Adoção do ESG traz práticas mais sustentáveis a empresas

Laura Cavalari e Melissa Alonso (4º semestre de Jornalismo)

O termo ESG (do inglês environmental – ambiental –, social – social –, e corporate governance – governança corporativa) vem sendo muito debatido nos dias atuais em âmbitos empresariais, administrativos e governamentais. A empresa alimentícia Nestlé ressalta a importância da sustentabilidade desde o processo de fabricação dos alimentos até a gestão geral da marca. “Em destaque que atualmente 100% da energia elétrica utilizada pela Nestlé em suas operações fabris já é de fontes renováveis, sendo que o Brasil foi o primeiro mercado da empresa no mundo a atingir esse marco, em 2017 (bem antes da meta prevista, para 2020)”, afirma Fabio Spinelli, diretor de planejamento estratégico, M&A e Sustentabilidade da Nestlé.

A empresa ganhou destaque no mercado em 1867 com uma linha de alimentos exclusiva ao público infantil. Hoje o Grupo Nestlé abraçou o propósito de sustentabilidade e garante total alinhamento com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas.

A empresa acumulou uma receita bruta de US$ 21,1 bilhões no primeiro trimestre de 2020. Dessa forma, o grupo se consolidou ainda mais no mercado financeiro e mundial, estabelecendo um cargo de uma das maiores empresas mundiais do ramo alimentício e se expandiu com mais de 53 marcas vinculadas.

“Na Nestlé, acreditamos no poder dos alimentos para melhorar a qualidade de vida das pessoas. Temos o compromisso de usar nossa escala, recursos e experiência para contribuir para um futuro mais saudável para as pessoas, as comunidades e o planeta. Com base nessas crenças, enxergamos o ESG como um tema transversal, que permeia toda a organização e nossas cadeias de valor, e nos permite evoluir nossos negócios para modelos mais sustentáveis”, diz Spinelli.

Ele relata a importância de grandes nomes e marcas estarem vinculadas com o compromisso de sustentabilidade. “O nosso objetivo é termos algumas de nossas marcas mais icônicas e neutras em carbono, dando aos consumidores a oportunidade de contribuir com a luta contra as mudanças climáticas, como KitKat, Nespresso e Nescafé”.

Outra iniciativa do Grupo Nestlé é o uso de ferramentas para auxiliar no menor impacto para o meio ambiente, “Um exemplo prático é a iniciativa de uso de geomonitoramento em fazendas de cacau, que aumenta o grau de rastreabilidade da matéria-prima. Por meio de imagens de satélite, conseguimos monitorar de forma contínua mais de 1.100 propriedades produtoras de cacau – podendo-se observar alterações na cobertura do solo e sinais de desmatamento”.

A Nestlé também desenvolve diferentes programas voltados para o uso sustentável de recursos naturais. Segundo o porta-voz da empresa, durante 10 anos, houve uma redução em 40% no consumo de águas nas fábricas. “Dentro dessa abrangente agenda, temos diversos programas já bastante maduros, outros em fases iniciais e alguns ainda em gestação. Como programas mais maduros, posso destacar nossas iniciativas de agricultura regenerativa nas cadeias de fornecimento, como em cafés (por meio do programa Cultivado com Respeito), cacau (por meio do programa Nestlé Cocoa Plan) e leite (Programa de Práticas Sustentáveis). Todos contemplam critérios de adequação de qualidade, sociais e ambientais”.

A Nestlé possui uma política de zero resíduo para envio a aterros ou incineração desde 2017. Um exemplo desse compromisso é a fábrica em Montes Claros (MG), “Inaugurada em 2015, ela já foi projetada com modernas tecnologias para garantir o uso sustentável de recursos em todas as etapas da produção. Foi a primeira unidade fabril da Nestlé a receber a certificação de Impacto Ambiental Neutro em três dimensões: água, resíduos e emissão de carbono. A unidade de Montes Claros não utiliza água potável oriunda da natureza em seus processos produtivos”.

Além disso, a Nestlé compreende a importância da sustentabilidade e a inclusão da diversidade dentro da marca. “Diversidade é fundamental para a sobrevivência de uma empresa a longo prazo. Se nós não tivermos um espelho da sociedade brasileira, nunca teremos sucesso. Temos o princípio de que uma cultura diversa e inclusiva é a base de nossa força. Incluir para ter um ambiente diverso em todas as frentes faz parte de uma jornada que estamos comprometidos a trilhar, reduzindo barreiras à inclusão e oportunidades para a carreira dos diferentes públicos com que atuamos”.

Fabio Spinelli ainda acrescentou: “A Nestlé conta com um centro de diversidade e inclusão na gestão de pessoas e vem realizando workshops internos para discutir as temáticas da área com convidados externos em lives abertas para a participação dos colaboradores. Aos colaboradores, distribuiu um Guia de Comunicação Inclusiva, com explicações e linguagens que auxiliam no entendimento dessa comunicação, e tem estratégias e programas próprios para: equilíbrio de gênero, LGBTQIA +, pessoas com deficiência, raça negra e gerações. As iniciativas abrangem novas formas de contratação e desenvolvimento, contemplando conscientização”.

Várias organizações no Brasil observam um cenário favorável para a adesão ao ESG atualmente. Empresas como a Braskem, que atua no setor químico e petroquímico, em que tem uma participação relevante em inúmeras cadeias produtivas, se tornam essenciais para o desenvolvimento econômico e para criação de soluções sustentáveis para a melhoria da qualidade de vida das pessoas. A empresa foi criada a partir da integração de seis empresas da Organização Odebrecht e do Grupo Mariani.

As ações da Braskem valorizaram mais 185% na B3 em 2021. A receita da companhia no primeiro semestre totalizou R$ 49,1 bilhões, com um lucro líquido de R$ 9,9 bilhões. E para o segundo semestre, é estimado que o resultado venha ainda melhor, pois o valor de mercado da petroquímica subiu 165% no ano, para R$ 51,9 bilhões.

A empresa está com alguns projetos sustentáveis, o primeiro seria para eliminação de resíduos plásticos, entrando em parceria com outras empresas especializadas em engenharia ambiental. Eles têm como meta evitar que mais de 2 mil toneladas de resíduos plásticos sejam despejadas em aterros sanitários. Já no segundo projeto, a companhia está investindo em pesquisa, para desenvolver outros produtos de origem renovável, como, por exemplo, o monoetileno glicol (MEG) produzido a partir do açúcar, e também lançou a primeira cera de polietileno (PE) de fonte renovável do mundo, direcionada para a produção de adesivos, cosméticos, tintas e compostos utilizados em processos de transformação das resinas termoplásticas. De acordo com Marina Rossi, gerente de Desenvolvimento Sustentável da Braskem, a empresa é adepta ao modo sustentável e relata o porquê.

“Nossos investidores e o mercado financeiro de maneira geral são públicos-chave, e nossas práticas de desenvolvimento sustentável dão suporte para que tenhamos cada vez uma melhor performance em ESG”, diz. “Os compromissos anunciados este ano estão em linha com esse propósito, e dedicamos uma dimensão da nossa estratégia exclusivamente à conexão entre o desenvolvimento sustentável e nossos resultados econômicos e financeiros. Estamos comprometidos com o fortalecimento de práticas ESG e em relações duradouras com diferentes públicos, como clientes, integrantes, fornecedores e parceiros, tendo como objetivo se colocar entre as melhores empresas do mundo em desenvolvimento sustentável, assim como adotar as melhores práticas globais com foco em ESG”.

O banco Santander está ativo no mercado desde 1982, sendo o terceiro maior banco privado do país. Trabalha a gestão de recursos naturais e resíduos, tendo metas de redução, com monitoramento centralizado e engajando os funcionários. O banco registrou lucro líquido recorrente de R$ 4,171 bilhões no 2º trimestre em 2021.

A empresa se comprometeu a reduzir as emissões e apoiar clientes e fornecedores na transição para uma economia de baixo carbono. Desde 2007, constrói boas práticas de sustentabilidade. As ações da área de Sustentabilidade do Santander, nas esferas do meio-ambiente e climáticas, sociais e de governança foram produzidas por Carolina Learth, responsável pela área de Sustentabilidade do Santander Brasil.

Carolina ressalta que a governança do grupo se manifesta de forma corporativa, ou seja, engloba diversas práticas cotidianas que são adotadas voluntariamente, através dos padrões exigidos pela legislação no país. “Essa estrutura inclui o Comitê de Sustentabilidade, subordinado ao Conselho de Administração e uma equipe dedicada ao tema, garantindo a correta execução de nossas práticas, o alinhamento entre as diferentes frentes de ação e a permanente identificação de oportunidades. Equipes especializadas em diferentes vice-presidências são responsáveis pela integração de aspectos sociais, ambientais e de governança no dia a dia da organização. A Política de Responsabilidade Socioambiental (PRSA) consolida nosso compromisso com a gestão dos temas socioambientais”.

O Santander é considerado um representante adequado para assessorar projetos focados em energia renovável no Brasil. “Temos impulsionado o desenvolvimento desse mercado desde 2005, respondendo pela estruturação e financiamento de mais de 30% dos projetos eólicos implantados no país e com uma participação destacada na energia solar centralizada. Também nos destacamos no financiamento à geração solar distribuída, gerada pelo próprio consumidor, sendo líder de mercado com a Santander Financiamentos”.

Em 2019, com a Política Nacional de Biocombustíveis, que incentiva a descarbonização das matrizes de transportes em território nacional, a empresa afirma: “Apoiamos o programa desde o início, colaborando com o MME, B3, Anbima e emissores. Para nós é de extrema importância participar da estruturação do primeiro ativo de carbono regulado do Brasil”. No ano de 2020 ganhou uma nova aprovação de regulamento de saneamento. “Fomos o primeiro em adotar um posicionamento, lançando uma linha de R$ 5 bilhões para viabilizar investimentos no setor. Além disso, também estivemos à frente das primeiras emissões de Green Bonds feitas por empresas brasileiras no mercado internacional, em 2015. Desde então, temos ampliado os negócios nessa área”.

Outro ponto efetivo é que durante o ano de 2021 é que a empresa lançou o CDB Baixo Carbono. “É um investimento sustentável, de baixo risco, destinado para empresas que desejam ter em seu portfólio investimentos mais sustentáveis, capazes de reduzir suas emissões de gases de efeito estufa. Os recursos de sua aplicação em CDB serão direcionados para financiar projetos sustentáveis de empresas que promovam ações para reduzir a emissão de gases de efeito estufa. Por exemplo, com o financiamento de placas solares e bicicletas”.

O Santander construiu uma reputação no agronegócio. “Monitoramos 100% dos imóveis rurais das áreas beneficiadas e nas propriedades utilizadas como garantia das operações agro (Crédito Rural, BNDES e CPR), durante toda a vigência do contrato. Isso inclui embargos relacionados a áreas desmatadas, incursões em territórios indígenas e unidades de conservação, sítio arqueológico, comunidade quilombola, monitoramento do CPF e CNPJ para trabalho escravo, além de embargo Ibama por CPF e CNPJ. Em 2020, foram 12.930 propriedades monitoradas com uma ferramenta que diariamente fornece informações sobre alertas de risco socioambiental”.

No valor social da empresa, a porta-voz destaca: “Temos dois grandes projetos sociais, sendo eles o Amigo de Valor e o Parceiro do Idoso. O Amigo de Valor é um dos maiores programas de arrecadação de recursos incentivados para a garantia de direitos de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade. Desde 2002, já destinamos aproximadamente R$ 160 milhões para mais de 600 iniciativas que beneficiaram diretamente mais de 54 mil crianças e adolescentes e seus familiares. Já o Parceiro do Idoso, também baseado em uma lei de incentivo, apoiou 132 projetos em sete anos, beneficiando mais de 25 mil idosos”.

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