Por que o VAR no Brasil ainda gera tantas polêmicas?

Foto: Reprodução Internet

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Isabella Pascucci, Paulo Belleze, Tatiana Carvalho, Valentina Alayon (Oficina de Jornalismo Esportivo)

Após bons resultados do VAR na Copa do Mundo de 2018, diversas ligas nacionais começaram a adotar esse sistema. No Brasil, a tecnologia foi primeiramente utilizada na Copa do Brasil de 2018, na fase das quartas de final.

Atualmente, a presença do árbitro de vídeo já é recorrente nas fases finais de 9 campeonatos estaduais, além do Brasileirão e todas as rodadas da Copa do Brasil. Apesar de já ser algo habitual para o futebol brasileiro, o VAR ainda gera muitas discussões entre jornalistas e profissionais de arbitragem.

Esse recurso tem como principal objetivo reduzir os erros com uma interferência mínima e benefício máximo, mas no Brasil parece que as coisas não estão saindo como o esperado. A primeira reclamação ocorreu devido aos custos do árbitro de vídeo, que foram muito maiores do que nas ligas europeias. No entanto, o que mais gera contestações atualmente é a demora do VAR para revisar e tomar decisões, que já chegou a paralisar uma partida durante 5 minutos, no confronto entre São Paulo e Corinthians pelo Paulistão de 2019.

Em 2020, apesar de haver um aumento de 40% nas intervenções do árbitro de vídeo durante as partidas, o tempo para tomada de decisão diminuiu 24%, indo de 1min45s para 1min25s, em média. Mesmo com essa diminuição, a demora ainda não chega perto do tempo médio da Copa do Mundo (38s).

Embora com problemas, o VAR mostrou sua eficiência. Segundo dados apontados pelo presidente da Comissão de Arbitragem da CBF, esse recurso acertou em 98,4% das decisões em jogos capitais, um aumento de 7,4% em relação à época sem árbitros de vídeo. Essas decisões assertivas ocorreram principalmente para o Flamengo, Atlético Goianiense, Internacional e Athletico Paranaense.

O árbitro de vídeo no Brasil mostra essa eficiência sobretudo na marcação de impedimentos e pênaltis, que chegam a 93,5% e 92,55% de acertos respectivamente.

Mesmo possuindo bons números, o VAR não passa confiança para os telespectadores, principalmente por não fazer um trabalho transparente. Na Premier League, a checagem dos lances aparecem nos telões dos estádios, a fim de que a torcida entenda o porquê da decisão tomada. Já no Brasil, os telespectadores só sabem da deliberação do lance quando o árbitro sinaliza a decisão, além de só terem o reprise do lance após horas, nos programas esportivos.

Outra situação que gera dúvidas sobre a eficácia do árbitro de vídeo é o fato do replay dos lances na televisão utilizar uma imagem diferente que a cabine do VAR usa para fazer a análise, o que faz com que os telespectadores tenham uma interceptação diferente da dos profissionais de arbitragem, o que acaba causando uma desconfiança na tomada de decisão.

O VAR chegou de forma repentina no Brasil, o que fez com que houvesse pouco tempo para preparar tanto os árbitros como os torcedores para essa nova era do futebol. Esse imediatismo para implantar a tecnologia acabou gerando muitas dúvidas sobre a eficácia e importância desse mecanismo. Nos países que tiveram um longo tempo de adaptação, como a Inglaterra, o árbitro de vídeo cumpre com êxito o seu papel, o que mostra que pode haver esperança na melhora da utilização desse sistema no Brasil, basta dar mais capacitação àqueles que estão à frente e fazem uso do VAR.