Pelo Mundo ESPM – Estúdio Vera Cruz

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Amanda Amorim (1º semestre)

Gabriella Figueiredo (1º semestre)

Após a Segunda Guerra Mundial, o Brasil vive um impulso modernizador e industrializante. São Paulo passa por uma fase de grande efervescência cultural. Várias iniciativas artísticas são instaladas, como o Museu de Arte Moderna (MAM), o Museu de Arte de São Paulo (MASP), e o Teatro Brasileiro de Comédia (TBC).

Crescia o interesse da população e, principalmente, dos intelectuais pelo cinema e pelas artes. Ademais, foi com o apoio da elite financeira paulista que é criado: O Estúdio Vera Cruz.

O Estúdio Vera Cruz foi fundado, pelo engenheiro Franco Zampari e pelo industrial Ciccilo Matarazzo, em 1949 em uma antiga granja no Município de São Bernardo do Campo.

Foi a terceira companhia cinematográfica a ser implantada em território nacional, sendo sua atuação responsável pela elevação do nível profissional do cinema brasileiro, o que lhe conferiu projeção nacional e internacional. Destaca-se pela qualidade técnica e artística de seus dramas e comédias, os quais ajudam a modernizar o cinema brasileiro.

Apesar disso, muitos qualificam os moldes de trabalho da empresa como “hollywoodianos”, enquanto outros a aproximam dos moldes europeus, especialmente o inglês e o italiano. Caracterizando a produção por certo estrangeirismo, ou até um “brasileirismo artificial”, na escolha dos temas e nas abordagens.

De qualquer forma, de 1950 a 1954, Vera Cruz lança 22 filmes, porém esse número sobe para 40 contando parcerias com outros estúdios.

Outrossim, a empresa chegou no seu auge e conquistou público em todos os lugares com suas produções admiráveis. Por exemplo, O Cangaceiro (1953) de Lima Barreto, inspirado na vida de Lampião, bateu recorde de bilheteria aqui no Brasil, e depois conquistou dois prêmios no Festival de Cannes. Outro lançamento bem-sucedido foi Sinhá Moça (1953) de Tom Payne, o qual narra um episódio da abolição da escravatura, e ganhou o Leão de Bronze, terceiro maior prêmio do Festival de Veneza.

Contudo, a empresa também passou por grandes dificuldades financeiras. Mergulhou em um processo de endividamento, causado por custosas produções – piorando ainda mais pela demora nas filmagens. Além de acontecerem casos de corrupção na contabilidade, atrasos de salários e enormes desperdícios de materiais. Por isso, em 1954 Vera Cruz fecha as portas.

Mesmo após o término das atividades, o local voltou a ser utilizado em 1980 para feiras de diferentes temáticas e grandes eventos. Mas foi apenas em 2003 que o estúdio estreitou laços com o cinema nacional ao ser usado como locação nas gravações do longa Carandiru de Héctor Babenco. Depois desse breve retorno às atividades originais, o complexo voltou à inatividade.

Em 2015, foi cedida uma concessão de 30 anos do espaço para a empresa privada Telem (Técnicas Eletro Mecânicas). No entanto, com falhas contratuais, a gestão da cidade rescindiu o acordo em 2017.

Desde então, o Vera Cruz está nas mãos da prefeitura, que tem buscado revitalizar o local. Voltou a alugá-lo para eventos variados, e o espaço já foi até utilizado em filmagens de programas de TV, como o Caldeirão do Huck da Rede Globo.

Sendo assim, apesar de ter existido por somente cinco anos, o Estúdio Vera Cruz marcou uma época, com a qualidade técnica e artística de seus filmes, e viabilizou a inserção do cinema brasileiro, tanto no mercado nacional quanto no internacional.