Lucas Silveira (2º semestre)
Localizada na Praça Nossa Senhora Aparecida, no bairro de Moema, em São Paulo, está a Paróquia Nossa Senhora Aparecida. Um templo que reúne fé, convívio comunitário e um importante acervo de arte sacra. Hoje, vamos observar principalmente o interior da igreja, seus vitrais, afrescos, organização e materiais, entendendo como a arquitetura foi pensada para criar um ambiente de contemplação.
A paróquia foi oficialmente construída em 29 de outubro de 1933. A primeira igreja foi bem simples; foi levantada naquele ano pelos padres Salvatorianos, com apoio da família Loureiro, em um terreno de cerca de 50 por 25 metros. Com o rápido crescimento do bairro e da comunidade local, tornou-se necessário ampliar o espaço. Assim, em 1937, foi concluída a construção do templo atual, em estilo romano de arquitetura. Desde então, a igreja se consolidou como um ponto de referência em Moema, não apenas como espaço religioso, mas como local de identidade comunitária, marcado pela presença constante de moradores, visitantes, feiras e atividades pastorais.
Ao entrar na igreja, observa-se uma nave ampla, organizada em um eixo que conduz o olhar diretamente ao altar. As colunas criam um ritmo visual que reforça o caminho central do espaço. O piso em tons neutros e o mobiliário em madeira equilibram a sobriedade com aconchego, deixando que os elementos artísticos ganhem protagonismo. Os confessionários, também em madeira, acompanham essa linguagem e se integram às paredes laterais. Assim, nada parece acrescentado ou deslocado: cada elemento faz parte de uma composição arquitetônica contínua.
Os vitrais são um dos pontos mais marcantes da Paróquia Nossa Senhora Aparecida. Ao longo das paredes e na cúpula, cerca de 24 vitrais representam a ladainha de Nossa Senhora, além de passagens de fé e valores marianos. A luz filtrada por esses vitrais muda conforme o horário do dia, o que faz com que o mesmo espaço possa parecer mais suave, mais intenso ou mais escuro, dependendo da hora. A luz não apenas ilumina, ela participa da espiritualidade do ambiente.
As paredes e o teto abrigam cerca de 25 afrescos do pintor italiano Bruno di Giusti. Esses painéis retratam cenas da vida de Nossa Senhora, pescadores, passagens bíblicas e símbolos marianos. No altar central, um dos mais significativos afrescos representa a pescaria da imagem de Nossa Senhora Aparecida no rio Paraíba do Sul. Os vitrais e as pinturas dialogam entre si: a luz traz movimento; a pintura traz narrativa. Juntos, constroem uma experiência visual contínua ao longo da nave.
A Paróquia permanece ativa no cotidiano: celebrações, batizados, visitas e momentos de silêncio fazem parte da sua rotina. A experiência na igreja não está congelada no passado , já que ela se renova com a própria comunidade, que dá vida ao espaço.
E ao sair do templo, voltamos à Praça Nossa Senhora Aparecida. Apesar de estarmos em uma metrópole movimentada, aqui há uma sensação de pausa. A praça funciona como extensão natural da vida da igreja: bancos para sentar, pessoas conversando, crianças brincando e moradores que passam todos os dias. É um espaço onde a convivência cotidiana encontra o sagrado — não apenas dentro das paredes do templo, mas também na vida que acontece ao seu redor. A arte e a fé continuam do lado de fora, na forma de encontros, silêncio, movimento e comunidade.