Opção de Haddad por ônibus estimula discussão sobre transporte público
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O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, trocou o carro oficial pelo ônibus para ir de sua residência, no bairro do Paraíso, zona sul, até a Prefeitura, no centro da cidade. Ele utilizou o transporte público nos dias 3 e 5 de outubro e o seu intuito foi incentivar o uso desse transporte e analisar o andamento das novas faixas de ônibus.
O prefeito, que fez o trajeto acompanhado de seu assessor militar, afirmou ao repórter do jornal Folha de S.Paulo que fará o percurso “sempre que possível”.
“A atitude do Haddad mostra que ele está tentando melhorar a qualidade e incentivar o uso dos ônibus, mas eu acredito que isso não irá ocorrer”, opina a consultora imobiliária Rosa Marcelino. O trânsito e a lotação de ônibus e metrôs são os principais problemas apontados por Rosa na lista de fatores que prejudicaram a qualidade do transporte público nos últimos anos.
Imagem
Gabriel Milano concorda com Rose. O estudante de Comunicação Social acredita que o prefeito não é uma imagem de referência e de inspiração para gerar influência e incentivo à população. “Sua imagem tem sido uma das mais ausentes na relação político-candidato, o que sempre sugeriu negligência e falta de comprometimento”, enfatiza.
O estudante, que usa o transporte público todos os dias para ir à faculdade, acrescenta que o sistema teve melhoras, mas ainda é precário devido à grande demanda de São Paulo.
Analista de comércio exterior, Sheila Bayer pensa como Milano e afirma que a qualidade do transporte público poderia melhorar muito e que vários problemas devem ser sanados, como a lentidão e a falta de estrutura. “O valor (da passagem) poderia até aumentar um pouco, caso a qualidade melhorasse”, conta.
Padrão internacional
Sheila acredita que a atitude do prefeito não irá incentivar a população e que ele deve, primeiramente, melhorar a qualidade do transporte. “Eu acho uma hipocrisia. Ele incentiva o transporte público, mas antes é preciso melhorá-lo para que as pessoas possam utilizar”.
A analista também comparou o sistema brasileiro ao europeu, que possui, por exemplo, vias maiores de metrô. “Na Europa, o transporte público é ótimo. As pessoas utilizam ônibus e não há demora. Enfim, há uma estrutura bem melhor. Nos metrôs, as vias são bem maiores e as pessoas vão sentadas. Não tem o aperto que tem aqui”.
A iniciativa de Haddad não gerou bom impacto na população. Segundo informações publicadas na Folha de S.Paulo, o prefeito estuda baixar um decreto que faça com que sua equipe, formada por secretários municipais e assessores, utilize os ônibus como meio de transporte para ir ao trabalho todos os dias. A proposta ainda não foi efetivada, mas faz parte da campanha de incentivo a troca do automóvel pelo transporte coletivo.
Carla Fernandez (2° semestre)