Pesquisas eleitorais são tema da primeira mesa do 6º Seminário Internacional de Jornalismo
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Pesquisador e jornalista discutiram a circulação de pesquisas de intenção de voto e seus usos pela imprensa – Foto: Isabella Zuppo
Alice Centi (2º semestre) e Isabella Zuppo (1º semestre)
A mesa “Relatórios de dados sobre pesquisas políticas durante as eleições” abriu as atividades do 6º Seminário Internacional de Jornalismo, na manhã desta quinta-feira, dia 22 de setembro. Realizado pelo curso de Jornalismo da ESPM, em parceria com a Escola de Jornalismo da Universidade de Columbia, o evento contou, nesse primeiro momento, com mediação da professora Elena Cabral e participação do professor Dhrumil Mehta – ambos de Columbia –, e da jornalista Patrícia Campos Mello, da Folha de S.Paulo.
Mehta, que falou diretamente de Nova York, iniciou o debate afirmando que “os dados de pesquisa não preveem o futuro”. O argumento defendido buscou mostrar a importância de o jornalismo abordar pesquisas amplas e precisas que possibilitem visualizar tendências. “A ideia é como nós usamos os dados que nós temos para dar aos leitores e aos telespectadores um panorama do que pode ser que aconteça, baseado no que os dados estão indicando”, disse.
Em seguida, Campos Mello comparou as eleições estadunidenses de 2020 e a corrida eleitoral brasileira deste ano. Em seu diagnóstico, as pesquisas eleitorais, em ambos os casos, têm sido afetadas dubiamente: de um lado, são organizadas campanhas contra elas, causando maior desinformação; de outro, há a circulação de pesquisas com menor credibilidade, com métodos mais questionáveis, e de enquetes na internet.
A jornalista também enfatizou outros problemas identificados no Brasil, como a falta de estimativas sobre abstenção – já que o voto é obrigatório no país – e a desatualização do censo demográfico. “Pesquisas que levam em conta o nível de renda estão se baseando na PNAD [Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios], que tem dados confiáveis, mas que pode dar uma pequena divergência”. Por outro lado, reconheceu que a população tem se esforçado para estimular o voto. “Isso é um ponto que pode ter algum reflexo nas pesquisas este ano”.
O debate foi arrematado por outras considerações de Mehta, que também apresentou dados de levantamentos que demonstraram estratégias que os profissionais de jornalismo usam para garantir maior segurança e precisão ao tratamento das pesquisas, como inspecionar a metodologia, evitar pesquisas que não são baseadas em critérios científicos e observar as informações e os dados coletados que levaram ao tópico central da pesquisa. “As pesquisas fazem mais do que só prever os resultados das eleições. Elas são a voz do povo sendo interpretada pela mídia. Então, sem as pesquisas a gente não tem uma amostra representativa da população”, concluiu.
Evento híbrido – O Seminário, que continua ao longo do dia, está sendo realizado de forma híbrida, com as intervenções dos palestrantes por videoconferência e tradução simultânea para o público presente no auditório Renato Castelo Branco e para os que se inscreveram para participar via plataforma Zoom. Há, também, transmissão ao vivo pelo YouTube.
#ParaTodosVerem: Foto colorida mostra a projeção de uma reunião na plataforma Zoom. Nela estão presentes Dhrumil Mehta, homem pardo e de cabelos escuros, usa óculos de grau, camisa social branca e blazer preto; Patrícia Campos Mello, mulher branca de cabelos loiros, usa camiseta preta; e Elena Cabral, mulher branca de cabelos castanhos, usa óculos de grau e camiseta preta. No canto superior esquerdo, está escrito 6º Seminário Internacional de Jornalismo. No canto superior direito, aparecem as logomarcas da ESPM e da Columbia Journalism School.