Entre brincadeiras e estudos, todo dia é dia da criança

A casa de 300 metros quadrados mais o terreno em volta é um lugar convidativo que todas as crianças são bem-vindas. Foto: Marina Bianchi

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Ângela e seu filho Victor lado a lado. Foto: Rodrigo Tucci

O que seria de uma cidade, de um bairro ou de uma família sem crianças por perto? Embora haja um dia do ano especialmente dedicado a elas, 12 de outubro, felizmente, as crianças estão em todos os lugares o tempo todo. A Vila Mariana também acolhe esses pequenos que recebem atenção dos pais e de empresários da região.

 

Na semana dedicada às crianças, pais compartilham a experiência de criar filhos negociando os compromissos dos pequenos com os estudos e com o uso de tecnologias

Futebol, videogame, piscina e esconde-esconde. Essas são algumas das atividades por que as crianças da Vila Mariana se interessam. Com o Dia das Crianças, 12 de outubro, é hora de conhecer um pouco do funcionamento desse universo no bairro.

Como principal atividade dos pequenos está o já consagrado videogame. O que muda é a forma como cada família administra o relacionamento dos filhos com essa tecnologia.

Victor

Victor Pizzi, de 12 anos, estuda pela manhã, mas está livre durante as tardes. Para sua mãe, Ângela Pizzi, 41, por morar em casa, ele é um garoto calmo. “O Vitinho é um garoto muito tranquilo, mas nunca trouxe amigos para casa, e raramente sai para jogar bola com outros meninos.”

“Acho que é por causa da nossa casa, que não tem tanto espaço externo. Ele gosta muito de videogame e tecnologia e, como tem as notas sempre muito boas, eu o deixo à vontade para decidir o que prefere fazer durante o tempo livre”.

Matheus

Na casa de Matheus Nogueira, de 9 anos, a história é um pouco diferente. Como o garoto estuda pela manhã e faz aulas de futebol durante a tarde, quando volta da escola, faz as tarefas de casa.

Laís e Marcelo, os pais, ao lado do filho Marcello. Foto: Rodrigo Tucci

Sua mãe, Cláudia, diz que tudo corre bem. “O Matheus se diverte bastante no prédio também. Sempre após as obrigações, ele gosta de ir para o playground. Gosta muito de jogar futebol, brincar de esconde-esconde e, é claro, do videogame”.

Sobre a frequência do uso do videogame, ela é  decidida. “Está liberado durante a semana, mas o Matheus já sabe: as notas dele precisam estar sempre acima da média”, completa Claúdia.

Marcello

Na casa da família Andrezzo, o videogame é liberado aos finais de semana para o pequeno Marcello, de 7 anos, desde que não haja obrigações. Laís, a mãe, explica que durante a semana as prioridades devem ser outras.

“A semana dele é bem puxada. Ele faz natação pela manhã, aqui no prédio, vai para a escola à tarde e retorna no começo da noite. Ele faz as lições e às vezes desce para brincar com os amigos. Quando volta, está sempre cansado, nem liga tanto para o videogame”, diz.

Rodrigo Tucci (2° semestre)

 

“Aqui, todo dia é dia da criança”, conta proprietária da brinquedoteca recém inaugurada na rua França Pinto

“Corre cotia na casa da tia, corre cipó na casa da vó”. No sábado, dia 27 de setembro, foi inaugurada, na Rua França Pinto, a brinquedoteca Quintal da Vovó. O principal objetivo do espaço é resgatar aquela infância em que as crianças podiam brincar na rua, ir pra casa das suas avós, fazer bolos, melecas e artimanhas.

A casa de 300 metros quadrados, mais o terreno em volta, são lugares convidativos onde as crianças são bem-vindas. Foto: Marina Bianchi

Isis Freire Rosa, proprietária do espaço, diz que, hoje em dia, a maioria das avós mora em apartamentos e não têm um grande espaço para acolher os netos. “Aqui é o quintal de todas as vovós que moram em apartamento, essa é a principal ideia. A criança faz aqui tudo que ela não pode fazer em casa. Não tem nada nessa casa que não pode ser tocado por uma criança”, afirma.

Depois de morar 11 anos nos Estados Unidos, Isis percebeu que lá as opções de lugares onde as crianças podem ir são mais diversificadas do que em São Paulo. A partir disso, começou a amadurecer a ideia de abrir a brinquedoteca.

A proprietária afirma que existem alguns espaços parecidos com o Quintal da Vovó, mas estão em Pinheiros ou no Alto da Lapa. “A Vila Mariana estava precisando disso aqui. Há uma escassez de lugares para crianças; elas sempre serão bem-vindas aqui, podem chegar a hora que quiserem”.

Mães da Vila

Valéria de Almeida foi uma das mães do bairro que se interessou pelo projeto. Ela avalia ser importante dividir o horário entre escola e outra atividade que não seja em casa. “Minha filha precisa ter um espaço para desenvolver outras habilidades como música e dança. Até mesmo o fato de tirá-la de dentro de casa para conhecer outras crianças, socializar-se; é uma complementação da escola”.

Assim como Isis, Valéria concorda que estava faltando na região um lugar para as crianças. “O bairro aqui é extremamente residencial, pelo menos esse trecho. Tem comércio, mas também tem muito prédio e muita criança. A gente aqui tem a opção do Parque Ibirapuera, que é próximo, mas nem sempre você pode levar a criança ao parque”, comenta.

Apenas crianças pequenas, entre 0 a 6 anos, podem participar das brincadeiras na nova brinquedoteca do bairro. Algumas das atividades são: contar histórias, aprender música, assistir teatro de fantoche, fazer pintura a dedo e aulas de ballet.

Não precisa fazer agendamento prévio para as aulas. Em relação aos preços, para brincar na casa livremente, a hora sai por R$ 15. Se ficar quatro horas, ganha 25% de desconto. Cada aulinha sai por R$ 40.

Para o dia 12 de outubro, não há uma programação especial para os pequenos. Isis afirma que no Quintal da Vovó todo dia é dia da criança.

Marina Bianchi (2° semestre)

 Serviço

Quintal da Vovo: Espaco de Lazer

Endereço: Rua Franca Pinto, 515, Vila Mariana