Transportes públicos causam mais contágio por Covid-19, afirma pesquisa

Dados reunidos pela instituição Fiocruz mostram que os meios de transporte público são responsáveis por 48,7% do contágio pelo novo coronavírus

Larissa Crippa (2º semestre)

Desde o agravamento da pandemia de Covid-19, o governo de São Paulo instaurou medidas restritivas de distanciamento social, quarentena e higiene, reduzindo a quantidade permitida de pessoas em estabelecimentos e exigindo o uso de máscaras. Mas na rede de transportes públicos, o protocolo é diferente. Segundo reportagem exibida no Jornal Nacional em 2 de julho, não há determinação oficial sobre limite de ocupação ou bloqueio de assentos nos ônibus, pois cada empresa faz ou não suas normas.

Apesar de o governo recomendar o uso de máscaras e álcool em gel, já que mais de 5,3 milhões de passageiros utilizam os serviços da SPTrans, de acordo com a plataforma Mobilize Brasil, a população paulista se arrisca diariamente, diante da falta de uma medida sanitária obrigatória, que deveria ser adotada nos transportes coletivos.

Atualmente, com o encerramento das restrições de horários e públicos declarado pelo governo do Estado, os protocolos já praticamente inexistentes estão gradativamente sendo abandonados.

Um novo estudo da Fiocruz Pernambuco, que recolheu amostras de diversos locais da cidade para identificar a presença de vírus, concluiu que os locais com maior risco de contaminação são os terminais de ônibus, com 48,7% das amostras positivas, seguidos por arredores de hospitais, com 26,8%. A aglomeração dos vagões, o uso indevido da máscara, o consumo de alimentos dentro do veículo e a falta de higienização das mãos e dos assentos constrói o ambiente ideal para a proliferação do vírus e suas variantes.

No site da SPTrans um pequeno pronunciamento informa que a frota de ônibus foi ajustada e que a prioridade do momento é manter os serviços essenciais e monitorar a movimentação dos passageiros, sem maiores satisfações.

José Carlos, 55 anos, utiliza as linhas do metrô diariamente para trabalhar e relata sua experiência. “A gente se sente um pouco inseguro, porque você tenta ficar afastado, mas a pessoa encosta em você, não tem espaço”, reclama. “Quando chego em casa, boto a roupa pra lavar, fico de máscara e uso álcool, mas mesmo assim, dentro não tem espaço, muitas pessoas ficam na porta, não caçam o corretor mais livre”. José ainda conclui, propondo soluções para tal aglomeração, alegando que a melhora depende da cooperação dos responsáveis pelo transporte e dos passageiros, que precisam colaborar para o melhor trânsito interno dos veículos.

Débora Oliveira, corretora de imóveis, também pega transporte diariamente para trabalhar, e afirma que leva máscaras extras na bolsa, álcool em gel, lava as mãos assim que chega no trabalho e tem o costume de higienizar as roupas assim que chega em casa, o que faz com que se sinta mais segura. Porém, Débora relata seu desconforto com passageiros que não compartilham do mesmo cuidado, como os que viajam com a máscara abaixo do nariz. “É um incômodo bem grande quando eu vejo gente com a máscara abaixo do nariz, tem pessoas que só enganam”, lamenta. Ela ainda expressa suas sugestões de melhora. “Aumentar as frotas, ter álcool em gel, no metrô por exemplo não tem, e maior fiscalização para quem não respeita o uso de máscara”, ressalta.

Em uma conversa com o oncologista Daniel Garcia, do portal de saúde A.C. Camargo (Câncer Center), que repassa as informações fornecidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o médico aconselha: “Tenha sempre na bolsa um higienizante, que ajuda a deixar as mãos limpas e protegidas”.

A OMS recomenda também que as pessoas evitem tocar os olhos, a boca ou o nariz, pois são a porta de entrada do vírus, além de cobrir a boca e o nariz com o cotovelo ao espirrar. O médico ainda explica que trocar de roupa ao chegar em casa é essencial ao pegar transporte, além de evitar encostar na parte externa da sua máscara. O vírus não entra no corpo pelas mãos, mas sim quando entra em contato com partes vulneráveis do rosto.