Avenida Lacerda Franco abriga os dois únicos cemitérios do bairro

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Cemitério da Vila Mariana (foto) que, junto com o Cemitério Israelita, foi fundado nas primeiras décadas do século XX. Foto: Thiago Montero

 

Dia 2 de novembro. Dia de flores e lágrimas; tristeza e melancolia. Dia de lápides enfeitadas. Finados: dia dos falecidos, dos mortos. Dia de homenageá-los, rezar por eles, visitá-los. Dia 2 de novembro. Dia dos cemitérios preenchidos por lembranças e recordações. Saudades.

O Cemitério da Vila Mariana, que funciona desde 1904, não é tão conhecido, quando comparado aos demais cemitérios municipais. Localizado na Avenida Lacerda Franco, conserva qualidade de limpeza similar aos outros cemitérios da capital paulista. Os funcionários que trabalham no local investem com rigor na limpeza das calçadas e das lápides.

Também como nos demais cemitérios municipais, a confusa desorganização da passagem de pedestres e a má distribuição dos túmulos não incomodam tanto quando se vai até lá. Já as calçadas, em pontos principais, merecem reforma adequada que evite acidentes indesejáveis por conta de buracos e falhas.

Os cemitérios, mesmo com fama de assombrosos durante a escuridão, são os lugares que abrigam entes-queridos. Ou, simples e grosseiramente, cadáveres sepultados. Ou, ainda, o pó. Seja como for, os cemitérios devem ser bem cuidados.

Ana Maria Salvador, 55, moradora da Vila Mariana, concorda. “Vir até o cemitério já não é algo agradável. Chegar aqui e ter dificuldade de andar até onde preciso, é péssimo”, comenta.

Morte e vida

É no cemitério que acontece o enterro. O rito de passagem, para religiosos, ou o fim de tudo, para pragmáticos. A morte varia, sim, conforme a religião. Segundo Eduardo Oyakawa, professor de filosofia da ESPM, há duas perspectivas de morte, nos tempos atuais. “A religiosa, que diz que a alma será eterna e algo resistirá ao pó da terra. E a pragmática tecnológica, que diz que só temos essa vida e que, por isso, devemos aproveitá-la o mais intensamente possível”, afirma.

Temida por uns e aguardada por outros, a morte acontece. Para Oyakawa, imaginar que você vai encontrar, nos céus, alguém que você amou durante a vida inteira, é um grande consolo. Porém, dizer para si próprio que tudo acabará é complicadíssimo.

“Por mais que a tecnologia e a ciência nos prometam outra vida, é fato que todos envelhecemos e perdemos alguém. O medo de perder quem nós amamos é mais forte do que o medo da própria morte. Isso é inevitável. Lidar com esses vazios existenciais demanda sabedoria e coragem”, pondera o filósofo.

Cemitério judaico

Além do municipal, há ainda o Cemitério Israelita da Vila Mariana. Também localizado na Avenida Lacerda Franco, é o primeiro cemitério comunitário judaico de São Paulo. Sua origem, em 1923, vem da doação da família Klabin, que, na época, tinha como patriarca Maurício Klabin, fundador da Associação Cemitério Israelita de São Paulo.

De acordo com Isabel Silveira, funcionária do cemitério, há algumas regras que simbolizam o respeito religioso. “Além de trajes apresentáveis, o uso do quipá, mesmo que a pessoa não seja judia, é obrigatório. Antes de sair, é preciso lavar as mãos”, explica.

Segundo a funcionária, há também normas nos sepultamentos. Bebês e natimortos, por exemplo, ficam em um espaço separado dos demais. Os portões permanecem sempre fechados.

Mais organizado do que o municipal, o cemitério judaico também é bem atendido no quesito limpeza. Do ponto de vista infraestrutural, as calçadas são, sim, melhor tratadas. O Cemitério Israelita abriga um pequeno memorial com fotos e dados que retratam um pouco da história judaica, do cemitério, da família Klabin e da Associação.

 

Cemitério da Vila Mariana
Av. Lacerda Franco, 2.012 – Cambuci – São Paulo
(11) 5573-3017
 
Cemitério Israelita da Vila Mariana
Av. Lacerda Franco, 2.080 – Cambuci – São Paulo
(11) 5573-0414

Thiago Montero (4º semestre)

1 Comment

Daniel Ladeira 1 de novembro de 2013 - 07:28

Thiago, parabéns!!! Você conseguiu abordar um tema difícil de modo leve.

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