Brasil é o 4° país em emissões de gases poluentes

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Wenderson Matheus (4º semestre)

A 26° Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 26), que aconteceu em Glasgow, na Escócia, de 31 de outubro a 12 de novembro, promoveu o encontro de mais de 100 países que negociaram novos compromissos para garantir a meta do Acordo de Paris de manter o aquecimento global em 1,5°.

O Brasil buscou argumentar que países desenvolvidos, como China, Estados Unidos e Rússia, poluíram mais o ambiente ao longo da história com foco em enriquecer. Com isso, esses países deverão pagar nações em desenvolvimento por proteger suas florestas. No entanto, o Brasil é um dos países que mais emitiu gases carbônicos e que mais poluiu o mundo, segundo pesquisa da Carbon Brief.

A pesquisa leva em consideração a primeira vez que houve desmatamento ao contabilizar a liberação do CO2, sendo assim, o Brasil é o 4° em emissões desde 1850. O top 5 dessa pesquisa é composto por Estados Unidos, China, Rússia, Brasil e Indonésia. A maior parte das emissões do Brasil e Indonésia vem de destruição das florestas e uso do solo para agricultura ou pecuária. Já os demais países do top 5, as emissões vêm da queima de combustíveis fósseis.

Um estudo conduzido pela Carbon Brief (um site dedicado à ciência e políticas de mudanças climáticas) também incluiu dados sobre emissões de queima de combustível fóssil, mudanças no uso do solo, desmatamento de 1850 a 2021 e produção de cimento. Pesquisas realizadas anteriormente contavam o cálculo das emissões de queima de combustível, mas, não incluía a poluição provocada com os desmatamentos.

Marcus Nakagawa, professor da ESPM e coordenador do Centro ESPM de Desenvolvimento Socioambiental (CEDS) comentou sobre a relação dos maiores emissores do mundo com o Brasil. “O Brasil é um país continental com muita área verde. As nossas maiores fontes de emissões de gases de efeito estufa são o manuseio do solo e o desmatamento, para fazer pastagens ou agricultura intensiva. Nos outros países o impacto é em cima da geração de energia por meio dos combustíveis fósseis. Já no Brasil temos a energia mais limpa, em função da sua geração via hidroelétricas. Porém, agora com a falta de chuvas tivemos que ligar também as nossas termoelétricas gerando mais gases de efeito estufa. Com o crescimento de todos os países na geração e consumo, a necessidade de energia aumenta fazendo com que se gaste mais combustível fóssil e, com isso, emitindo mais carbono. O que todos os países precisam é buscar um ponto de equilíbrio entre o desenvolvimento e as questões da sustentabilidade ambiental e social”.

Houve uma mudança da lista do top 20 dos maiores poluidores da história de uma pesquisa feita pela Carbon Brief em 2019. A pesquisa considerava apenas as emissões de queima de combustível e o top 5 eram: Estados Unidos, China, Rússia, Alemanha e o Reino Unido.

Nações ricas precisam contribuir com países pobres ou em desenvolvimento com US$ 100 bilhões por ano em ações para aliviar as mudanças climáticas. Se essas nações não contribuírem com esse valor por ano, elas não irão cumprir com os seus compromissos e podem ser multadas.

Os Estados Unidos, Reino Unido e a União Europeia buscam compromissos mais dinâmico de potências emergentes, como Brasil, Rússia, China e Índia com foco de controlar o desmatamento e reduzir as emissões.

O Brasil pode ser um dos países mais pressionados, por conta de seus desmatamentos e o crescimento das queimadas da Amazônia desde os primeiros três anos do governo Bolsonaro. A “briga” entre países ricos e de países em desenvolvimento torna a responsabilidade de cada país pelo aquecimento global, que será medida por suas emissões atuais e históricas.

“Sim, temos vários dados e pesquisas mostrando que as pessoas estão se importando com o meio ambiente. Por exemplo, uma pesquisa que realizei com a MindMiners, em julho de 2021, com mais de mil pessoas, mostra que 72% dos pesquisados se sentia responsável pelo impacto ambiental nas suas decisões. E que 57% dos consumidores já deixaram de comprar produtos de empresas que adotaram atitudes prejudiciais ao meio ambiente. Ou seja, a sociedade está atenta a estes pontos. No caso dos políticos também existem muitos deles que estão lá na COP 26, em Glasglow, discutindo sobre como podem melhorar as questões ambientais no nosso país”, afirma Nakagawa.