As tendências do “novo normal” na retomada do turismo

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Richel Piva (2º semestre)

O Brasil já está em processo de reabertura, depois do período de isolamento por causa da pandemia de Covid-19. O estado de São Paulo, por exemplo, já tem as principais áreas da região metropolitana da capital na fase verde do plano de reabertura. De modo geral, o país está em estabilidade em 90% das suas regiões, o que significa uma gradativa retomada do setor turístico.

No dia 4 de junho de 2020, o Ministério do Turismo (MTur) apresentou os primeiros protocolos sanitários para a retomada do setor. Em seu site, o MTur apresentou uma série de medidas a serem seguidas e tomadas por cada setor, desde protocolos para turistas até para locadoras de veículos. Uma iniciativa do Ministério foi a criação do SELO, uma espécie de adesivo que deve ser colado em um local de fácil acesso aos clientes. Nele, por meio de um QR Code, o turista poderá consultar as medidas sanitárias adotadas por aquele empreendimento ou profissional.

Em matéria publicada no portal do MTur, Marcelo Álvaro Antônio, ministro do Turismo, conta que as iniciativas tomadas posicionam o Brasil no cenário doméstico e internacional como um destino seguro e preparado para atender um novo perfil de turista que surgirá após a pandemia.

Com a reabertura gradual, o turismo, um dos setores mais afetados pela pandemia do Covid-19, teve uma perda de mais de R$ 200 bilhões; de março a julho de 2020, o setor contabilizou uma perda de 446,3 mil postos formais de trabalho, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). A retomada, de fato, não foi apenas um posicionamento do Brasil no cenário internacional, mas sim um respiro necessário para que a crise econômica não se agravasse ainda mais.

O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) lançou em seu site, no dia 9 de setembro, um e-book chamado “Comportamento dos Viajantes”, com uma série de recomendações e tendências do setor turístico nesse momento de retomada. Veja algumas dicas apontadas no e-book:

“Levarão Vantagens os destinos e negócios turísticos que adotarem novas e eficientes práticas de segurança com relação às questões de saúde”.

“Destinos e empreendimentos que têm oferta para a família poderão ser priorizados”.

“Consumidores estão observando a atitude das marcas com relação aos seus clientes, fornecedores, colaboradores e a sociedade como um todo. Cerca de 76% tem propensão a comprar de marcas que tenham empatia com o momento.”

Carlos Souza, máster franqueado da agência de viagens CVC, conta como está sendo essa retomada: “Acreditamos que, no Brasil, a retomada do mercado de turismo se dará pelas viagens de lazer em destinos domésticos, de forma gradativa, a partir de agora para embarques principalmente no final deste ano”, ressalta. Carlos também comenta que, com essa volta, haverá uma valorização do turismo regional, devido a prioridade em buscar destinos próximos às casas dos viajantes, que possam ser feitos de carro.

Ele ainda chama a atenção para as mudanças nas peças publicitárias feitas pela empresa em que trabalha. “Antes a recomendação era para ficar em casa, e era isso que estava sendo orientado; na segunda onda de campanhas, foi enfatizado a possibilidade de sonhar e sentir as sensações de uma viagem, mesmo estando em casa. Agora, com a retomada, o foco é mostrar práticas de higienização e segurança adotadas por hotéis, destinos e parceiros de modo que possam viajar sempre seguros com a empresa”, explica.

Por fim, Carlos destaca as novas exigências para o setor. “O ‘novo normal’ está exigindo que as empresas de turismo façam adaptações em seus negócios, orientando cada vez mais o consumidor, com protocolos de segurança e distanciamento social. Hotéis já oferecem refeições sem o sistema buffet, regiões turísticas também começam a buscar certificações lançadas por órgãos internacionais e nacionais, como os “Safe Travels””, conta.

Os Safe Travels (Viagens Seguras) é um protocolo criado pela World Travel & Turism Council (WTTC), uma ONG inglesa que busca desenvolvimento sustentável e inclusivo no setor privado do turismo mundial. As “viagens seguras” também se configuram como um selo que comprova que o estabelecimento ou local turístico segue as normas da WTTC, baseadas nas recomendações da Organização Mundial Da Saúde (OMS).

São inúmeros os protocolos, porém é bom lembrar que a pandemia ainda não passou. Países que já estavam em processo de reabertura, como na Europa e nos Estados Unidos, hoje estão enfrentando uma segunda onda da Covid-19. A França e a Alemanha anunciaram no último dia 28 o início do lockdown nos respectivos países, em uma tentativa de frear a nova onda da doença. A França teve, em um período de 24 horas, mais de 500 mil novos casos de coronavírus e 7 mil mortes. O que resta saber é se e quando acontecerá uma nova onda de casos e mortes aqui no Brasil, que tem uma população três vezes maior do que a França.