O cenário religioso brasileiro passou por mudanças significativas entre 2010 e 2022. Segundo o Censo Demográfico 2022 do IBGE, a proporção de evangélicos cresceu de 21,6% para 26,9% da população com 10 anos ou mais, enquanto o número de católicos caiu de 65,1% para 56,7%. O crescimento é mais expressivo entre os jovens: na faixa etária de 10 a 14 anos, 52% se declaram católicos, enquanto 31,6% já se identificam como evangélicos.
Esse movimento acompanha uma tendência global. De acordo com o Grupo de Pesquisa Footprints, da Pontifícia Universidade da Santa Cruz, o aumento da religiosidade entre os jovens é marcante em países como Quênia, Filipinas e Brasil, onde entre 82% e 92% dos jovens afirmam acreditar em Deus. Parte desse aumento se deve à ação de grupos religiosos junto a jovens universitários.
Na ESPM-SP, por exemplo, o grupo Dunamis Pocket reúne semanalmente estudantes interessados em aprofundar sua vivência cristã no ambiente universitário. Os encontros incluem louvores, reflexões bíblicas e momentos de oração, promovendo um espaço de acolhimento e diálogo inter-religioso.
Davi Éber, organizador de eventos cristãos para adolescentes na USP, observa que a pandemia intensificou a busca por pertencimento e conforto espiritual. “Na USP, há um grupo ativo que organiza missões, eventos e encontros frequentes. O contato com os jovens é constante”, afirma. Ele destaca que o conforto buscado é também espiritual: “Mesmo sozinho, é possível aprender a orar e sentir a presença de Deus.”
Éber também compara o comportamento religioso dos jovens brasileiros com o de outros países. “Nos EUA, os estudantes são muito abertos à fé, com grupos cristãos que promovem esportes, estudos bíblicos e cafés comunitários. Já na Europa, especialmente na Noruega e na França, há maior ceticismo e menor presença jovem nas igrejas.”
Nas redes sociais, a fé também ganha espaço. Hashtags como #jovenscristãos (com mais de 4,4 milhões de publicações), #jovemcristão (380 mil posts) e #devocional estão entre as mais utilizadas por jovens da geração Z, que compartilham conteúdos religiosos e constroem uma identidade espiritual no ambiente digital.