Adeus a Ziraldo desperta memórias de leitores

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Texto e montagem: Cecília Lóssio e Marina Morais (1º semestre)

Um dos maiores escritores da literatura infantil brasileira, Ziraldo Alves Pinto, faleceu no último dia 6. Aos 91 anos, o criador de O Menino Maluquinho morreu de causas naturais em sua casa, no Rio de Janeiro, e deixou uma obra que contribuiu significativamente para a cultura nacional. Com a chegada do dia nacional do livro infantil, comemorado em 18 de abril, o Portal resolveu apresentar a importância do Ziraldo para as pessoas.

Com seu primeiro desenho publicado aos 6 anos no Jornal Folha de Minas, Ziraldo marcou gerações com sua arte desde a época da ditadura militar, sendo um dos fundadores do jornal “O Pasquim”, em 1969. Seu impacto social também deixou sua marca na luta pela educação de qualidade e na apreciação da infância, com livros que entretinham e traziam ensinamentos para crianças de diferentes idades.

“Suas publicações infantis não ‘infantilizavam’ as crianças, seus leitores. Antes disso, com o seu humor fino e satírico, Ziraldo apresentava saídas criativas e diferentes das convenções sociais, estimulando a solidariedade, a cumplicidade e a participação crítica das crianças”, afirma a educadora aposentada Maria de Lourdes, 76. De acordo com ela, “Ziraldo foi para a literatura infantil da segunda metade do séc. XX, o que Monteiro Lobato foi na primeira metade do século”. 

O trabalho do autor foi de tanta importância que seus livros ultrapassam barreiras geracionais, presentes na vida das pessoas de diferentes idades. A estudante Gabriela Prado, 18, disse que não ainda não existem palavras grandiosas o suficiente pra descrever Ziraldo, mas que se alguém um dia pudesse inventá-las, seria ele.

“Foi importante para as crianças, aquelas que procuravam seu lugar nesse mundo tão colorido, perceber que a lua era Flicts. Foi bonito para cada um perceber que na verdade, ser ‘maluquinho’ era simplesmente ser feliz! Ziraldo pode ser sintetizado pelo conforto que trouxe, o acalento de descobrir que todo mundo, mesmo com as imposições e adversidades, encontra seu lugar algum dia”, afirmou. 

Os livros da carreira de Ziraldo estão sendo preservados no Instituto Ziraldo-IZ, que fica no mesmo local onde foi seu antigo estúdio em que ele trabalhou por 70 anos. A instituição disponibiliza e preserva o acervo do artista, divulgando e valorizando o legado do artista.

 

Principais obras

O Menino Maluquinho – Com mais de 120 edições, o livro conta a história de um menino travesso que adora aventura, muito esperto e inteligente. Ele aproveita a sua vida com seus amigos e família, aprontando muita confusão e inventando brincadeiras.

Flicts – O livro, publicado em 1960, conta a história de uma cor diferente de todas as outras, o Flicts. Representada por um tom de bege, ela é uma cor que não se encaixa no arco-íris e passa o livro procurando seu lugar no mundo. 

Turma do Pererê – O índio Tininim troca a vida na floresta pela cidade e, preocupado, o Saci Pererê viaja atrás do amigo para ver como ele está se saindo na nova vida.

O menino marrom – A obra conta a história do protagonista e de seu amigo cor-de-rosa. Com foco na descoberta da diversidade e na celebração das diferenças, as duas crianças fazem descobertas enquanto estudam, brincam e fazem descobertas.