A imigração japonesa para o Brasil foi marcada pela chegada do navio Kasato Maru em Santos, no dia 18 de junho de 1908. Vinda do porto de Kobe, a embarcação trouxe do Japão os 781 imigrantes, em uma viagem que durou 52 dias. A vinda dos imigrantes japoneses foi motivada por interesses de ambas as nações: o Brasil, em um período logo após a abolição da escravatura, necessitava de mão-de-obra nas fazendas de café; enquanto o Japão passava por um momento de alto crescimento demográfico e precisava aliviar a tensão social no país.
Os primeiros imigrantes eram vinculados ao acordo imigratório estabelecido entre o Estado de São Paulo e o Japão em 1907. Antes disso, alguns esforços para a imigração já vinham sendo feitos, como a abertura brasileira às imigrações japonesas e chinesas, autorizada por um decreto lei em 1892, e o Tratado da Amizade, Comércio e Navegação, assinado entre o Brasil, Japão e França, em 1895.
Os japoneses que chegaram foram distribuídos em fazendas paulistas, mas passaram por difíceis períodos de adaptação, por conta de fatores como o trabalho pesado e por não conhecerem a língua, e acabavam abandonando os locais. Em 1909, restavam nas fazendas apenas 191 dos 781 imigrantes. Em 1910, outro navio aportou em Santos, com mais 906 trabalhadores. Ainda aconteceriam problemas de adaptação, mas com o tempo os conflitos diminuíram e a permanência nos locais de trabalho passou a ser mais duradoura. Os imigrantes se estabeleceram principalmente em São Paulo, no Paraná e em Minas Gerais, onde trabalhavam em fazendas de café e de algodão, e até em minas de ouro.
Durante o período da Segunda Guerra Mundial, os japoneses sofreram severas restrições, porque o país integrava o Eixo, inimigo dos Aliados. Com o fim do conflito, os acordos foram reestabelecidos e a imigração voltou a acontecer. Foi apenas em 1973 que chegou a Santos o Nippon Maru, o último navio a transportar imigrantes japoneses. Mas, a imigração ao Brasil ainda continuou durante as décadas seguintes e ao passar dos anos, os japoneses conseguiram se estabelecer cada vez mais, conquistando espaço na política, na economia e na cultura brasileira. Atualmente, o Brasil é o país que concentra a maior população de japoneses fora do Japão.
Os imigrantes japoneses trouxeram muitas influências à cultura brasileira. Eles introduziram novos cultivos no país e aperfeiçoaram a cultura da batata, do tomate e do arroz, além de trazerem muito da própria culinária japonesa. Outras influências foram as famosas árvores cerejeiras, as artes marciais, como o judô e o karatê, as religiões, como o budismo, e até as artes, como o mangá. Atualmente, existem diversas instituições que preservam a memória da imigração japonesa, como o Museu da Colonização Agrícola do Paraná, em Rolândia, e o Museu Histórico da Imigração Japonesa do Brasil, em São Paulo. Também em São Paulo, o bairro da Liberdade é uma referência para o comércio e a cultura japonesa.