Os desafios da volta às aulas presenciais

Share

Larissa Crippa (2º semestre)

Após dois anos de pandemia, muitas pessoas anseiam pela volta de seus velhos hábitos, como ir à padaria sem máscara, entrar em um restaurante sem medo ou até mesmo assistir a uma palestra ou participar de uma reunião em uma sala que não seja virtual. Com o avanço da vacinação, algumas dessas realidades estão voltando, como é o caso das aulas presenciais, que tiveram sua retomada obrigatória anunciada em 13 de outubro no estado de São Paulo.

A partir do dia 18 desse mesmo mês, diversos estudantes retornaram a suas antigas escolas, com a obrigatoriedade de máscaras, o uso de álcool e a recomendação do distanciamento social. No dia 22, uma pesquisa feita pelo Datafolha indicou que 85% de 1.301 pais e responsáveis sentem que seus filhos estão mais interessados pelos estudos, e 87% os sentem mais animados. Júlia Soriano, que está no terceiro ano do ensino médio, concorda com essa sensação de melhora nos estudos, “consigo focar mais, é até estranho porque parece que não aprendi nada no online”, porém, quanto à segurança, ela afirma, “tenho um pouco de medo de pegar Covid ainda, mas fico mais preocupada com meu emocional que tá bem abalado”. Já Carlos Eduardo, em seu oitavo ano, conta que mal podia esperar para ver os amigos e que agora seu desempenho escolar melhorou, “quando tenho uma dúvida consigo tirar na hora, a professora vê na nossa cara”, conta.

Professores, que antes sofriam para conseguir interações no ambiente online, também sentem a diferença da energia do âmbito escolar agora com o presencial. “O remoto nunca substituirá o presencial a contento”, afirma Luís Prado, professor de língua portuguesa na escola estadual Jacques Custeau, em São Paulo. Ainda assim, Luís fala sobre suas preocupações com a saúde geral. “Tudo depende da organização da escola, nunca vou me sentir 100% seguro, mas isso em ambiente nenhum, por enquanto”, explica.

E mesmo com os benefícios da volta, preocupações como a de Luís não são um caso a parte, já que os efeitos do isolamento vão além da saudade, assim como expressou Júlia. A questão emocional é mais um agravante em cuidados pós quarentena, e Thaise Lohr Tacla, psicóloga e coordenadora do curso de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), explica que a pandemia transformou tarefas simples, como sair de casa, em situação de risco e é natural isso gerar uma resposta de ansiedade. Segundo ela, é necessário um tempo para entender como se aproximar das pessoas após um período tão traumático.

O portal Secad Artmed define a fobia social como “um dos transtornos mentais mais prevalentes na população geral. Devido ao longo período de isolamento social provocado pela pandemia de coronavírus, o número de casos do distúrbio tende a crescer substancialmente, e a explicação para o fenômeno é a disseminação dos fatores de risco da fobia social, como passar por eventos estressantes e a expansão da ansiedade e do nervosismo. Durante o confinamento, fatores como medo de contágio, morte de familiares pela doença, perda de emprego e incertezas sobre o futuro passaram a assustar uma grande parcela da população. Nesse contexto, pessoas com distúrbios prévios são as mais afetadas.”

A psicóloga Vitória Rassam diz que reações do tipo são normais após o que passamos, e conta como reduzir problemas relacionados à fobia social, com diferentes técnicas e métodos que se adequem melhor a cada paciente, as informações estão disponíveis gratuitamente em seu site.