Pelo Mundo ESPM – A arte sem limites de Banksy

Gabriella Borges – 2º semestre

Banksy é o nome utilizado por um artista de rua britânico que prefere ser conhecido por suas obras e não pelo seu rosto. O mistério em torno da identidade do artista é compensado em suas milhares de obras espalhadas pelo mundo que carregam seu tom sarcástico ao fazer críticas sociais. Sabe-se que ele é filho de um técnico de fotocopiadora e era açougueiro antes de se encontrar na arte e criar obras enigmáticas e sem limites.

A exposição sobre a carreira de Banksy oferece uma videoinstalação feita em 2015 de um projeto temporário e secreto criado pelo artista em Londres, para ser “a versão sinistra da Disneylândia”. Banksy descreve o local como um “parque de entorpecimento impróprio para crianças”. O local possui um mapa e a entrada dele lembra a de um aeroporto. Tudo foi planejado para que o parque fosse visitado por famílias, mas sem a estética dourada e feliz da Disney. Aqui, Banksy oferece uma arte irônica, sombria e que “abraça a brutalidade e criminalidade de baixo nível”

Revisitando as obras do artista, sabe-se que uma das mais recentes foi feita em 2021, utilizando spray em um muro de Londres. Nela, Banksy retrata um presidiário escapando da prisão durante a noite. Acredita-se que o prisioneiro seja uma alusão ao poeta, Oscar Wilde que foi preso após ter seu caso com um homem revelado.

Em 2019, Banksy criou uma coleção chamada “Produto Interno Bruto: A marca de utilidades de Banksy”. O capacete é o destaque da coleção, chamado Met Ball, fazendo referência ao Met Gala, evento anual para celebridades. O objeto representa a autoridade da polícia e a violência percebida ao seu redor, mas também o brilho e glamour da sociedade.

A exposição também tem instalações que proporcionam uma experiência sensorial das obras de Banksy. Em 2020, durante a pandemia, o artista criou arte em seu próprio banheiro, mostrando ratos se divertindo e o bagunçando. No espelho, podemos ver um dos roedores contando os dias para que a pandemia acabasse, fazendo essa instalação se tornar um marco do período em que foi criado.

A próxima escultura foi feita em 2017 utilizando algodão de fibra de vidro e mostra um manifestante se protegendo de gás lacrimogênio. A obra está exposta no Bar de um hotel de arte, chamado Walled Off, que fica em Belém, na Cisjordânia. O local pertence a Banksy e, apesar de oferecer 10 quartos e muita luz solar, é conhecido por ter “a pior vista do mundo”.

Ademais, uma das obras apresentadas foi feita em 2011 e consiste em uma escultura feita de ladrilhos de fibra de vidro que denuncia os abusos infantis na Igreja Católica. O artista fez um busto sem uma feição exata e a chamou de “Pecado Capital”.

Já em uma videoinstalação, feita em 2009, é possível ver a obra “Parlamento descentralizado”, a mais conhecida tela de Banksy. Nela, diversos chimpanzés substituem os políticos da Câmara dos Comuns e, atualmente, é usada de referência para exemplificar a crise do Brexit.

Entretanto, não se pode falar de Banksy sem mencionar a obra da menina com o balão feita em 2002, em um mural em Londres.  Essa obra tem interpretações distintas, uma vez que algumas pessoas a veem como um retrato da perda, de uma juventude e inocência que se foram. Já outros consideram que a menina está quase alcançando o balão, escolhendo acreditar na esperança, em um mundo melhor e no amor como força motriz. Em 2014, a obra foi reutilizada pelo artista durante uma campanha que declarava apoio aos refugiados da Síria.

Por fim, são apresentados quatro murais que Banksy fez na Ucrânia em 2022, devido a guerra que devastou o país. Neles, uma criança é vista derrotando Vladimir Putin em uma luta de judô. Em outro há uma ginasta se equilibrando em destroços e outra se apresentando com um colar cervical, reforçando as consequências da guerra. Além disso, há um mural com um homem tomando banho, mostrando como o cotidiano das pessoas foi interrompido durante esse período sombrio.

Dessa forma, essas obras mostram como o olhar e a arte de Banksy vão além do óbvio e que, por meio de ratos, releituras de obras famosas, instalações, vídeos e muito grafitti, uma arte movida a crítica social e a busca pela verdade existe, denunciando as problemáticas ao seu redor com singularidade e êxito.