Semana de Cursos do CA traz profissionais renomados do Jornalismo

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Bruna Bonato, Luiza Vezzá e Victória Cansian (1º semestre) e Núbia Anjos (2º semestre)

 

A Semana dos Cursos do CA4D da ESPM-SP aconteceu entre os dias 25 e 29 de abril e reuniu profissionais de diversas áreas do conhecimento. Na terça, dia 26, foi o dia das palestras sobre Jornalismo e o Centro Acadêmico trouxe jornalistas renomados para conversar com os alunos: Márcio Moron, diretor da LIX Comunicação e ex-diretor da Fox Sport, Débora Alfano, apresentadora da Band News TV, e Flavio Ferreira, repórter investigativo da Folha de S. Paulo.

Veja a cobertura completa do evento.

 

Márcio Moron e as mudanças na cobertura esportiva

A primeira palestra teve o tema “Comunicação, novas mídias e internet”, ministrada pelo jornalista Marcio Moron, no auditório Victor Civita. O comunicador abriu a tarde de eventos jornalísticos da Semana dos Cursos da ESPM-SP, organizada pelo Centro Acadêmico 4 de Dezembro (CA4D).  

Experiente na editoria de esportes, Moron iniciou a palestra com um vídeo, mostrando os melhores momentos de uma transmissão da Copa Libertadores. Muito mais do que evidenciar sua paixão pelo futebol, a intenção foi mostrar como a comunicação está presente na emoção, em cada fala do narrador ou lance importante do jogo capturado num bom ângulo. “Quando você começa a causar emoção nas pessoas, você chama a atenção delas. Comunicação é emoção”, afirma.  

A profissão do século 

Medicina, engenharia e direito. Segundo Moron, essas foram as profissões que a geração passada entendia como promissoras. Porém, o mundo avançou muito desde então e ele ressalta que a profissão do século XXI é a comunicação. Com o boom das mídias digitais, qualquer pessoa agora pode transmitir conhecimento. “Tem muitos profissionais de outras áreas ganhando dinheiro fazendo o que vocês estão aqui estudando, a comunicação”, explica. Segundo ele, profissionais de diversos meios precisam de consultorias para se posicionar no mundo digital e esse é um nicho novo, que pode ser muito explorado ainda.  

Apesar disso, na visão dele, o jornalismo tem um diferencial em relação às outras profissões.  O produto jornalístico é perecível e, portanto, não se pode guardar as informações para si, o conhecimento precisa ser compartilhado. Ele alerta que “precisamos passar o nosso conhecimento pra frente. Essas pessoas que eu falei estão passando seus produtos pra frente, por lives, Instagram, Facebook e Tiktok” 

O jornalista na rede social 

Atualmente, como a internet funciona como um portfólio, o foca – apelido do jornalista iniciante – deve se atentar às suas redes sociais. Ele deve conseguir delimitar o máximo possível o seu nicho e trabalhar em cima dele, mas somente isso não basta. “Quem é que transmite (a informação) tem muita importância e vocês precisam saber como se colocar nas redes sociais”, alerta.  

Márcio inclusive revelou que, após algumas entrevistas de emprego, ele verificava o Instagram do candidato e não gostava quando via um perfil muito íntimo. “Você pode postar o que quiser sempre, mas se for sobre questões extremamente íntimas, tenha uma conta pessoal separada ou mantenha seu perfil privado”, aconselha. Para ele, a forma como o profissional se mostra para o mundo importa. “Você pode postar tudo o que gosta, mas procure fazer com que seu perfil tenha algo que demostre credibilidade também, e não só farra.”  

Para fechar o bloco sobre comportamento, ele também cita a importância do dress code, destacando a necessidade de utilizar a vestimenta adequada, de forma a passar a impressão que o evento exige, sem chamar atenção, seja por estar produzido demais ou arrumado de menos.  

Os minutos finais da palestra foram mais livres e contou com a participação dos alunos. Curiosos para saber as histórias que um jornalista esportivo de carreira guarda, o bate-papo se pautou em suas experiências como repórter.  

Entrevista completa com Márcio Moron pode ser vista no DONC – De Olho na Carreira.  

 

Débora Alfano e o jornalismo ao vivo

Imagem: Julie Lara

A segunda palestra foi da repórter e radialista da BandNews, Débora Alfano. Com a mediação da professora do terceiro semestre do curso de Jornalismo, Egle Müller, a palestra teve como tema o “Jornalismo ao vivo”.

Alfano começou a palestra contando um pouco sobre sua trajetória no Jornalismo ao vivo, o início de sua carreira, e relatou aos alunos sobre alguns momentos difíceis que enfrentou nos últimos 14 anos como jornalista. Contou que foi uma das repórteres presente na redação durante a apuração de informações sobre a morte de Ricardo Boechat. “Foi o dia mais difícil da minha vida profissional”, relatou, emocionada.

Deu continuidade à palestra orientando os estudantes sobre situações reais da profissão. A repórter deu dicas que cobriram áreas como saúde mental até o modo de se portar em frente às câmeras. Abordou também a relação que os repórteres devem ter com os critérios de noticiabilidade. “Se o cachorro corre atrás do rabo não é notícia, mas se o rabo corre atrás do cachorro é”, explicou. Ela ainda alertou como se deve lidar com a quantidade de notícias ruins no dia a dia. “Noticiar com certo distanciamento, não ser uma esponja, mas não ser um robô”, ressaltou, alertando ainda sobre o cuidado emocional, para que o repórter não se desestabilize ao vivo.

As próximas dicas foram montadas em tópicos. Alfano aconselhou os estudantes a estudarem, independentemente dos assuntos que gostam ou não, é imprescindível que estejam a par de tudo que está acontecendo; deu também conselhos sobre a postura de apresentação ideal quando na frente das câmeras, e como se portar perante imprevistos ao vivo.

A entrevista completa com Débora Alfano, concedida às alunas Luiza Vezzá e Bruna Bonato, pode ser conferida no DONC.

 

Flávio Ferreira, repórter investigativo fala sobre manchetes e apurações na internet

O repórter investigativo da Folha de S. Paulo, Flávio Ferreira, encerrou a terceira palestra da semana dos cursos falando aos estudantes de Jornalismo sobre como fazer manchetes unindo a apuração na internet e trabalho de campo. Flávio participou da cobertura do maior conjunto de investigações realizada pela polícia Federal do Brasil, a Operação Lava Jato e a Operação mensalão. Sua vasta experiência foi compartilhada com os estudantes, a fim de orientá-los sobre os cuidados e riscos que envolvem a área.

Flávio mencionou o seu recente trabalho realizado no Estado do Maranhão, em Imperatriz, ao investigar uma empresa de fachada acusada de participar de licitações fraudulentas para outra empresa e compartilhou cada etapa da investigação, assim como o ponto inicial para as investigações. “Foi um trabalho que durou mais ou menos três meses e ele começou com uma ideia que a gente teve de pensar: quais são as empresas que mais recebem dinheiro do Governo? A gente fez um trabalho de Jornalismo de Dados, muitos sites fornecem essas informações”, compartilhou.

Durante a sua palestra, ele ensinou o passo-a-passo de como fazer a apuração e checagem na internet destacando a possibilidade de acessar dados como documentos da empresa, propostas, lances e licitações. “Antigamente para realizar um trabalho dessa forma, tínhamos que ir ao Órgãos Público. Hoje podemos acessá-los em sites que dão toda as informações divididinhas”, falou.

Enfatizou sobre termos um segundo plano, caso o primeiro dê errado. O jornalista também tirou algumas dúvidas dos estudantes sobre o suporte e gastos que envolvem uma viagem investigativa e os cuidados que as empresas têm com os seus funcionários, como por exemplo custeio para a viagem. Flávio compartilhou um caso vivenciado, em que uma colega precisou de proteção da empresa, além de orientações sobre os prazos necessários para a preparação, investigação e entrega da matéria.