Por: Gabriel Sanches, Giulia Vanni, Nicholas Thornton, Tatiana Hamer
Na última semana, Javier Tebas, presidente da La Liga, campeonato espanhol de futebol, realizou uma reunião presencial em São Paulo, contando com representantes de, aproximadamente, 35 clubes da primeira e segunda divisão do futebol brasileiro. Dentre os grandes, apenas o Palmeiras não compareceu. O intuito do encontro foi propor uma possível reestruturação do campeonato nacional, de forma que a La Liga funcionasse como consultoria para a “Liga Brasileira”.
Nos últimos meses, houve movimentações dos clubes nacionais em prol da formação de uma nova liga sem a Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Dessa forma, a gestão da La Liga enxergou uma oportunidade de se encaixar no futebol brasileiro, sem que haja uma ruptura total com a CBF, mas readequando a maneira que a instituição trabalha a gestão, os direitos de transmissão e as relações no Brasileirão.
O modelo de negócio proposto reúne as condições ideais para que a liga se torne mais competitiva, além de uma das competições esportivas mais efetivas em questões de desenvolvimento comercial e estabilidade financeira, gerando uma transformação profunda do futebol brasileiro.
Javier Tebas, que se tornou o presidente da La Liga em 2013, implementou um novo modelo de negócio, por meio de sua estratégia empresarial, que fez com que o campeonato espanhol se tornasse um produto de consumo global, aumentando os lucros em todos os níveis. Com o desenvolvimento de uma rede internacional de funcionários em mais de 40 países, a La Liga exportou seu produto de forma bem-sucedida, chamando a atenção de investidores, sócios e patrocinadores, que buscam, cada vez mais, expor sua marca a alcance mundial.
O novo modelo de futebol explorado pelos espanhóis se torna vantajoso para as equipes que não estão sempre “no topo”. Além de Barcelona e Real Madrid, a diferença é vista em equipes como Atlético de Madrid, Villarreal e Sevilla, que se mostram cada vez mais presentes no amplo cenário europeu. Isso se dá pela centralização e reformulação na divisão dos direitos de transmissão do campeonato, além da diminuição na diferença entre premiações.
Leonardo Bertozzi, comentarista e apresentador dos canais ESPN, foi convidado a se posicionar sobre os acontecimentos recentes: “Eu acho que a liga aponta muito nessa direção de ser bom para todo mundo, não só para os gigantes. Fica um pouco cético, porque no Brasil é isso. Tivemos outras tentativas e sempre encaminha para algum momento que não há acordo e cada um pensa no seu. Acho que, talvez, esse olhar de fora possa ajudar um pouquinho”.
A proposta é atrativa para grande parte dos clubes envolvidos, mas ainda não houve um acordo formal ou maior avanço. Será que nos próximos dias as conversas esquentarão e os dirigentes chegarão a um consenso?