Checadores usam tecnologia e novos formatos jornalísticos para combater desinformação
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O jornalista Martín Slipczuk é entrevistado por alunos da ESPM
Felipe Vaso (3º semestre), Duda Travalin, Marina Morais e Stella Lima (2º semestre)
O crescimento no número de fake news nas redes sociais tornou necessária a adaptação do produto jornalístico para diferentes formatos. Jornalistas que participaram do Latam Chequea, evento sediado na ESPM-SP nos dias 28 e 29 de novembro, destacaram a importância de divulgar e incentivar o combate à desinformação em todas as plataformas. Aliado a isso, a inteligência artificial (IA) tem sido relevante tanto para a criação de desinformação quanto para o processo do fact checking. Os jornalistas Martín Slipczuk, (do Chequeado, da Argentina), Luisa Alcantara e Silva (do Projeto Comprova), e Lulna Mendonça e Yuri Fêsan (da Lupa) comentam sobre essas transformações em um contexto de ascensão de notícias falsas.
Lulna Mendonça e Yuri Fêzan são entrevistados por alunos da ESPM
Novos formatos
Lulna e Yuri, que trabalham nas redes sociais Lupa, plataforma de combate à desinformação por meio do fact-checking e da educação midiática, entendem que a verificação de fatos precisa se atentar à intensidade da desinformação nas redes sociais. “Hoje, a desinformação nas mídias é muito mais forte que nos meios tradicionais, qualquer pessoa pode escrever uma informação e, inclusive, questionar especialistas”, comenta Lulna.
Uma das iniciativas da plataforma foi o “Será que é Golpe?”, que, em parceria com o Instituto de Defesa do Consumidor, reúne conteúdos informativos sobre diferentes tipos de golpes digitais, além de orientações sobre como proceder caso o golpe já tenha ocorrido. Lulna acredita que é necessário filtrar e blindar as pessoas de fake news e informações danosas: “Aquele tema ali é possível de desinformação? Então vamos com o nosso setor de educação educar aquele público para que não caia”, completa.
Luisa Alcantara, jornalista e fact-checker do Comprova, iniciativa colaborativa e sem fins lucrativos liderada pela Abraji e que reúne jornalistas de 42 veículos de comunicação brasileiros, comenta que o formato em que será veiculada a matéria tem que ser pensado em como o leitor irá recebê-la: “Se a gente quer que a informação chegue, a gente tem que fazer ela ser interessante”. Além dos textos de verificação, que Luisa descreve como “muitas vezes engessados”, o Comprova busca compartilhar o conteúdo em todas as redes sociais (Instagram, Tik Tok, Facebook e X) e pelo canal no Whatsapp.
Impacto da Inteligência Artificial
Uma pesquisa do Instituto Locomotiva obtida pela Agência Brasil revelou que oito em cada dez brasileiros já acreditaram em alguma notícia falsa. Para impedir que a desinformação se espalhe é essencial fazer a checagem rapidamente e, nesse processo, a IA pode ser uma grande aliada para otimizar o tempo de apuração. “Ela ajuda a gente. Às vezes você tem um documento muito extenso que você tem que verificar. Então, você pode perguntar qual é o conteúdo principal? Ela pode ajudar a filtrar”, disse Luisa Alcantara.
Estudantes da ESPM entrevistam Luisa Alcantara
Uma das etapas da checagem que a IA pode acelerar é a busca por desinformação. No caso do Chequeado, a organização utiliza uma inteligência artificial que busca, na mídia argentina, palavras-chave que têm potencial de estar ligadas à desinformação. “Não há uma IA de verificação, mas você pode trabalhar com ela acelerando os estágios da metodologia da checagem dos fatos”, conta Slipczuk, jornalista argentino da ONG Chequeado.