Robson Oliveira tem prisão prorrogada até abril de 2021

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Pedro Sabbadini (2º semestre)

O brasileiro Robson Oliveira, ex-motorista do jogador Fernando, que atuava pelo futebol russo e atualmente joga pelo Beijing Guoan, da China, está preso na Rússia há mais de 500 dias. A pedido da família do jogador, Robson tentou entrar em território russo com um medicamento para dores, substância que é proibida na Rússia, e por isso foi detido.

Na última semana, a justiça russa prorrogou a prisão preventiva de Robson até abril de 2021. A defesa de Robson propôs à justiça russa um pagamento de cerca de R$ 730 mil para que ele possa aguardar o seu julgamento em liberdade, mas a proposta foi negada pelo fato de Robson não ter emprego nem moradia no país.

Segundo a defesa do ex-motorista, o valor seria pago pela família do jogador e, ao final do processo, teria a possibilidade de a quantia ser devolvida. A defesa também pretende mostrar, no próximo dia 9 de novembro, em uma audiência, que o brasileiro tem como se manter na Rússia, podendo aguardar o julgamento em liberdade.

#justicaparaRobson

No começo deste mês, começaram diversas manifestações nas redes sociais com a hashtag #justicapararobson. Jogadores como Richarlison, Rossi e jornalistas de diversas editorias, estão usando a hashtag e pedindo justiça para Robson, com o objetivo de atingir o maior número de pessoas e autoridades no Brasil e até mesmo autoridades russas. Um desses jornalistas é Marcelo Courrege, que em seu Twitter escreveu em russo a história de Robson e pediu para que seus seguidores compartilhassem, para chegar às autoridades.

Com essa grande repercussão do caso no começo do mês, a família de Fernando contratou, na última semana, uma empresa especializada em gestão de crise para lidar com o caso. Robson possui dois advogados um no Brasil, Olimpio Soares e outro na Rússia, Pavel Gerasimov. Todos os custos da defesa do ex-motorista estão sendo pagos pela família do jogador.

Relembre o caso

Robson Oliveira foi para Moscou com sua companheira, em fevereiro de 2019, para trabalhar como motorista do volante Fernando, que na época atuava pelo Spartak Moscou. Os familiares do jogador pediram que Robson levasse uma mala para Rússia. Na mala havia duas caixas de Mytedom 10 mg (cloridrato de metadona), destinados a Willian Pereira, sogro do atleta, que sofria com dores nas costas.

Esse medicamento é proibido em território russo. Robson não sabia e acabou sendo preso. O verdadeiro dono dos remédios, Willian, nunca prestou depoimento as autoridades, não ajudou Robson, que pode cumprir, de acordo com a justiça russa, no mínimo 15 anos de prisão por tráfico de drogas.

Robson permanece preso até os dias de hoje em Kashira, totalizando quase 600 dias na prisão. Ninguém da família de Fernando se dispôs a ajudar o ex-motorista, que fica quase sem saída, só com a ajuda de seus advogados, um no Brasil e outro na Rússia, tentando provar que é inocente.

O que pode ser feito?

Com a mudança do juiz do caso, várias provas perderam o valor segundo a justiça russa e os advogados de Robson tem que buscar outras alternativas. Gennady Adyesakov, especialista em direito penal russo, em entrevista ao Esporte Espetacular, da Rede Globo, disse que “o que poderia ajudar é um depoimento de Willian, assumindo que os remédios eram pra ele e que Robson não sabia o que transportava, assim haveria uma troca, sendo Willian o acusado”.

Segundo o advogado russo de Robson, Pavel Gerasimov, também em entrevista ao Esporte Espetacular, nenhum depoimento de qualquer familiar ajudaria no caso, pois ele cometeu o crime, sabendo ou não. O advogado também disse que acha que o julgamento ocorre até o final do ano e está tentando buscar uma pena bem abaixo da mínima, pois está claro que ele não quis cometer o crime, sempre colaborou com as autoridades e nunca mentiu para a corte. Se o resultado do julgamento for abaixo da pena mínima, ele pode iniciar o processo de transferência para o Brasil.

No começo deste mês, o presidente Jair Bolsonaro afirmou, em suas redes sociais, que buscará junto a Rússia o perdão a Robson. Ele disse que tentará contato com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, para buscar diplomaticamente o retorno do ex-motorista para o Brasil.

O perdão do governo russo pode encerrar o caso por meio de um acordo diplomático, como no caso da israelense Naama Issachar, que foi condenada a sete anos de prisão por entrar na Rússia com uma quantidade de maconha que era permitida em seu país. Depois de um pedido oficial do ministro israelense ao presidente Vladimir Putin, ela voltou em liberdade para Israel e o caso foi encerrado.

Nesta quarta-feira (28), o presidente Jair Bolsonaro assinou um documento pedindo o perdão do governo russo a Robson. O documento foi entregue ao governo russo e deverá chegar também nas mãos do presidente Vladimir Putin. Entretanto o governo brasileiro já confirmou que, mesmo que haja o perdão por parte do governo russo, será apenas após o julgamento, ou seja só depois de abril Robson poderá ser perdoado.