As dificuldades encontradas pelas mulheres no Jiu Jitsu
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Isabelle Vita Gregorini (2º semestre)
O Jiu Jitsu é um esporte praticado, predominantemente, por homens, o que é um grande motivo para que muitas mulheres praticantes da luta tenham diversas dificuldades durante sua trajetória dentro do esporte.
Essas dificuldades são vivenciadas diariamente pelas atletas femininas de Jiu Jitsu, que têm obstáculos como a desqualificação de suas habilidades e técnicas, a diferença de premiação em campeonatos, e o preconceito por ser uma mulher num ambiente onde, na visão de preconceituosos, deveria ser frequentado apenas por homens.
A desqualificação é um dos principais problemas, e suas consequências refletem diretamente nos treinos e na falta de reconhecimento das atletas. Carlotta Vaccari, jovem lutadora, afirma que essa depreciação prejudica o progresso de seus treinos, notando que, muitas vezes, homens não querem treinar com mulheres por acharem que elas são mais fracas e têm menos técnica. “Eu já senti dificuldades em treinar porque, muitas vezes, os homens colocam muita força, especialmente quando eles sabem que são mais fracos na técnica e quando sentem dificuldades durante a luta, logo fica difícil ter um treino bom com eles”, pontua.
O relato de Carlotta evidencia os obstáculos que a maioria das mulheres sofre no Jiu Jitsu. A visão de serem mais fracas e com menos técnica é um pensamento ultrapassado que apenas faz com que a desigualdade dentro do esporte aumente.
Outro grande problema que as atletas enfrentam dentro desse esporte é a desigualdade de premiação nos campeonatos. Um episódio que evidenciou essa diferença ocorreu no Campeonato Brasileiro de Jiu Jitsu organizado pela Confederação Brasileira de Jiu Jitsu Esportivo (CBJJE) em 2017, em que o campeão da categoria masculina absoluto, faixa preta, ganhou R$ 5 mil, enquanto, na mesma categoria, porém no feminino, a campeã foi contemplada com R$ 2,5 mil.
A atleta e tricampeã mundial de Jiu Jitsu, Sàbatha Lais, comentou sobre essa desigualdade nas premiações: “Essa diferença é realmente ridícula. Já melhorou muito e tem muito ainda para melhorar, porque somos tão profissionais quanto, treinando a mesma quantidade ou até mais”, enfatiza. Sàbatha completa dizendo que as desculpas dadas pelas federações e donos de evento sempre são falando que o número de mulheres é menor e que elas não vendem tanto quanto os homens.
O que Sàbatha relatou mostra, evidentemente, a desigualdade dentro do esporte, que, muitas vezes, é reflexo de uma visão machista presente nos olhos tanto do público, quanto dos organizadores dos campeonatos e dos demais atletas.
Portanto, fica notório os obstáculos e desafios que muitas mulheres tendem a passar durante suas trajetórias no Jiu Jitsu. Sendo assim, a luta pela igualdade dentro do esporte se torna um desafio mais necessário e urgente.
“Eu acho que a primeira coisa que deve ser feita para acelerar o processo de igualdade no Jiu Jitsu é parar de colocar essa etiqueta de esporte masculino e começar a incluir mais as mulheres nos treinos, parando de considerá-las sexo frágil”, ressalta Carlota. A tricampeã Sàbatha reitera dizendo que acredita que quanto mais mulheres no tatame, mais espaço irão conquistar e mais o estereótipo de que mulher na luta é masculina e de que o esporte é de homem irá diminuir. A atleta, também, pontua que é importante, cada vez mais, as mulheres se unirem.