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Prédio do antigo DOI-CODI, na rua Tutóia, pode ser tombado

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História

Sede do extinto Destacamento de Operações, onde hoje funciona uma delegacia. Foto: Yago Oriani

Passado que não pode ser esquecido. O prédio do antigo DOI-CODI (Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operação de Defesa Interna) está em processo de avaliação de tombamento. Situado na rua Tutóia, na Vila Mariana, a construção sediou um órgão governamental para a investigação e aprisionamento dos cidadãos que agiam contra o governo na época da ditadura militar brasileira, que teve vigência de 1964 até 1985.

Segundo dados do site Folha.com, o processo de tombamento foi aberto em 2010 a pedido de Ronaldo Bianchi, ex-vice-presidente da TV Cultura. A solicitação contou com apoio de Ivan Seixas, que em 1971 foi preso pelo governo militar e hoje é presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe), e de Ivo Herzog, fundador do Instituto Vladimir Herzog, entidade que leva o nome de seu pai. O pedido está sendo avaliado pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico).

Hoje, no prédio que abrigava o DOI-CODI funciona a 36ª Departamento de Polícia. Com a arquitetura totalmente diferente do que era na época da ditadura, o que justifica o processo de tombamento é a história a que o prédio remete.

Manifestantes picham no muro palavras de ordem contra a ditadura brasileira. Foto: divulgação

A história continua

Apesar de tranquila, a rua Tutóia, situada na zona sul de São Paulo, foi endereço de um dos locais mais violentos e sombrios da ditadura militar. De acordo com informações disponíveis no site Folha.com, documentos do extinto DOPS (Departamento de Ordem Política e Social) revelam que o DOI-CODI foi responsável por 50 mortes e pelo aprisionamento de cerca de 6.700 pessoas. “Era um patrulhamento da vida do cidadão, um limite concreto à construção da democracia”, enfatiza o professor de Sociologia e Antropologia da ESPM, Pedro Jaime Coelho, referindo-se ao que foi o regime militar brasileiro.

A atual presidente Dilma Roussef e um dos símbolos da luta pela democratização do Brasil na época, o jornalista Vladimir Herzog, são destaque entre os aprisionados no DOI-CODI. Mas o embate contra a tirania ditatorial não ficou somente no passado. Proposta em 2010, a Comissão Nacional da Verdade entrou em vigor em maio deste ano com intuito de investigar violações das leis e dos direitos humanos entre 1946 e 1988 no Brasil.

A Comissão tem o objetivo de trazer à tona, principalmente, as ocorrências da ditadura brasileira. O DOI-CODI, certamente, terá papel importante nesse processo. “Olhar para o passado é sempre importante. Seja ele de orgulho ou sombrio, deve ser rememorado para que se evitem erros”, diz o professor Coelho.

Yago Oriani (2º semestre)

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