Jornalistas e celebridades debatem a cobertura dos famosos na imprensa

A jornalista Fabíola Reipert (foto: reprodução)

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Paola Bonoldi

De um lado pessoas que querem se tornar conhecidas, ter seus 15 minutos de fama, e, do outro, jornalistas em busca de notícias. Pode parecer o casamento perfeito, mas não é. A relação entre a imprensa de celebridades e suas fontes é tensa.
Para as subcelebridades, isto é, aquelas que ainda não chegaram ao topo da fama e fazem de tudo por um lugar sob os holofotes, o desafio é ainda maior. “Tenho de sentir que a pessoa consegue suportar. O peso da fama é um fardo forte que pode levar aos extremos, tem que ter consciência do que é a fama e não pode deixar de se reinventar, afinal vivemos num mundo onde a notícia gira o mundo em questão de horas”, comenta o criador de celebridades-express e assessor de imprensa Cacau Oliveira.
A  jornalista do portal R7 Fabíola Reipert concorda: tem gente que não mede esforços para aparecer. “Para essa gente que quer a fama a qualquer custo, vale tudo. Eles armam flagras, ligam pedindo notinha, deixam vazar informações, tiram a roupa em lugares inusitados, forjam situações”. 

A jornalista Fabíola Reipert (foto: reprodução)

Com o avanço das redes sociais, a mídia conseguiu ampliar as ferramentas de trabalho, facilitando o acesso aos “famosos”. Por outro lado, as próprias celebridades às vezes abusam do recurso, abolindo as fronteiras do público e do privado. “Dá uma olhada nos snapchats de algumas celebridades. Algumas  estão praticamente levando você ao banheiro com elas. Parece que na visão delas não há diferença entre aquilo que é privado e aquilo que elas mostram para os seguidores”, comenta Lucia Barros, diretora de redação da revista Quem.
ENTRETENIMENTO OU JORNALISMO?
Se há excessos dos aspirantes à fama, há excessos dos jornalistas. Para alguns, o jornalismo que cobre a vida das celebridades nem sequer pode ser chamado de jornalismo: é entretenimento. Fabíola Reipert, no entanto, tem opinião diferente. “Entretenimento é uma editoria do jornalismo. Dá o mesmo trabalho de outras editorias: você precisa apurar, ouvir o outro lado etc.. Mas não me incomodo que falem que não é jornalismo. Podem chamar do que quiser”, diz.
A diretora da redação da Quem, Lucia Barros, comenta que não há  como fazer um jornalismo de celebridades de longo prazo focando apenas em factoides. As histórias precisam ser reais: apuradas, checadas.