Prefeitura decide abrir Parque Ibirapuera nas madrugadas dos fins de semana

Moradores reclamam, mas consulta pública virtual pretende ouvir cidadãos

Ibirapuera, um dos maiores cartões postais de São Paulo, pode virar point noturno. Foto: Thiago Montero

“Praia de paulista é o Ibirapuera”, já cantou Rita Lee. Um dos destinos mais procurados pelos moradores da capital, o Parque Ibirapuera, inaugurado em 1954, é um dos lugares mais frequentados de São Paulo. Também é uma das áreas verdes, de cultura e de lazer mais importantes da metrópole.

Foi por isso que o prefeito, Fernando Haddad, decidiu abri-lo durante 24 horas aos finais de semana. E isso é só o começo. No Plano de Metas de sua gestão, Haddad quer 32 parques e clubes da cidade abertos constantemente aos sábados e domingos. E rápido! O início dessa implantação já deu o que falar.

A segurança do parque e de seus frequentadores é o critério de maior polêmica. É nesse momento de controvérsias que grita a voz do povo. Moradores das regiões próximas estão tentando impedir essa decisão. “O nosso maior ponto, realmente, é a segurança. Já existem pessoas que invadem o parque. Há muitos casos de roubos, furtos e assaltos. Pior: há tráfico de drogas e prostituição. Imagina se fica aberto de madrugada”, diz Oswaldo Luiz Baccan, presidente da Associação de Moradores e Amigos da Vila Mariana.

Segundo divulgado no portal da Prefeitura Municipal, um plano de segurança está sendo concluído. Após a meia noite, um terço do parque ficará aberto. Nessa área, encontram-se o MAM (Museu da Arte Moderna) e o Museu Afro Brasil. A OCA, famoso pavilhão de exposições, e uma marquise central, que funciona como espaço de lazer, também ficarão abertas para visitantes.

As quadras e as pistas, assim como o lago e o viveiro, continuarão fechadas. O acesso estará aberto apenas para pedestres e ciclistas. A entrada será pelo portão 2. Para aumentar a segurança, a Guarda Civil Metropolitana deve ser reforçada.

Vizinhos e meio ambiente

Entretanto, a Prefeitura terá que suar ainda mais. O plano de segurança anunciado não satisfaz os vizinhos do parque. “Também não é só a segurança. O parque abriga animais silvestres e uma enorme área verde. A fauna e a flora precisam ser protegidas. Precisamos ter essa preservação ambiental. Queremos banir essa decisão”, afirma Baccan.

Alan Novaes, 21, morador da Vila Mariana há cinco anos e fiel frequentador do parque, concorda com a Associação. “Não faz sentido. De madrugada, as pessoas estão dormindo. Elas não vão passear no parque às três da manhã”, comenta.

O voto contra parece ser maioria. Norma Abel, 40, mora na região desde criança e tem um ponto para discussão. “E o barulho? Vai ficar um caos isso aqui. Alguma hora do dia precisamos de descanso. A Prefeitura inventa coisa nova e parece não se importar com as consequências”, diz.

A Secretaria do Verde e do Meio Ambiente entrou em reunião com o conselho gestor do parque no dia 4 de setembro. Anotando os pontos principais, uma proposta foi levantada. Nos próximos dias, segundo divulgado no portal da Prefeitura, haverá uma consulta pública virtual para saber a opinião da população sobre o assunto. Uma nova reunião foi marcada para o dia 19 deste mês.

Se tudo der certo para Haddad, o Parque Ibirapuera funcionará durante 24 horas aos finais de semana a partir do dia 28 de setembro. Curto prazo para os moradores da região arregimentarem forças para barrar a iniciativa.

Thiago Montero (4° semestre)