“O Flamenco é democrático”, diz bailarina Ale Kalaf, que se apresenta na Virada Cultural
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Nascida em Poços de Caldas, Minas Gerais, Ale Kalaf é dançarina profissional de dança Flamenca e psicóloga. Apesar de estar envolvida com a dança desde os 16 anos, segundo ela, o fato de ter tido sorte com seus professores só fez sua paixão crescer. Com 18 anos, foi ao México e conheceu o Flamenco. O interesse pela dança fez com que ficasse no país seis meses e não um, como previsto. No Brasil, continuou a dançar profissionalmente. Depois, criou o Grupo Luceros e no sábado, 18 de maio, irá estrear na Virada Cultural como coreógrafa do Grupo Flamenco Ale Kalaf. A apresentação acontece na Casa das Rosas, na Avenida Paulista.
Portal de Jornalismo ESPM – O fato de o Flamenco ser representado na Virada Cultural é uma forma de reconhecimento e popularização da dança no Brasil?
Ale Kalaf – Aqui no Brasil o Flamenco está crescendo muito. Estamos ganhando editais, coisa que era só para dança contemporânea. Ganhamos prêmios também… Logo, está ganhando espaço em São Paulo. No ano passado, o Flamenco foi considerado patrimônio da humanidade, o que é uma popularização. É tão apaixonante quanto as outras artes. Mesmo não sendo uma dança brasileira, ela atinge a todos, pois é emocional.
PJ ESPM – Como funcionou a seleção para a Virada? Foi difícil?
AK – Por três vezes fomos convidados, mas acho que cada um tem que mandar seu projeto e eles escolhem. A Carmem Beatriz, que trabalha na Casa das Rosas, dança com a gente e isso ajudou na divulgação e na oportunidade. Eu acho que a primeira vez foi um risco para ela, mas deu tão certo que o convite se manteve e espero que se mantenha por mais tempo.
PJ ESPM – Na apresentação na Casa das Rosas, vocês homenagearão João Cabral de Melo Neto. De onde surgiu a ideia?
AK – Ele morou um tempo na Espanha e escreveu um livro, Sevilha Andando, onde há um poema chamado Bailadora Andaluza. Ele fala da bailarina e da sua energia, das suas expressões. Ele é apaixonado pela cultura andaluza e pelo Flamenco. Por isso, usaremos esse poema no espetáculo. Representaremos em forma de dança e recitando. É a palavra encontrando o movimento e vice-versa.
PJ ESPM – Quais as expectativas para a estreia do grupo?
AK – Primeiro, que lote. Depois, que as meninas desfrutem do show, que elas sintam a energia do povo e delas para o povo. Sintam a passagem para o profissional, da escola para fora. Elas estarão expostas e precisam confiar no talento que têm. Eu farei apenas uma participação de abertura e recitando o poema, então o show é completamente delas.
PJ ESPM – A dança e a arte podem fazer de São Paulo uma cidade melhor?
AK – Sim. Só a arte pode fazer isso. A comida da alma é o que salva o ser humano, e esse alimento é a arte. Seja um filme, uma dança, uma música ou qualquer coisa. O esporte tem sua função, como na Virada Esportiva, que é sensacional, mas quem cuida da sua emoção, do seu interior, é a arte. E é a emoção que faz tudo acontecer, do bom ao ruim. Você toca uma pessoa com um espetáculo e muda o dia dela, o jeito de passar a informação, a dedicação a ela própria. É um efeito cascata para quem dança e para quem assiste.
PJ ESPM – Para encerrar, alguma mensagem?
AK – Não tenham medo do novo, de experimentar, principalmente ligado à dança. O Flamenco é democrático e aceita todas as idades, todos os corpos… Eu brinco que é uma resistência à frustração. Quando você olha no espelho e vê que tem a ver com você, não tem nada mais gostoso. Não tenham medo de ver uma apresentação e fazer uma aula. Não tem quem não se emocione.
Serviço Grupo Flamenco Ale Kalaf na Virada Cultural Casa das Rosas Avenida Paulista, 37 Sábado, 18 de maio, 17hDébora Brotto (1° semestre)