Mais velhos na graduação: é possível começar a vida acadêmica depois dos 50 anos?
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Pedro Sales (2º semestre)
O ingresso ao ensino superior é o sonho de milhões de jovens brasileiros. Mas aqueles que tem 50 anos ou mais também carregam o sentimento da vontade de entrar em uma universidade. O número de pessoas com idade avançada que decidiram entrar na faculdade cresceu significativamente nos últimos, provando que a “tradição” de jovens no ensino superior está sendo quebrada.
Segundo dados do Censo da Educação Superior, realizado anualmente pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Nacionais (Inep), nos últimos sete anos o número de estudantes com 50 anos ou mais que decidiram se matricular em faculdades cresceu 73,6%. Diversas são as razões para que pessoas mais velhas decidam investir no ensino superior.
Rosemary Neves de Sales, professora universitária de 54 anos, explica o porquê resolveu iniciar uma nova graduação no curso de Psicologia após os 50 anos. “Eu quero mudar de carreira porque gostaria de contribuir com a melhora da capacidade de aprendizado dos meus alunos, e também, é claro, ter outra profissão no currículo”, ressalta.
A universitária também explicou os desafios que enfrenta ao se deparar com um ambiente dominado por jovens, com idade média de 24 anos. Rose afirma que existe uma relação mútua de ajuda entre ela e os companheiros de classe, enquanto os adolescentes entendem mais da tecnologia, a professora contribui com os seus conhecimentos acadêmicos.
Muitas pessoas com 50 anos ou mais têm um certo receio de ingressar na graduação com essa idade, muitas vezes por insegurança ou medo de sofrer preconceito, principalmente no mercado de trabalho, que pode ser discriminatório para pessoas mais velhas. Apesar de algumas empresas estarem com iniciativas que promovam a inclusão, o preconceito ainda existe.
“O senso comum diz que as pessoas mais velhas não podem estudar e só os jovens podem mudar de profissão, porém, isso não é verdade. Nós temos que fazer o que vai nos deixar felizes e confortáveis”, declara Rosemary, ao ser solicitada a dar um conselho para aqueles que têm mais idade e têm medo ou vergonha de começar uma faculdade, muitas vezes, desistindo de um sonho.
Aqueles que ultrapassam os 50 anos e decidem entrar na universidade devem ser considerados um exemplo para muitos, inclusive para os jovens. É necessário afastar o pensamento retrógrado de que apenas adolescentes de 18 anos podem iniciar a vida acadêmica. Em relação ao mercado de trabalho, empresas multinacionais, como a Unilever, estão investindo em programas como o “Sênior Estagiário”, com o objetivo de dar espaço aos estudantes com mais de 60 anos para ingressarem no mercado de trabalho.