Justiça suspende obras do túnel na Sena Madureira, e moradores comemoram
Compartilhar
Texto: Nicole Micheletti e Vinicius Luque (2º semestre)
Fotos: Sophia Prates (2º semestre)
Manifestantes e moradores da região da Vila Mariana comemoraram nesta quarta-feira (13) a decisão da Justiça de suspender a obra do túnel na rua Sena Madureira (zona sul), que prevê a derrubada de 172 árvores e a remoção de 200 famílias. A decisão é do juiz Marcelo Sergio, da 2º Vara da Fazenda Pública, considerando que uma perícia deveria ser feita por conta dos danos irreversíveis que a queda das árvores acarretaria.
O Ministério Público havia pedido, em ação civil pública, a suspensão da obra. Em caso de descumprimento da decisão judicial, a multa diária pode ser de R$ 50 mil a R$ 100 mil.
Segundo informações publicadas pelos principais portais jornalísticos, a Prefeitura de São Paulo informou, em nota, que a Procuradoria Geral do Município não foi notificada da decisão e “quando isso acontecer, tomará as medidas que considerar cabíveis”.
De acordo com a prefeitura, a construção do túnel tem como finalidade descongestionar o trânsito da região, com uma ligação viária que soma 1,6 km entre a rua Sena Madureira e a avenida Ricardo Jafet. Moradores da região e ambientalistas pedem a suspensão das obras. A Defensoria Pública do Estado também pediu a interrupção dos trabalhos, “devido aos impactos causados nas moradias da comunidade Souza Ramos, localizada ao lado do local da construção.”
Laudecir Gasparotto, integrante do conselho participativo municipal da Vila Mariana e ativista, comenta que para a obra acontecer será necessário retirar árvores do percurso, o que gera um impacto ambiental desnecessário.
Para o ativista Lucas Basso, trata-se de uma luta em duas frentes. “Muitas pessoas aqui não estão lutando pela questão ambiental, e sim pelas mais de 200 famílias que vão ser removidas das últimas duas comunidades da Vila Mariana. Essas pessoas têm vidas aqui, muitas moram aqui há mais de 70 anos e possuem o medo de serem movidas para os extremos da cidade”.
O ativista cita um exemplo. “Eu entrei em uma casa de uma senhora que tem câncer e ela estava com medo de ser movida para algum extremo e não conseguir ter mais acesso ao seu médico”, afirma Basso.
Nos últimos dias, houve diversos protestos de moradores da região e ativistas contra as obras. A Guarda Civil Metropolitana chegou a usar de força para afastar os manifestantes, entre eles a vereadora eleita Renata Falzoni.
Vídeos que circulam pelas redes mostram o momento da derrubada de árvores. Nas imagens também é possível ver manifestantes se abraçando às árvores para evitar que sejam removidas.
O ativista Henrique Souza destaca a mobilização popular. “Essa é a prova que se quisermos juntos podemos fazer mudanças e que se não começarmos a lutar hoje lá na frente o impacto será gigantesco”, diz.