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Chico Teixeira, o viajante que busca sucesso em carreira solo

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Entusiasta da música folk, o artista apresenta-se no Sesc Vila Mariana

“Eu quero botar o meu show na estrada, quero rodar o país”, afirma Chico Teixeira. No domingo, 16 de setembro, o artista fez sua segunda apresentação (de um total de três) no Sesc Vila Mariana, em São Paulo. No espetáculo, apresentou músicas de seu novo CD, Mais Que o Viajante.

Chico é filho de Renato Teixeira, autor de sucessos como Romaria e Amizade Sincera. No CD, Renato canta com o filho a música Pai e Filho. “Chico fez a parte do filho e eu, a do pai. Isso foi uma espécie de psicanálise, cada um com sua opinião. Trata-se de uma música emblemática, um acerto de conta entre nós dois, uma situação que praticamente todo mundo passa na vida, em algum momento”, disse Renato em depoimento ao Portal de Jornalismo.

Com o lançamento do seu segundo CD, Chico Teixeira agora fala como um artista maduro. “Eu acho que eu estou formando o meu público”, diz.  Conta também como surgiu o trabalho Mais Que o Viajante e fala sobre seu próximo projeto. Confira entrevista que o cantor, músico e compositor concedeu minutos antes de começar seu show no Sesc Vila Mariana.

Portal de Jornalismo ESPM – O folk é um estilo mais rural e quase caipira, certo?

Chico Teixeira – O folk é a música que vem do interior e que, quando chega à cidade, ganha uma roupagem. É uma adaptação da música cantada pelos trabalhadores da roça. O folk é um termo inventado por um alemão no século XVIII; é uma canção que vem do povo. Todos os povos têm a sua música folk. No Brasil, Geraldo Vandré, na sua fase nordestina, fazia música folk. Vinicius (de Moraes) era folk. Só que, no Brasil, esse som nunca foi muito bem definido, nunca se levantou essa bandeira, mas se a gente for fazer uma análise, vai ver Pena Branca e Xavantinho, por exemplo, cantando “Cuitelinho”, que é uma canção que tem mais de 400 anos, e ninguém sabe o autor… Isso é uma canção folk.

PJ ESPM – Por que você canta esse tipo de música?

CT – Vem da minha natureza, não forcei nada não. De repente, eu tive influência de Geraldo Roca, Almir Sater, Renato Teixeira, que é meu pai. Eles pegaram essa música caipira, que vem do interior, e deram uma roupagem nova. Intuitivamente, eles estavam fazendo uma canção folk e dando uma guinada nesse assunto. Eu estou vindo com a consciência de que existe essa música no Brasil e que isso é feito intuitivamente.

PJ ESPM – Quais as influências mais contemporâneas na sua música?

CT – Eu escuto Almir Sater, que é impressionante; ele mudou o jeito de tocar viola. O Pena Branca e Xavantinho também. São coisas que eu ouvia de criança, ao vivo. Além de ouvir, eu via, de perto, muitas músicas sendo feitas…

PJ ESPM – Você acha que as bandas contemporâneas influenciaram muito a sua música?

CT – Com certeza. Eu acho que a gente é influenciado por tudo. Se você liga uma música no rádio, como o Eu Quero Tchu Eu Quero Tcha, você é influenciado, entendeu? É natural, é da natureza do homem, do ser humano. Então, o que eu procuro fazer é não ligar muito o rádio, na verdade. Eu acho que quando você vai em busca da música é interessante; você vai encontrar coisas magníficas… Ao contrário de a música vir encontrar você… Às vezes você não sabe como ela chegou ali, às vezes foi por meio de grana, entendeu? Eu procuro as músicas para me preencher, para que me digam alguma coisa.

PJ ESPM – Você acha que o seu público está concentrado mais na capital ou no interior?

CT – Eu acho que eu estou formando o meu público. Estou começando a minha carreira, embora eu já tenha uma estrada.

PJ ESPM – Você começou na banda do seu pai…

CT – Isso. Eu toco há dez anos na banda dele…

PJ ESPM – E em 2002 começou a carreira solo…

CT – O meu público está sendo formado. O que eu sinto é que o pessoal do interior, os estudantes, estão mais abertos. Mas eu vejo que em uma cidade do tamanho de São Paulo existem muitas pessoas que estão em busca disso também. É um som que agrada muitas pessoas. Você vê o público do Sesc Vila Mariana, é onde encaixa legal a minha música.

PJ ESPM – Em São Paulo você pode achar todos os tipos de público…

CT – São Paulo tem de tudo. Eu não vejo o meu público no Rio. Acho que no Rio de Janeiro não existe esse tipo de música, acho que rola certo preconceito. Por enquanto, eles ainda acham que a música folk é uma coisa muito rural ou caipira. E não é! O interior é muito forte para minha música. As pessoas são muito mais calmas, embora as capitais do interior sejam hoje grandes cidades. A coisa mudou muito, mas ainda assim, no interior, eu acho o meu público mais forte.

PJ ESPM – Por que o seu novo CD chamase Mais Que o Viajante?

CT – Ah, o povo me zoou tanto… Eu acho que mais que o viajante é o tempo, é a vida. Nós somos, se for ver o tamanho do universo, uma pessoa só, um pontinho ali, caminhando, entendeu? Então existem muitas coisas mais… A gente não pode se considerar tão importante assim, né? Acho que tem um todo e é por aí que vai mais que o viajante…

PJ ESPM – Quanto tempo você demorou pra gravar esse CD?

CT – Eu componho desde os 14 anos. Toco viola, violão, escrevo coisas e, nesses dez anos que eu faço parte da banda do meu pai, eu continuei compondo e sempre que eu tinha um tempinho, ia para o estúdio, convidava os amigos e gravava uma ou outra música… Fui no estúdio, um dia, e tinha 40 músicas já meio que encaminhadas.. Daí eu pensei que tinha um material legal, que daria para montar um CD. Foi a partir desse momento que eu decidi contar uma história. Acho que foram uns dois anos para eu consegui juntar a coisa, formatar, ainda assim mexendo em letra, convidando mais gente e finalizando… Nesse processo, eu escolhi vinte músicas. Dessas vinte, ficaram dez e, na última hora, eu gravei mais duas.

PJ ESPM – Então não assim: “Ah eu vou fazer um CD”…

CT – Não, não…

PJ ESPM – Você foi gravando, percebeu que tinha um material legal e fez o CD?

CT – Pois é, tanto que você vê que cada música tem um astral, uma instrumentação… De uma participa Dominguinhos, de outra, participa o Gabriel Sater, até meu pai mesmo, entende? São vários músicos… Não é sempre uma banda, né? E foi isso que aconteceu, esse é o lance desse CD. Eu achei legal isso… Para o próximo trabalho, eu vou preparar uma coisa mais definida, uma banda só, enfim…

PJ ESPM – Falando do seu pai, quando você olha pra ele, você acha que vai estar igual a ele daqui a um tempo?

CT – Ah… (risos), cara! Meu pai conseguiu coisas importantíssimas. Ele mudou o rumo da música caipira, ele é um modernizador…

PJ ESPM – Mesmo ele nascendo em Santos…

CT – É! Ele é um caiçara que canta caipira… Ele é engraçado, emblemático! E fora o dom que ele tem. Se eu chegar a um milésimo dele, está lindo! Ele tem um dom natural. A poesia dele é muito apurada e com o tempo isso foi melhorando. E eu ainda tenho consciência que a minha música ainda está nascendo, está se formando. Eu me dedico, continuo escrevendo, lendo, escutando muitas coisas… Mas igual, ninguém é igual… Tudo bem a gente pode ter a voz parecida, as pessoas sempre comentam isso, e eu sempre fico agradecido porque acho que a voz dele é muito bonita, mas ele está na frente. Ele é um pacificador, é um cara maduro… Se o meu futuro for próximo disso, eu vou ficar feliz, né?

PJ ESPM – Qual o seu próximo projeto? Tem alguma surpresa vindo por aí?

CT – Eu quero botar o meu show na estrada, quero rodar o país. Eu já estive em todos os estados tocando com o Renato, agora minha missão é eu fazer esse trajeto, com a minha banda, com esse som… Meu projeto é esse, é ser feliz. Em termos de música, vou lançar um single e estou trabalhando em um próximo CD, mas o foco principal é a estrada. Eu gosto da estrada, eu gosto de estar no palco.

PJ ESPM – É mais que o viajante! (risos)

CT – É isso ai… (risos)

 
Serviço
Chico Teixeira: Mais que o Viajante
Sesc Vila Mariana
Rua Pelotas, 141
Vila Mariana – São Paulo, SP
Até 30 de setembro, aos domingos, às 13h30
Grátis

Murillo Grant (2º semestre)

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