Projeto promove inclusão de pessoas com Síndrome de Down no teatro
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A inclusão de portadores de Síndrome de Down em atividades artísticas é cada vez mais comum. Espontâneos e dotados da capacidade de expressar emoções, costumam demonstrar talento, por exemplo, no teatro – eixo em que investe a companhia Oficina dos Menestréis, instalada em São Paulo.
A busca dos alunos pelo teatro está ligada ao interesse por exercícios dinâmicos e por oportunidades de descontração e interação. As alunas Julia Marincek Vicentini e Juliana Pessoa Adorno, ambas de 22 anos, dizem que conheceram o grupo por meio de amigos e familiares; desde então, participam de todas as peças da Oficina. Anualmente, a companhia apresenta o espetáculo “Up”, que reúne artistas com Síndrome de Down e apresenta cenas de diversas peças de seu repertório, além de criações originais para o grupo. A formação dos atores dura cerca de oito meses.
A ideia do projeto surgiu em 2003, proposta por Deto Montenegro, diretor da Oficina, junto ao professor Candé Brandão. Deto diz que, apesar de nunca haver estudado a síndrome a fundo, aprende a cada aula, transformando o projeto – e, consequentemente, o espetáculo – em uma nova experiência.
“Os alunos não são uniformes na hora de atuar; mas têm sua própria bagunça organizada”, brinca o diretor. “Há uma vaidade natural à ação. Os participantes entram num mundo lúdico, que é algo de que o artista precisa.”
Anne Ramos, também aluna e professora da companhia, viu uma grande oportunidade surgir assim que foi convidada para integrar o projeto. “Antes não conhecia como era dar aula para eles, então foi através da vivência, da prática, que aprendi. São pessoas muito carinhosas, que animam o dia”, argumenta.
A inserção de pessoas portadoras de deficiência na arte é, em muitos casos, uma forma de permitir a construção de carreiras. Julia Vicentini, por exemplo, está na área artística desde a infância e deseja continuar a participar do grupo. “Sinto-me mais leve, mais calma; isso desperta coisas boas dentro de mim”, diz. “Também me sinto assim. É muito bom estar livre no palco, entre meus amigos”, concorda Juliana.
As jovens têm em quem se inspirar. Já há casos de sucesso entre portadores de Síndrome de Down que alcançam reconhecimento nos palcos. A paulista Aline Fávaro Tomaz, 31 anos, por exemplo, começou a carreira aos três anos de idade e, hoje, é referência tanto no teatro quanto no balé: uma de suas performances mais marcantes como bailarina foi em Madri, na Espanha, durante o VI Congresso Mundial sobre a Síndrome de Down, em 1997. Sua história acabou, inclusive, virando livro (“A bailarina especial”).
Maria Eugênia e Mariana Oliveira (1º semestre)