Crialismo: a Semana de Arte Moderna 100 anos depois
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Artistas contemporâneos buscam reler o ambiente cultural da Semana de 1922 a partir de experiências periféricas – Foto: Alice Centi
Alice Centi (1º semestre)
“Um olhar periférico na arte de hoje: 100 anos depois, novas rupturas” foi o tema da primeira atividade promovida pelo curso de Jornalismo durante ESPMovement. Realizada na manhã do dia 20 de outubro, trouxe à tona o “crialismo”, termo originado a partir da gíria “cria”, que nomeia quem veio da periferia – ou da “quebrada” – e que diz respeito a um tipo de arte que se considera herdeira do modernismo.
A palestra foi ministrada pela arte-educadora Janaina Vieira, mais conhecida como Jana, e pelo ilustrador Guilherme Lima, o Mano Lima, com mediação do aluno Eduardo Fabricio, do 4º semestre. Os palestrantes explicaram que o movimento modernista trouxe oportunidade para novas manifestações artísticas, e isso possibilitou a inclusão da arte periférica.
“Crialismo é sobre quem é realmente cria, quem vive nessa linha tênue entre o caos e a sobrevivência, que resiste no meio de tanta agressão externa. Crialismo sou eu, são pessoas que vivem em comunidade e querem sair dali, mas, ao mesmo tempo, voltam para resgatar mais gente”, explicou Lima.
Jana contou que se encontrou na arte, inicialmente, por meio da fotografia documental. Em 2016, passou a experimentar colagens, e até hoje adota essa técnica. Ela se orgulha de ter quebrado paradigmas sociais, conseguindo expor em espaços tradicionalmente elitistas, como no Instituto Moreira Salles (IMS). “Conhecimento é a única coisa que ninguém tira de ‘nóis’”, enfatizou, referindo-se ao significado de seu trabalho como arte-educadora.
Desafios – Durante a palestra, os artistas ainda abordaram outros temas, como as dificuldades enfrentadas no início da carreira artística periférica, mostraram algumas de suas obras e expressaram pontos de vista sobre o olhar periférico na arte de hoje.
Lima destacou a importância de se falar sobre o movimento artístico que surge na periferia. “É muito importante mostrar pra eles que o moleque que é igual eles, que jogava bola com eles, que empinava pipa com eles, que eles viam, conseguiu conquistar tudo isso”, concluiu o ilustrador, que, em 2022, teve obras expostas junto com as de Anita Malfatti e de Tarsila do Amaral, no Theatro Municipal de São Paulo, durante a exposição Contramemória, e foi um dos artistas selecionados pela Nike para pintar um jaguar beneficente.
#ParaTodosVerem: Foto colorida mostra, da esquerda para a direita: Eduardo Fabricio, homem branco e de cabelos castanhos, que usa uma camiseta branca e azul da seleção brasileira e veste uma calça preta; Jana, mulher preta e de cabelos negros, usa roupa preta e jaqueta jeans; e Mano Lima, homem branco e de cabelos escuros, que usa camiseta polo branca e calça jeans. Todos estão sentados. Atrás dos palestrantes, há uma tela de projeção. Ao centro, há uma mesa com garrafas de água. E ao lado direito aparecem duas obras de Mano Lima, emolduradas e fixadas em cavaletes.