Casa das Rosas: uma sobrevivente, resistente e testemunha do tempo
Luís Henrique Costa – 2º semestre
A Casa das Rosas é um dos poucos edifícios que foi preservado da ocupação inicial da Avenida Paulista, uma das principais vias da cidade de São Paulo. O casarão faz parte do desenvolvimento da região e da sociedade paulistana, sendo um local que abriga muita cultura e, principalmente, uma história recheada de detalhes. Essas são algumas das principais razões para as quase 190 mil pessoas que visitam o local anualmente, além de ser um palco de uma rica arquitetura
Com jardins lindos repletos de rosas na parte externa do imóvel, a arquitetura da Casa das Rosas divide as opiniões de alguns profissionais da área, pois uns falam que a sua construção pertence ao estilo da Renascença Francesa, mas outros dizem que ela é caracterizada pelo movimento eclético. De qualquer forma, o casarão é lindo e possui inúmeros cômodos, como copa, cozinha, escritório, lavanderia, mansarda, oito quartos, várias salas e algumas varandas, tudo isso em um terreno de 5.500 metros quadrados. Os mármores das escadarias são de origem italiana, os vidros e cristais são da Bélgica e as louças do banheiro e da cozinha também foram importadas da Europa.
Essa arquitetura rica é graças ao escritório de Francisco de Paula Ramos de Azevedo, local de onde saiu o projeto do casarão e um dos principais da América Latina. O escritório também foi responsável pelos projetos do Mercado Público de São Paulo, da Pinacoteca do Estado, do Prédio da Light e do Teatro Municipal, sendo o encarregado pela construção de cada um deles.
A construção da Casa das Rosas foi concluída apenas em 1935. Foi nesse local que os herdeiros de Ramos de Azevedo viveram até meados de 1980. Contudo, a Avenida Paulista já não era a mesma de quando o casarão foi construído, porque a via que antes era uma região onde se encontravam a maioria dos milionários barões do café passou a abrigar prédios comerciais, bancos, edifícios modernos e muito trânsito, tanto de pessoas quanto de veículos.
Essa modernização desenfreada na Avenida Paulista e um aumento no fluxo de pessoas e de veículos na via ameaçou a existência da Casa das Rosas, pois queriam demolir o casarão. Porém, uma iniciativa do Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arquitetônico e Turístico tombou o imóvel em 1985. Em união a isso, o Governo do Estado de São Paulo desapropriou o imóvel em 1986 e ficou responsável por preservar o terreno sem mudar a sua originalidade.
Dessa forma, o casarão iniciou um processo de restauração e transformação pelo Estado de São Paulo em 1986, tornando-a um espaço cultural, cuja reinauguração se deu no ano de 1991, quando a Avenida Paulista completou 100 anos. A Secretaria da Cultura nomeou o espaço de Casa das Rosas – Galeria Estadual de Arte. O objetivo principal do local seria acolher exposições temporárias do acervo de obras que o governo paulista possuía.
Em 2003 o espaço foi fechado de novo para uma série de reformas e manutenção. A reinauguração da Casa das Rosas aconteceu em dezembro de 2004, sendo renomeado para Espaço Haroldo de Campos, como forma de homenagem a ele, poeta que faleceu em 2003. O local deixou de ser dedicado apenas às artes em geral, mas também voltou seus olhos à poesia e passou a oferecer cursos de formação, crítica literária, oficinas de criação e outras dinâmicas para a população paulistana.
Em 2017 a Casa das Rosas se uniu a outros locais da Avenida Paulista, como MASP e Itaú Cultural, para a criação do projeto “Paulista Cultural”, que visa o intercâmbio e o diálogo de programações. Contudo, o casarão foi fechado ao público com a chegada da pandemia, mas isso deu início a um processo de restauro do imóvel. Em 2023 ela foi reaberta à população, após dois anos sem receber visitas.
Atualmente, o casarão conta com um charmoso café na parte traseira da casa, além de um prédio moderno mais ao fundo, considerando a Avenida Paulista como a frente da casa. Isso forma um contraste entre o que há de antigo com o que há de novo na via, mostrando a preservação do passado e o olhar para o futuro. A Casa das Rosas é uma sobrevivente, é uma resistente e testemunha do tempo.