Bairro recebe medida social para dependentes químicos
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O programa de Braços Abertos, que até o momento atua apenas na região da Luz, será implantado em outros bairros, como na Vila Mariana. A inciativa tem como objetivo incluir usuários de crack novamente na sociedade por meio de tratamentos e ações sociais.
Em entrevista ao portal R7, usando o nome fictício de Michel, um jovem afirma que está em sua primeira internação e, há 67 dias, sem usar drogas. “Desde os 11 anos eu uso drogas. Comecei com maconha. Sempre usei qualquer tipo de droga, fazia cruzadão [gíria do submundo das drogas para os usuários que misturam várias substâncias]. Já usei cola de sapateiro, maconha, crack, farinha, ecstasy. Fiz tudo.”
A assistente social Simone Spinetti trabalhou durante dez anos com dependentes de álcool e outras drogas em um CAPSad (Centro de Atenção Psicossocial – Álcool e outras Drogas). Ela afirma que trabalhar com esses usuários é um desafio e a Vila não receberá uma mudança estrutural para isso.
Persistência
“Não é uma solução definitiva. Poderá ajudar em algum momento, trazer mais solidariedade, atenção, consolo e dignidade’’, diz Simone. Ela acredita que a melhor solução de longo prazo seria uma maior divulgação sobre as consequências do uso de crack, por meio de propagandas que cheguem à periferia. “Uma vez que não acessam (informações a esse respeito), não os fazem mudar de opinião e, consequentemente, de comportamento ou impulso para uso”, complementa a assistente social referindo-se aos jovens.
As medidas tomadas para ajudar os dependentes começam com um trabalho psicológico e medicamentoso que os ajudam a seguir em frente. O assistente social ajuda esse usuário também no resgate de sua cidadania e, segundo Simone, não pode desistir do paciente por mais recaídas que ele venha a ter. “Quantas vezes ele procurar ajuda temos, como dever profissional e ético, de acolhê-lo e fazermos nossa parte”.
De fato, o dependente químico precisa de ajuda. Ainda na entrevista, Michel afirma que já viu vários amigos passarem por recaídas, mas que pretende obter as ferramentas certas para se recuperar. “A gente está aqui para salvar nossas vidas.”
Não há uma data marcada para que o programa social comece a atuar no bairro, mas durante o Seminário Rede Sampa de Braços Abertos, que ocorreu no dia 29 de julho, foram apresentados indicadores e planejamentos para a realização do projeto.
Mariana Cafer (1º semestre)