Em meio ao ritmo frenético das grandes cidades, onde a urgência e a eficiência ditam o compasso da vida cotidiana, a busca por desaceleração é uma tendência que se destaca. A Avenida Paulista, coração pulsante de São Paulo, entrou, em 2015, para o “Programa Ruas Abertas”, e desde então é fechada para a passagem de automóveis aos domingos. Com o sucesso do programa, as feiras de artesanato têm se multiplicado ao longo da via, atraindo os que passam por lá e convidando à reflexão e à desaceleração. Os objetos à venda, geralmente produzidos à mão, carregam a marca do tempo e da dedicação do trabalho manual.
Essa busca por desaceleração não se limita apenas aos bens materiais, mas também se reflete no consumo de práticas cotidianas. A popularização do “slow living”, por exemplo, prega uma vida menos acelerada e mais conectada com o presente. Paralelo a isso, a busca por espaços que remetam a tempos passados tem se intensificado, como o MASP, suas obras que atravessam os séculos e oferecem aos visitantes uma viagem no tempo, convidam à contemplação, ato cada vez mais raro.
O interesse por produtos e práticas que promovem a desaceleração é um reflexo da insatisfação da pressão constante por produtividade. O desejo coletivo por trás de tudo isso é encontrar significado e propósito em meio à velocidade do cotidiano, porém a busca por uma vida mais equilibrada acelera a vontade de consumir alguma coisa o tempo todo e se contradiz total e diretamente com a ideia de valorizar os momentos. Assim, o parecer levar uma vida sem pressa tornou-se mais importante do que realmente levar uma.