Cartas na Mesa: José Hamilton Ribeiro
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Texto: Umberto Mannarino e Luiz Felipe Mihich (1º semestre de Jornalismo)
Fotos: Alana Ferrer (3º semestre de Jornalismo) e Nathalia Miranda (1º semestre de Jornalismo)
O jornalista José Hamilton Ribeiro nasceu no dia 1º de agosto de 1935, em Santa Rosa do Viterbo, no interior de São Paulo. José Hamilton é considerado um dos grandes ícones do jornalismo brasileiro. Começou a trilhar seus primeiros passos como jornalista no jornal da escola, chegando à capital do estado em 1955, mesmo ano em que ingressou no curso de jornalismo da Faculdade Cásper Líbero.
Sem completar o ensino superior, começou a trabalhar como redator na rádio Bandeirantes (SP). Na sequência mudou-se para o extinto jornal impresso O Tempo e por fim migrou para a Folha de S.Paulo, em 1956. Seis anos depois, José Hamilton tornava-se editor- chefe da revista Quatro Rodas, da Editora Abril, trabalho que lhe renderia seu primeiro Prêmio Esso, em 1964, mesmo ano em que se formou em Direito, na cidade de Uberaba (MG).
Em 1966 tornou-se editor-chefe da revista Realidade, pela qual atuou como repórter de campo dois anos depois, na guerra do Vietnã. Na ocasião, José Hamilton acabou pisando por engano em uma mina terrestre e perdeu parte de sua perna esquerda. A fatalidade rendeu diversas reportagens. A mais famosa delas, Nosso repórter viu a guerra de perto, trazia na capa uma imagem do jornalista ensanguentado, logo após perder a perna. O livro O gosto da guerra também foi fruto das dificuldades enfrentadas por José Hamilton durante a cobertura no Vietnã. Ainda em 1968, participou da cobertura do assassinato do então senador norte-americano Robert F. Kennedy, que chocara o mundo. Trabalhando pela revista Realidade, venceu mais quatro Prêmios Esso (1967, 1968, 1973 e1977), sendo que nos três últimos os veículos de comunicação estavam sob censura prévia durante o período do regime militar no Brasil.
Em 1974, cansado da censura, bastante criticada por ele, passou a trabalhar no interior de São Paulo, passando pelas cidades de Ribeirão Preto e São José do Rio Preto. Em 1981, começou a atuar na televisão, tornando-se repórter especial do Globo Repórter e posteriormente repórter especial do Globo Rural. Foi presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Científico e vice-presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo. Além dos Prêmios Esso, ganhou o Prêmio Embratel de Jornalismo (2004), Prêmio Internacional Maria Moors Cabot (2006) e o Prêmio Brasileiro Imortal (2008).
José Hamilton foi homenageado em diversas ocasiões. Em 2015, durante as celebrações dos 60 anos de profissão, recebeu do jornalista Arnon Gomes a biografia José Hamilton Ribeiro – O jornalista mais premiado do Brasil. Neste ano de 2018, ganhou um centro histórico em sua homenagem, localizado em sua cidade natal, Santa Rosa do Viterbo. Além de todos os prêmios, é considerado por muitos o maior jornalista brasileiro do século.
Em janeiro deste ano, José Hamilton foi entrevistado por Ana Maria Braga no programa Mais Você. Ana Maria se revelou grande fã de José Hamilton, destacando as suas reportagens para o Globo Rural. Durante o programa, José Hamilton tentou dar a fórmula da chamada grande reportagem. “A gente chama de grande reportagem essas que demandam pesquisas, que temos tempo de trabalhar nelas, entrevistar pessoas, antes de fazer. Então antes de fazer a reportagem você já conhece um pouco as coisas. A fórmula da grande reportagem é ter um bom começo para segurar o espectador e também um bom final. No meio tem que ter um bom trabalho e talento, o máximo de trabalho e talento”.
No último dia 28 de fevereiro, José Hamilton participou de um debate com o também jornalista Humberto Pereira. Na ocasião eles abordaram o tema “A influência do jornalismo na democracia”. O debate foi o primeiro do programa Cartas na mesa, uma parceria do curso de Jornalismo da ESPM-SP e do Observatório da Imprensa.