Preços altos de diárias reduzem ocupação de hotéis em São Paulo na Copa do Mundo

Em termos econômicos, é inegável que o Brasil vai ter uma grande vantagem nesse período de Copa do Mundo. As pessoas vão viajar pelo País e, consequentemente, consumir. Esse fator poderá ser responsável pelos benefícios que serão trazidos para os setores de alimentação, hotelaria e, de maneira geral, para toda a estrutura econômica brasileira”, diz o economista Luis Carlos Berti.

Uma das maiores expectativas era o setor hoteleiro. Um estudo realizado pelo comparador de viagens Mundi, entre julho de 2013 e março de 2014, apontou que o preço das diárias poderia aumentar até 290% durante o período do mundial.

Mas, de acordo com a BSH Internacional, consultoria especializada em hotelaria no Brasil, o ramo pode perder uma quantia de pelo menos R$ 180 milhões com aluguel de quartos que não foram preenchidos nos hotéis da cidade de São Paulo. 

Vagas

Algumas semanas antes do início da Copa do Mundo, as reservas dos hotéis de São Paulo já mostravam que as expectativas não foram atingidas. Ainda segundo Berti, os preços médios das reservas caíram, uma vez que houve exagero no cálculo da quantidade de turistas que se hospedariam nos hotéis da capital. “A previsão inicial estimava que o número de turistas somaria 1 milhão de pessoas. Porém, a realidade hoje é de apenas 600 mil”, afirma.

Segundo informações do Portal da Copa, site do governo brasileiro sobre o Mundial de 2014, 55% dos quartos disponíveis para o período de jogos estão ocupados. O Rio de Janeiro é a cidade mais procurada, com 88% de ocupação, e São Paulo, com 31%, tem a menor taxa de reservas.

 

Dado divulgado pelo Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (FOHB), que reúne 71% de todos os quartos de hotéis operados por empresas de rede, como Accor, Meliã e Othon, aponta que apenas 24% de todas essas unidades foram reservadas na capital paulista.

Apesar de os dados apontarem que São Paulo é a cidade com menor taxa de ocupação, um fato que deve ser levado em consideração é o tamanho de sua rede hoteleira. Ela consiste em 42 mil apartamentos, muito diferente do Rio de Janeiro que dispõe de 22 mil leitos. Essa diferença de tamanho faz com que São Paulo, mesmo tendo apenas 31% das vagas ocupadas, seja a cidade que mais comercializou diárias para o período da Copa do Mundo, 78 mil.

 

Turista

Alexandre Inserra é administrador de empresa e optou por assistir às quartas de final da Copa em Salvador com mais 20 amigos. Uma parte do grupo fez as reservas em dezembro do ano passado, e Inserra, em fevereiro. Ele conta que pagou um valor superior ao dos amigos. “O que me surpreendeu foi que algumas pessoas que só resolveram reservar agora conseguiram o mesmo hotel por um preço mais baixo, o que mostra que a procura não foi muito alta”, afirma.

Inserra notou que ainda existem opções de hospedagem que atendem os mais diversos tipos de orçamentos e diz que, para ele, o maior gasto investido na viagem foi com as passagens aéreas. “Foi fácil encontrar um hotel que estivesse de acordo com minha renda, porém, naquele momento, o mais difícil foi comprar passagens com preços mais baixos”.

Hotéis

As grandes redes de hotéis não forneceram preços ou outras informações oficialmente à reportagem, alegando questões estratégicas. Consultado informalmente, um funcionário da rede de hotéis europeia Meliã afirma que há vagas disponíveis para o período da Copa do Mundo, embora as tarifas ainda estejam um pouco acima dos valores regulares. Segundo ele, até duas semanas antes da Copa, o hotel só tinha um grupo fechado de hóspedes, europeus. Ele afirma ainda que o hotel já conta com um cardápio bilíngue, mas que não houve nenhum treinamento específico de inglês para os funcionários por conta do Mundial.

Também consultado informalmente, um funcionário do Central Park Jardins, na alameda Ministro Rocha Azevedo, afirma que, do dia 10 ao dia 13 de junho, as reservas estão praticamente esgotadas. “A maior parte das nossas reservas são de ingleses e turistas brasileiros. Temos muitas reservas de Porto Alegre, Rio de Janeiro e também do Nordeste”.

Ele comenta que o esperado para esses dias de junho era, de fato, lotação. Entretanto, o funcionário também diz que o hotel estava preparado para uma demanda maior no começo do mês, o que não aconteceu.

Em relação à preparação do hotel para receber turistas estrangeiros, ele diz: “Os nossos funcionários da recepção são treinados em inglês e espanhol. Alguns de nossos funcionários que realizam os serviços de quarto tiveram aulas de inglês básico”. Os cardápios, tanto do restaurante do hotel quanto dos quartos, terão tradução para o inglês.

Funcionários de outros hotéis, como rede Accor, Renaissance e Transamérica não quiseram informar dados referentes ao período da Copa, alegando que as informações são confidenciais.

A reportagem telefonou para as principais redes de hotéis e simulou uma reserva para um grupo de aproximadamente dez pessoas, doa dia 10 ao dia 15 de junho em São Paulo. As informações foram coletadas no dia 20 de maio.

Foram pesquisados os preços em duas unidades do Hotel Ibis, Morumbi e Barra Funda. No primeiro, as três primeiras diárias saem por R$ 359, enquanto as duas últimas, por R$ 189. Já na Barra Funda, as diárias de todo o período custam R$ 359. Em ambos os hotéis, ainda há vagas para todo o mês de junho.

Hotéis mais luxuosos também fazem parte da lista. O Transamérica apresentou a diária mais cara, de R$ 1.070, mais fuma taxa de 5% de serviço. Já o Hotel Renaissance, próximo avenida Paulista, foi o único que informou ter todos os seus quartos ocupados de 10 a 12 de junho, data da abertura da Copa. A partir do dia 13, quando alguns apartamentos estarão disponíveis, o preço da diária fica em R$ 1.008. Entretanto, em razão da grande procura, eles exigem que, especificamente nessa época, o turista faça um pré-pagamento total de sua estada, por motivos de segurança.

Agência de turismo

Danyel Lorenzo, agente de viagem da empresa Fauxtur, acreditava que as cidades sede da Copa do Mundo teriam uma ocupação apenas de turistas estrangeiros devido aos altos valores de hotéis e passagens aéreas. No entanto, não houve essa imensa procura por parte de estrangeiros. “Acredito que a baixa demanda está relacionada com a situação que vivemos nesse clima de guerra e também a cobrança abusiva dos hotéis”, afirma, referindo-se aos protestos contra a Copa do Mundo.

Em relação aos valores das redes hoteleiras, o agente de viagem afirma ter observado um aumento em todas as cidades sede da Copa, com acréscimos de mais de 100%. “A cidade de São Paulo está com preços impraticáveis”, avalia.

A empresa, localizada no bairro da Vila Mariana, em São Paulo, também possui filial em Miami e, por esse motivo, costuma vender mais pacotes para o exterior do que nacionais. “O que notamos foi um aumento significativo de brasileiros programando suas viagens para fora do Brasil durante o Mundial, para fugirem desse período que julgam caótico em nosso País”, diz Lorenzo.

Em reportagem publicada no site do jornal Folha de S.Paulo, no dia 20 de maio, a SPTuris, empresa que gerencia o turismo na cidade de São Paulo, afirmava que a perda de receita do setor hoteleiro deve ser maior no período da Copa do Mundo, devido à baixa procura por reservas de hotéis na capital paulista. No entanto,  a organização acredita na recuperação do setor após o término do evento, no meio de julho.

 

Serviço

Central Park Jardins

Alameda Ministro Rocha Azevedo, 523 – Cerqueira César, São Paulo

Telefone: (11) 3087-0100

 

Hotéis Accor

Telefone: (11) 5547-8007

 

Hotel Ibis São Paulo Expo Barra Funda

Rua Eduardo Viana, 163 – Barra Funda, São Paulo

Telefone: (11) 3393-7300

 

Hotel Meliã Paulista 

Avenida Paulista, 2181 – Consolação, São Paulo

Telefone:  (11) 2184-1600

 

Ibis Budget Morumbi

Avenida Roque Petroni Júnior, 800 – Jardim das Acácias – Vila Gertrudes, São Paulo

Telefone: (11) 3775-7500

 

Hotel Transamérica

Avenida das Nações Unidas, 18591 – Vila Almeida, São Paulo

Telefone: (11) 5693-4050

 

Renaissance São Paulo Hotel

Alameda Santos, 2233 – Cerqueira César, São Paulo

Telefone: (11) 3069-2233

Carla Fernandez, Fernanda Botteghin, Giovanna Vieira e Marina Ayub (3º semestre)