Saúde e segurança pública podem ficar em segundo plano na Copa de 2014

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Nos meses de fevereiro e março de 2012 a tensão entre a FIFA e o governo brasileiro atingiu níveis equivalentes ao de uma final de Copa do Mundo entre Brasil e Argentina. O problema era polêmico: o consumo de bebidas alcoólicas dentro dos estádios.

O decreto que Joseph Blatter, presidente da FIFA, desejava impor ao Brasil ia na direção contrária à da legislação brasileira. Em 2003 foi criado no Brasil o Estatuto do Torcedor, que tem como intuito melhorar as condições para os que frequentam estádios e acompanham a paixão nacional. O documento declara a proibição da venda de bebidas alcoólicas em estádios de futebol. O motivo desta proibição é a preocupação com a violência nesses espaços, já que o futebol é um esporte competitivo e o álcool potencializa atitudes agressivas.

O órgão internacional pressiona o país do futebol para que na Copa das Confederações, em 2013, e na do Mundo, em 2014, a venda de bebidas alcoólicas nos estádios seja permitida. O Brasil fez tudo que pôde, evitando até o dia 28 de março, um gol do time adversário. A fundação não cedeu de modo algum, até conseguir o que queria.

No dia 14 de março foi anunciado pelo ministro do esporte, Aldo Rebelo, que a venda de bebidas alcoólicas em ambos os eventos seria permitida. A decisão pareceu errada para grande parte do governo brasileiro, o que fez com que a discussão fosse deixada de lado por tempo indeterminado. Porém, 14 dias depois, após muita pressão, a FIFA saiu campeã. O motivo para o órgão internacional ter pressionado o governo brasileiro é apenas comercial: um dos principais patrocinadores dos eventos da FIFA é uma marca de cerveja.

A presidente Dilma Rousseff, na companhia de Pelé e Ronaldo, reuniu-se com Blatter no dia 16 de março para discutir o assunto. A governante brasileira assegurou ao responsável pela FIFA que todas as garantias serão dadas à instituição. Ainda assim, não se tinha chegado a nenhuma conclusão sobre a venda de bebidas alcoólicas.

Visando apenas satisfazer as imposições da FIFA, que tem interesses comerciais envolvidos, o Estado brasileiro corre risco de deixar de lado todos os benefícios para a saúde e segurança pública brasileira que a proibição trouxe. De acordo com o Ministério Público a média anual de ocorrências policiais nos estádios caiu de 500 para menos de 100 e, como consequência, a frequência nos estádios aumentou. O Mineirão, por exemplo, teve queda de 75% nas ocorrências violentas e um aumento de 50% no público desde então.

            Anita Efraim (1º  semestre)