivas: “Cuidar do meio ambiente é essencial para diminuir a incidência das queimadas. Os grupos que requerem mais atenção são crianças menores que cinco anos, idosos, pessoas já com doenças cardiovasculares e respiratórias”. O médico ressalta as recomendações do Ministério da Saúde sobre aumentar a ingestão de água e líquidos para manter o sistema respiratório úmido e protegido, com ar condicionado, filtro de ar para reduzir exposição e utilizar umidificador de ar.
Crise Geral
São Paulo enfrenta uma crise ambiental e humanitária devido a uma série de queimadas que atingiram diversas regiões do interior paulista nas últimas semanas. Os incêndios florestais deixaram pelo menos 70 pessoas feridas e resultaram em três mortes, conforme divulgado pela Defesa Civil estadual. Cerca de 48 municípios ainda permanecem em alerta máximo devido ao risco de novos eventos e da poluição que chega até a capital paulista. As autoridades acreditam que as queimadas tenham sido provocadas por ação humana. Até o momento, 15 pessoas foram presas sob suspeita de iniciar incêndios em vegetações no interior do estado.