SP 468 – Teatro Municipal

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Arthur Flavio – (2º semestre)

Localizado na Praça Ramos de Azevedo na região da Sé, próximo à estação Anhangabaú do metrô, o Teatro Municipal foi, e ainda é, um dos maiores cartões postais da cidade de São Paulo.

Projetado pelo arquiteto Ramos de Azevedo e inaugurado no dia 12 de setembro de 1911, 111 anos atrás, o teatro originalmente foi construído como uma casa de opera para atender as necessidades culturais da elite paulistana, que queria fazer da cidade um centro cultura a altura da Europa.

Já em sua inauguração gerou polêmicas. Algumas pessoas se manifestaram antes do começo do primeiro espetáculo, pois acharam um absurdo a primeira ópera cantada ser Hamlet da companhia Titta Ruffo, afinal era uma apresentação estrangeira em um teatro nacional. Para acalmar o povo, a orquestra acabou tocado um trecho da ópera O Guarani do compositor Brasileiro Carlos Gomes.

Também no primeiro dia, ocorreu um evento muito comum na vida dos paulistanos hoje, mas um tanto quanto estranho para a época. O Teatro foi palco do primeiro congestionamento da cidade de São Paulo. Ir a inauguração do teatro Municipal não era para qualquer um, apenas a elite cafeicultura tinham condições de pagar o ingresso. E para esse evento de gala, era indispensável o uso de um automóvel para impressionar seus companheiros de classe. Assim, um terço dos carros que existiam na cidade se enfileiraram na praça Ramos de Azevedo, com seus donos esperando para fazer uma entrada triunfal. Esse evento fez com que o começo do espetáculo fosse postergado e o último ato foi suprimido em razão do tempo.

Um ponto positivo do Teatro que acabou corroborando com o congestionamento foi o fato dele ser o primeiro prédio da cidade a ser completamente iluminado por energia elétrica. E quando digo completamente, é completamente. Não era apenas o interior do teatro que tinha luz, todo o seu arredor também. Isso fez com que quem não pudesse bancar o ingresso da apresentação fique-se nos arredores, aproveitando a iluminação e com esperança de ver a elite em carne e osso.

Em sua primeira década de existência, o Municipal realizou 270 espetáculos. Apresentando 88 óperas de 41 compositores diferentes, sendo apenas 8 deles brasileiros. Mas o evento mais marcante que perdura até os dias de hoje foi em 1922, quando o teatro foi sede da Semana de Arte Moderna.

Originalmente chamada de Semana Modernista, a semana de arte moderna levou ao palco do teatro grandes nomes da arte como Tarsila do Amaral, Mario de Andrada e Anita Malfati. E em seus 5 dias de exposição, no meio de fevereiro, tornou-se um símbolo da proposta de modernização da arte brasileira. Fortemente inspirados pelas Vanguardas europeias.

Mas a Europa não foi apenas influente na arte apresentada no Teatro, ela também está presente em sua arquitetura. O prédio possui o estilo arquitetônico chamado de ecletismo. No qual uma obra incorpora estilos históricos anteriores buscando criar algo original. Isso fica evidente quando percebemos que mesmo criado em uma época industrializada, o Municipal, por dentro, parece o palácio de versalhes.