Equipe da revista Plural passou 24 horas em uma das principais rádios de São Paulo
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ANA BEATRIZ RESENDE | BARBARA SOUZA | EZIO JEMMA | PAULA DRUMMOND | TAÍS GODÓI |THOBIAS MARCHESI
»»»Não há descanso. O ritmo é frenético. Desde o amanhecer até a madrugada a redação não para. Vista de fora, a rádio BandNews FM parece funcionar sozinha, como um relógio. Por dentro, porém, a pressão para que tudo seja perfeito é constante. Para entender seu funcionamento, a equipe da revista Plural acompanhou a rotina da emissora por 24 horas.
Chegamos às 10h do dia 3 de outubro e partimos no mesmo horário do dia seguinte. Desde o início percebemos que o cotidiano dos profissionais de rádio é pesado.
Não faltaram imprevistos. O encontro com o candidato à prefeitura, José Serra, o inesperado cancelamento do clássico Brasil x Argentina e até o rigor com que o jornalista Ricardo Boechat se atenta a detalhes foram exemplos de acontecimentos marcantes num ambiente que respira informação a todo instante. A cada momento surgia uma surpresa; afinal, em 20 minutos tudo pode mudar.
10h-12h
A nossa chegada à BandNews, já na metade da manhã, às 10h, pareceu atrapalhar a movimentação do ambiente, tumultuado pela presença do então candidato à prefeitura de São Paulo José Serra. Estávamos na semana que precedia as eleições, e Serra dava uma entrevista de última hora.
Marília Juste, chefe de criação e programação, foi quem recebeu a Plural em meio ao caos matutino. A entrevista já chegava perto do fim quando fomos apresentadas ao ambiente da rádio, e as coisas começavam a se acalmar. Logo de cara percebemos que estaríamos inclusos em toda a programação. Com a saída de José Serra, nos acomodamos no estúdio e o dia começou para nós.
Ao meio-dia o clima voltou a ficar tenso. Durante o noticiário das 12h os estúdios ficaram sem energia. Os locutores e radialistas que estavam trabalhando do lado de fora imediatamente entraram para desligar as quatro televisões que ficam ligadas dia e noite, mudas, em vários canais noticiosos, para evitar que queimassem. Foram apenas dois minutos sem luz, mas, na rádio, dois minutos são preciosos: equivalem ao tempo de uma matéria inteira.
Graças a um gerador próprio, durante esse curto período sem luz a rádio não saiu do ar, e a radialista que estava transmitindo as notícias não parou seu trabalho nem por um instante.
12h-14h
O programa “É Brasil Que Não Acaba Mais”, veiculado todos os sábados às 13h, com reprises ao longo da semana, é comandado por Maiara Bastianello e Marcelo Duarte. Durante a visita pudemos ver a gravação – para a nossa surpresa,
o programa não é transmitido ao vivo.
Ao contrário do que fazem parecer, os convidados não ficam na linha em contato com os apresentadores durante o programa inteiro, pois os locutores o gravam em fragmentos. Uma vez que todas as partes do programa já estão gravadas, a própria jornalista se encarrega de editar tudo.
Maiara deu à convidada uma lista de três virais brasileiros famosos e pediu para que ela os citasse durante a participação como se tivessem sido escolhidos por ela mesma. “Nada se cria, tudo se programa”, brincou a apresentadora.
O relógio se aproximava das 13h30 quando fomos convidados a acompanhar a apuração de uma pauta fora da rádio. Acompanhamos a jornalista Maria Teresa Cruz na busca por informações sobre uma nova avenida no bairro do Morumbi que foi pavimentada com árvores no meio da rua, literalmente. A profissional, além de apurar, também edita e grava a matéria – e até mesmo dirigiu o carro de reportagem.
14h-19h
No retorno à emissora, por volta das 16h30min, fomos apresentados a quase todos os funcionários do turno e, logo em seguida, voltamos ao estúdio para acompanhar o programa Alta Frequência, que acontece de segunda a sexta das 17h às 19h. O programa conta com a participação de convidados que permanecem o tempo todo no estúdio. Tudo acontece ao vivo, com a participação dos ouvintes, que comentam e questionam os entrevistados.
19h-2h
Às 19h30, a equipe esportiva que transmitiria o jogo entre Brasil e Argentina já estava a postos para a narração, que começaria às 22h – a transmissão foi aberta por volta de 21h20.
Graças a uma queda de luz no Estádio Centenário, na Argentina, a equipe da rádio teve de improvisar. Das 21h20 às 23h20, enquanto aguardavam uma definição sobre o cancelamento do jogo, os locutores tiveram de preencher a programação com comentários e notícias sobre as eleições americanas, o apagão ocorrido no Brasil e outras, com muito jogo de cintura. “Vocês são ‘pé frio’, não?”, brincou o comentarista André Coutinho, ao contar que foi a primeira vez que um jogo foi cancelado desde que a rádio passou a transmitir futebol.
2h-6h
Só há duas pessoas na redação, Elaine Silva, editora, e Marcos Olivares, jornalista e locutor da madrugada. Elaine não para um minuto; faz as manchetes e fica de olho nas atualizações de órgãos como a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros. Ela se encarrega de todas as manchetes para o primeiro jornal da manhã.
Olivares explica que a BandNews FM tem um formato padronizado, começando com as notícias e terminando com um colunista. Todos os jornais têm 20 minutos, o que explica o slogan da rádio: “em 20 minutos, tudo pode mudar”. Além disso, ele comenta que a BandNews é a única rádio em que ele trabalhou na qual o controle da mesa é feito pelos próprios locutores.
Faltava pouco para as 5h quando Érico Oyama chegou à rádio. Ele é responsável pelas manchetes do jornal local e também pelo jornal ancorado por Ricardo Boechat, transmitido em rede nacional das 7h às 9h.
6h-10h
Por volta das 6h, Olivares deixou a redação após apresentar o primeiro jornal do dia. Logo mais, às 6h19min, é transmitido o primeiro comercial na rádio – a programação da madrugada não tem inserções comerciais.
Às 7h20min, Ricardo Boechat, principal âncora da rádio, chega à emissora. Nesse momento, o estúdio tem seu horário de maior movimentação, com cerca de 14 pessoas, entre locutores, técnicos e jornalistas na redação.
Um incêndio na av. Marquês de São Vicente é noticiado às 8h. Boechat fica nervoso, porque na primeira transmissão ele disse que o acidente aconteceu na av. Norma Pieruccinni Gianotti (continuação da Marquês), e, na segunda transmissão, falou em Marquês de São Vicente. Os dois nomes estavam corretos, mas o âncora achou que fossem lugares diferentes, e que a confusão prejudicaria a sua credibilidade. Irritou-se com a confusão: “Não podemos ter essa margem de erro”, cobrou da Redação, incisivo.
O programa de Boechat tinha previsão de término para as 9h, porém acabou às 9h37. Segundo a redação, ele é o único jornalista da rádio que pode ter esse atraso.
Outro dia começava. De igual, só o ritmo, frenético, e a busca por notícias.