Tarsila ressurge por pintura, coleção de roupas e musical

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Fotomontagem: Sofia Florentino. Fonte: Lela Brandão Co.; Paschoal Rodriguez; Tarsila, a Brasileira (Divulgação); Filipe Berndt; Getty Images; Fem Gucluturk; ‘Operários’ por Tarsila do Amaral.

 

Maria Travalin e Sofia Florentino – 1º semestre

Uma obra de arte atribuída a Tarsila do Amaral avaliada em 16 milhões de reais, à venda na feira SP-Arte, está sob análise quanto à sua autenticidade, contestada por especialistas após o evento. A pintora, cuja morte completou 50 anos em 2023, continua a causar polêmicas e inspirar arte. O impacto de Tarsila na cultura brasileira revela seu caráter eterno em casos como esse, assim como no mundo da moda e do teatro.

A marca de roupas e acessórios Lela Brandão CO. lançou uma coleção em parceria com Tarsila do Amaral, visando homenagear e reforçar a relevância da pintora no movimento artístico brasileiro, no dia 20 de março. A importância de Tarsila no Século XXI é demonstrada de diversas formas: o musical Tarsila, a brasileira também a honrou por meio da arte, música e moda. Cem anos após a Semana de Arte Moderna de São Paulo, o Movimento Modernista continua impactando a sociedade. 

Sob o lema “O Movimento Antropofágico encontra a Revolução do Conforto”, a marca se inspirou em quatro obras para a criação das peças: Autorretrato I: Achiropita (1924), EFCB (1924), A Lua (1928) e Antropofagia (1929), sendo estas duas últimas, guias para os moods principais da coleção.

Enquanto as roupas estampadas com A Lua procuravam remeter ao mistério e à fluidez, utilizando tons frios, a estampa Antropofagia buscava se aproximar do tropical, do expansivo e do cítrico, com tons quentes que evidenciam a cultura brasileira.

Ao ser questionada sobre a importância da artista em sua vida e na sociedade brasileira, Lela Brandão, dona da marca, contou, durante uma transmissão ao vivo em seu Instagram: “meu primeiro contato com a arte foi meu primeiro contato com a Tarsila”. Ela tem esse efeito nas pessoas: assim como com Lela, um dos primeiros contatos da sociedade com a arte moderna foi por meio das obras de Tarsila durante a Semana de 22.

Considerada uma mulher à frente do seu tempo, Tarsila do Amaral já tratava de questões relevantes à época. De maneira semelhante, Lela se envolveu em pautas inclusivas ao criar uma marca all sizes, compreendendo que não adiantava aumentar alguns centímetros de tecido ou ignorar a maneira que a roupa se adapta ao corpo. 

A coleção já é um sucesso: os biquínis, camisetas, saias, bonés e mais já estão esgotados ou com poucas peças ainda disponíveis. A filosofia all sizes introduz tecnologias como as alças ajustáveis, costura interna e tecidos de malha e elastano. Todas estão à venda por tempo limitado no site da Lela Brandão Co.

“Tarsila, A Brasileira”

A artista inspirou, e ainda inspira, os brasileiros a produzirem arte: o musical Tarsila, A Brasileira aborda sua vida e legado de forma não cronológica e desafia os limites da arte com cenas de nudez explícitas e novidades sobre a vida de Tarsila, como os detalhes sobre sua relação com médium Chico Xavier. 

Conforme os atos são apresentados, observa-se diversas mudanças nos figurinos de Tarsila, transitando entre uma estética parisiense, criada pelo costureiro francês Paul Poiret, e vestimentas mais exuberantes, caracterizadas como “brasilidade modernista” pela professora de história do vestuário e moda, Carolina Casarin, em seu livro Guarda-roupa modernista: o casal Tarsila e Oswald e a moda.

Segundo Cláudia Raia, atriz que dá vida à Tarsila do Amaral no musical, para a revista Marie Claire, a artista é a cara do Brasil: ao falar sobre sua ligação com as vestimentas de sua personagem, ela afirma que “isso é algo temos [ela e Tarsila] em comum: essa relação próxima com a moda”, ela completa: “Assim como o figurino ajuda a contar a história do personagem, nossa roupa comunica quem somos também”. 

O musical é dirigido por José Possi Neto e estrelado por Cláudia Raia, com participação de Jarbas Homem de Mello, Keila Bueno, Dennis Pinheiro e Ivan Parente, interpretando, respectivamente, Oswald de Andrade, Anita Malfatti, Mário de Andrade e Menotti del Picchia, o resto do famoso Grupo dos Cinco, principais artistas modernistas da época. A peça estreou no dia 25 de janeiro de 2024 e sua primeira temporada já está, majoritariamente, esgotada. O restante dos ingressos são vendidos no site Sympla ou na sede do Teatro Santander. 

Saiba mais

Em nota de esclarecimento, a diretora da SP-Arte Fernanda Feitosa afirmou que a equipe tem “um rigoroso processo de avaliação e seleção das galerias que pretendem participar da feira”. Para entender mais sobre a feira, acesse a matéria do Portal neste link.