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Direitos Humanos Edição 05 - Direitos Humanos Plural

Ex-ministra dos Direitos Humanos afirma que racismo precisa ser combatido

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CLAUDIA COSTA | PRICILLA COMAZZETTO
»»»“Eu tenho um sonho de que meus quatro filhos um dia viverão numa nação onde não serão julgados pela cor de sua pele, mas sim pelo conteúdo de seu caráter.” No dia 28 de agosto de 1963, diante de milhares de pessoas em Washington (EUA), Martin Luther King pronunciou seu mais famoso discurso pelo fim da discriminação racial e do preconceito.
Defensor dos direitos dos negros, Luther King foi a pessoa mais jovem a receber um prêmio Nobel da Paz. Foi consagrado em 1964, em reconhecimento à sua liderança pelo fim do preconceito racial nos Estados Unidos. Cinquenta anos depois, contudo, o Brasil e o mundo ainda lutam diariamente contra o preconceito.
Em entrevista exclusiva à Plural, a ex-ministra dos Direitos Humanos Maria do Rosário afirma que é importante reconhecer a cultura preconceituosa do brasileiro. De acordo com ela, o país não tapa o sol com a peneira e sabe que vive contradições. “O país sabe, por exemplo, que conta com o importante instrumento da Lei Maria da Penha, mas não fechamos os olhos para a violência que ainda atinge mulheres e meninas. Assumimos a responsabilidade diária de superarmos o racismo institucional, estrutural e cultural que compõe a formação da sociedade brasileira e que nos desafia para que possamos pôr um ponto final numa violência tão perversa quanto aquela que move as desigualdades raciais ainda no nosso país. Precisamos, portanto, reconhecer essas violações para enfrentá-las e darmos um basta definitivo nas discriminações e violências.”
O sociólogo Felipe Padilha concorda que “o Brasil é muito racista. Você pega as estatísticas e vê que pessoas de pele mais escura ganham menos. Historicamente, é óbvio que somos preconceituosos, racistas, machistas, homofóbicos”.
Segundo ele, “qualquer pessoa tem [preconceitos]. Preconceber as coisas é uma capacidade da inteligência humana”. O problema, afirma, é quando esse instrumento é usado para fazer vítimas entre aquelas que são consideradas diferentes em relação à maioria.

O jornalista Gean Gonçalves, que foi vítima de homofobia | Foto: Pricilla Comazzetto

O jornalista Gean Gonçalves, que foi vítima de homofobia | Foto: Pricilla Comazzetto

Embora mais comum e flagrante no Brasil, o preconceito de raça não é o único. Temos preconceito contra os mais pobres, contra imigrantes, contra homossexuais e diversos outros grupos.
A ciência também se ocupa de pesquisar o tema. “O preconceito é um tipo de emoção. É igual à intuição. Você tem a intuição baseada nas experiências que você teve anteriormente”, explica o neurocirurgião Delcidio Coletta Junior.
O especialista cita um estudo americano de 2003. “Nos Estados Unidos, testaram 30 pessoas brancas e essas pessoas tinham que dar conceitos positivos e negativos para as imagens que viam. O tempo que demoravam para associar os conceitos é o que foi considerado como preconceito. Não queriam dizer que quem tinha preconceito detectado por esse trabalho era preconceituoso no dia a dia, porque ele pode dominar essa preconceito racionalmente. Essas mesmas pessoas depois faziam entrevista com um negro e com um branco. O que perceberam foi que as pessoas que eram mais preconceituosas se sentiam mais cansadas e seus cérebros se esgotavam.”
Homofobia
Nos últimos anos no Brasil, vários casos de homofobia têm deixado a população alarmada e chocada com a violência.
Gean Gonçalves, jornalista e homossexual assumido, conta que um dia estava voltando do cabelereiro na rua Augusta, acompanhado de um amigo, e, ao passarem em frente a um bar, um dos frequentadores do local começou a agredi-lo verbalmente. “Aquilo me marcou demais. Ele dizia que a minha existência o incomodava e o deixava com o desejo de me agredir”, desabafa.
Quando tentou seguir seu caminho sem dar atenção às provocações, o agressor se tornou violento e tentou acertar a sua nuca. “Meu amigo estava ao meu lado. Ele percebeu e colocou a mão por trás das minhas costas e me deu um impulso. Nisso, eu só senti o braço dele [o agressor] me encostando. Se fosse com toda a força, eu provavelmente teria desmaiado”, conta.
Quando foram à delegacia fazer um BO, se depararam com uma situação que os frustrou mais ainda. “O atendente estava mais preocupado em entender quem nós éramos, o que estávamos fazendo, se tínhamos um relacionamento, se morávamos juntos. Perguntas de cunho pessoal que eu já tinha declarado para ele.” Para Gonçalves, o funcionário estava buscando algo para justificar a agressão.
O jornalista conta que desistiram de registrar a ocorrência e que apenas dois dias após o ocorrido ele enviou um e-mail para a ouvidoria da Secrtaria de Direitos Humanos, responsável por acompanhar casos de violência homofóbica no Brasil. Comenta que, após isso, a ocorrência foi registrada.
Xenofobia
Cursando faculdade de Engenharia Automobilística na França há dois anos, Bettina Vettori conta que todo dia há alguma brincadeira de mau gosto que a deixa sem graça.
“Eu estudo em uma faculdade em que 90% da população é masculina. No meu primeiro dia de aula, eles chamaram as meninas na frente do auditório para se apresentarem: nome, idade e escolha de curso. Fui lá e, em seguida, alguém acrescentou ‘e de onde vem’.”
Bettina não gostou da ideia, pois já viveu inúmeras situações nas quais dizer que é brasileira a “transformou” em prostituta, travesti, objeto sexual.
A estudante de 20 anos, Renata
Evelyn Almeida Melo afirma ter sofrido preconceito por ser do nordeste. Segundo a baiana, vários comentários a atormentaram. “Tive que aguentar brincadeirinhas idiotas quando morei no Espírito Santo. Lá, no colégio, sempre tive que ouvir coisa do tipo ‘baiano é preguiçoso’ ou ‘você é baiana? nem parece, você nem é negra!’,
ou pessoas maldosamente rindo do meu sotaque, achando que eu falava errado.”
“Houve até um episódio em que eu faltei na aula porque estava doente e um professor perguntou para minha amiga o motivo da minha falta. Então, uma menina falou ‘ela é baiana, deve estar dormindo ainda’, mas minha amiga me defendeu dizendo que eu era mais esforçada que a maioria da turma.”

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